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08/12/2016



Boa Química garante a qualidade da cerveja em Juiz de Fora


Em parceria com cervejarias artesanais grupo de pesquisa desenvolve laboratório portátil para seis tipos de análise da bebida

O químico Luiz Fernando Cappa de Oliveira é um apaixonado pela ciência e um apreciador de cervejas. Ele chegou a Juiz de Fora em 1995 para lecionar no departamento da Química da UFJF, e foi um dos docentes a estruturar o Programa de Pós-Graduação em Química (hoje conceito CAPES 5), onde lidera o Núcleo de Espectroscopia e Estrutura Molecular (Neem). Quando degusta sua preferida cerveja de trigo – a cidade tem dezenas de cervejarias artesanais, que produzem os mais variados tipos da bebida –, o faz com a certeza de que está consumindo produto de boa qualidade. A garantia é fruto do trabalho de sua equipe, que desenvolveu, em parceria com produtores, um kit composto por um simples e eficiente laboratório portátil com seis tipos de análise de cervejas. "Os produtores podem saber exatamente a composição e chegar à qualidade ideal para cada tipo de cerveja", explica o Professor.

Professor Luiz Fernando Cappa de Oliveira (de óculos escuros), com seu grupo do Neem

Desde 2003, quando voltou do pós-doutorado em Bradford, na Inglaterra, o Professor Luiz Fernando titulou 15 mestres, 10 doutores e oito pós-doutores na área de Espectroscopia Molecular. Hoje seu grupo conta com um mestrando, dois doutorandos, oito alunos de iniciação científica e dois alunos de pós-doc. "Em termos profissionais, meu maior prazer é olhar o caminho percorrido. Quando cheguei aqui em 1995, ganhei uma caixa de giz e votos de boa sorte. Hoje, quando contratamos um novo orientador, podemos oferecer uma estrutura completa que permita o desenvolvendo da boa ciência. Isso foi conseguido com o esforço de muitas pessoas, e é muito gratificante", conta o Professor.

Que o diga Giovanni Wilson Amarante, jovem orientador especializado em síntese orgânica, que voltou em 2010 à instituição onde se graduou, depois de concluir o pós-doc em Berkeley (EUA) e trabalhar com o Professor Luiz Carlos Dias, no LQOS/Unicamp. "Tenho tido apoio do Programa, sobretudo na disponibilidade e manutenção dos equipamentos utilizados. Assim, meu grupo de pesquisa vem crescendo e produzindo", afirma.

Professor Giovanni Wilson Amarante, com seu grupo de pesquisa em síntese orgânica e organocatálise: criatividade contra a crise

Atualmente o professor Giovanni lidera cinco doutorandos, três mestrandos, cinco alunos de iniciação científica e dois pós-doutorandos em pesquisas relacionadas ao desenvolvimento e aplicação de novas metodologias em síntese orgânica e organocatálise. "Temos conseguido uma média de cinco publicações anuais, algumas nos extratos A1 e A2 da CAPES", conta o Professor, que é tesoureiro da Divisão de Química Orgânica da SBQ.

Ele explica que diante da acentuada escassez de recursos, tem buscado soluções criativas com seus alunos para que as pesquisas não sejam prejudicadas. "Desde o ano passado temos nos debruçado sobre a lista de reagentes ociosos no laboratório e buscado criar estratégias baseadas neste arquivo."

Professora Flávia Cavalieri Machado, coordenadora do PPGQ UFJF: "Ainda não sabemos quanto será nosso orçamento para 2017."

"Ainda não sabemos quanto será nosso orçamento para 2017", afirma a coordenadora do Programa, Professora Flávia Cavalieri Machado. "Estamos aguardando para ver o que irá acontecer."

Leia íntegra da entrevista concedida pela coordenadora do Programa, Professora Flávia Cavalieri Machado:

Quando foi criada PG em química da UFJF?
O PPG-Química/UFJF foi criado em 2001 no nível de Mestrado e em 2006 o programa de Doutorado foi aprovado.

