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30/06/2016



Mestrado em Química na UFRR luta contra falta de recursos e distância dos grandes centros


Programa criado em 2006 formou perto de 35 mestres e vem abastecendo o mercado de trabalho local

Boa Vista, em Roraima, é a única capital brasileira ao norte da Linha do Equador. Tem aproximadamente 500 mil habitantes e repousa à margem do rio Branco, a cerca de 700 km de Manaus, a grande cidade mais próxima. Tem um vôo diário para Brasília e São Paulo, e opções para Manaus e Campinas. Longe dos grandes centros econômicos, indústrias e pólos de pesquisa e tecnologia, um grupo de abnegados químicos tem se esforçado para superar os desafios impostos pela geografia ao programa de pós-graduação em Química da Universidade Federal de Roraima.

"O estado de Roraima fica distante dos grandes centros o que dificulta a interação com grupos de pesquisas consolidados. Além disso, o custo das pesquisas nesta região chega a ser quatro vezes maior do que os grandes centros", avalia o professor Luiz Antonio Costa, que orienta três mestrandos atualmente.

A professora Simone Silva, no Laboratório de Bioinorgânica Ambiental. Ela organiza rifas para ajudar alunos a participarem de eventos científicos

Simone Rodrigues Silva, doutora em química bioinorgânica, aguarda a seleção de novos alunos que será realizada entre julho e agosto. Ela dá aulas de química inorgânica, coordena o Laboratório de Química Bioinorgânica Ambiental, mas ainda não tem orientandos. "Sou a primeira professora de Inorgânica no PPGQ. É uma coisa nova. Espero que apareçam interessados, e enquanto isso, sigo lecionando", contou. Simone é uma entre as quatro representantes do estado na última RASBQ. "É fundamental que aumentemos a participação de alunos e docentes nos eventos científicos da SBQ. Não é fácil, porque nossos alunos não têm poder aquisitivo forte e nosso custo é alto. Já começamos, por meio de rifas, a arrecadação de fundos para participarmos da IUPAC 2017, em São Paulo", explica a professora.

Para a professora Cléria Mendonça de Moraes, especializada em Química dos Produtos Naturais, um outro desafio do Programa é consolidar uma "cultura científica" na região. "Precisamos inserir mais alunos na pesquisa. Hoje eu percebo que muitos, mesmo na graduação, tem que se virar com até dois empregos. E aí não terão tempo para aprofundar-se na ciência", observa. "É por isso que sempre que vem um cientista de fora os alunos se sentem estimulados. O intercâmbio é fundamental para nós."

Recentemente, pelo menos dois convidados estrangeiros ministraram cursos e palestras promovidos pelo PPGQ da UFRR: Phillipe Bulet, da Joseph University, na França, proferiu palestras intituladas: "Mass spectrometry as a pertinent techinology to discover bioactivemolecules from biodiversity" e "Mass spectrometry imaging as a tool in clinics"; e Baudouin Dillmann da University of Navarra, no Canadá, ministrou o curso "Desenvolvimentos do Instrumento de Ressonância Magnética".

Fundado em 2006, o Programa oferece mestrado nas áreas de Química Ambiental e Química de Produtos Naturais, e tem nota 3 da Capes. A cada ano abre 10 vagas, atualmente conta com 12 mestrandos e já formou aproximadamente 35 químicos. As linhas de pesquisa em desenvolvimento estão ligadas ao isolamento, caracterização e síntese de produtos naturais, e análise traços em matrizes ambientais e instrumentação e automação em química analítica.

Os alunos são basicamente oriundos da Universidade Federal de Roraima e Universidade Estadual de Roraima. Há também alunos peruanos, venezuelanos e hondurenhos, fruto de uma política de internacionalização na Amazônia Legal e Caribe.

Depois de formados mestres, a maioria dos alunos tem buscado colocações em Roraima mesmo, como informa o coordenador do curso, Professor Habdel Nasser. "Os egressos estão atuando como professores rede de ensino do Estado de Roraima, fazendo parte de grupos de pesquisas, nos seus respectivos cursos de doutorado, no Laboratório Central de Saúde Pública, no Governo do Estado de Roraima e na Prefeitura de Boa Vista, ou desenvolvendo pesquisas vinculadas aos projetos de doutorado em instituições como IQ/UNICAMP, IQ/UFMG e Rede Bionorte."

Na visão de Habdel, o Programa tem pontos fortes e aspectos a serem melhorados. "Entre os pontos fortes, destaco a diversidade natural e intercultural da região, o empenho de alunos e profissionais, a absorção dos egressos pelo mercado de trabalho." No quesito de pontos a melhorar, o coordenador enfatiza a necessidade da maior produção acadêmica, participação em eventos científicos e a aquisição de equipamentos.

Artigos representativos produzidos por alunos nas diferentes linhas de pesquisa do programa:

“Color, Phenolic, Flavonoid Content and Antioxidant Activity in Honey From Roraima in Brazil”, J.A. Costa, L.A.M.A. da Costa, S.J.R. Silva, A. Flach, Ciência e Tecnologia de Alimentos (Online), 2014,  34, 69-73.

“Application of exploratory data analysis for the characterization of tubular wells of the North of Brazil”, F. Panero, H. da Silva, H.E.B. Silva, Microchemical Journal 2008, 88, 194-200.

“Characterization and use of in natura and calcined rice husks for biosorption of heavy metals ions from aqueous effluents”, M.G.A. Vieira, A.F. de Almeida Neto, M.G.C. da Silva, C.C. Nóbrega, A.A. Melo Filho, Brazilian Journal of Chemical Engineering 2012, 29, 619-634.

Site do PPGQ-UFRR


Texto: Mario Henrique Viana, assessor de imprensa da SBQ








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