Quais os cursos disponíveis? Como é o processo de seleção?
Mestrado e Doutorado. O processo de seleção do mestrado é feito através de uma prova de Conhecimentos Gerais em Química e o de doutorado através de apresentação de um projeto de pesquisa, além de entrevista com o candidato.

Quantas vagas são abertas anualmente?
Não temos um número de vagas fixo, a quantidade varia de acordo com a disponibilidade dos orientadores. Em média temos oferecido em torno de 25 vagas para o Mestrado e 15 para o Doutorado por semestre.

Quantas são preenchidas? Quantos alunos existem hoje?
Em média são preenchidas 50% das vagas. Hoje temos 42 alunos de mestrado e 56 alunos de Doutorado.

Quantos foram formados até hoje?
145 Mestres e 50 Doutores.

Qual o destino dos egressos?
Egressos do Mestrado: A maioria ingressa em algum curso de Doutorado seja na nossa instituição ou em outras do país.
Egressos do Doutorado: 46% são docentes em IES (Federais, Estaduais e Particulares); 2% são técnicos em IES(Federal); 5% trabalham em empresas privadas; 5% são docentes do Ensino médio; 20% são bolsistas Pós-doutorado; 22% outros.

Quantas publicações foram geradas até hoje? E patentes?
Em torno de 1.500 publicações em revistas indexadas, levando em consideração as produções dos orientadores com seus alunos e demais publicações. Não temos patentes concedidas, apenas depositadas e são poucas. Nos últimos 12 meses tivemos em torno de 100 publicações.

Quantos e quais laboratórios?
O programa conta com 18 laboratórios de pesquisa, sendo quatro de Química Orgânica, cinco de Química Inorgânica, três de Química Analítica, quatro de Físico-Química Experimental e dois de Química Computacional.

Existem quatro grandes laboratórios multiusuários de instrumentação:

1) Laboratório de RMN: O laboratório de RMN é bastante moderno e possui um equipamento Bruker 500 MHz para medidas em solução e um Bruker 300 MHz para medidas em estado sólido, ambos multinucleares. Vale citar que pouquíssimos departamentos de Química no Brasil estão contando com um equipamento de RMN integralmente dedicado ao estado sólido.

2) Laboratório de Espectroscopia Vibracional: O laboratório de espectroscopia possui 2 (dois) espectrômetros Raman (um com excitação no visível e outro no infravermelho próximo), um Espectrômetro de absorção na região do infravermelho com microscópio acoplado e cela de ATR, e sistema de reflexão para sólidos na região do UV, visível e infravermelho próximo ( de 250 a 1800 nm).

3) Laboratório de Cristalografia: O Laboratório de cristalografia conta com um Difratômetro Bruker D8 Advance Davinci de policristais. Em 2015 foi instalado e entrou em pleno funcionamento o Difratômetro Agilent SuperNova de monocristal adquirido com projeto CTinfra 2011.

4) Laboratório de Microestrutura de Alimentos: conta com um microscópio eletrônico de varredura de bancada Hitachi TM3000, com acessório para Espectroscopia de energia dispersiva de raios-X, um analisador de tamanho de partículas dinâmico LDS da Coulter, e um homogenizador emulsificante (pressão máxima de 1000 bar) e um analisador de umidade Sartorius.

Além dos laboratórios experimentais, contamos ainda com dois grupos de pesquisa em Química computacional, com diferentes ênfases: um desenvolvendo estudos de estrutura eletrônica em fase gasosa, de diferentes sistemas químicos de interesse, e outro envolvendo pesquisas de sólidos e interfaces, com cálculos quânticos de alto nível para catalisadores e outros sistemas de interesse tecnológico.

A Central Analítica do Departamento de Química da UFJF possui também os seguintes equipamentos:

- Equipamento CG/MS - Shimadzu
- Cromatógrafo a gás - Shimadzu
- Espectrômetro de Absorção Atômica com forno de grafite - Thermo
- Sistema de Análise Térmica (TG/DTA e DSC) – Shimadzu
- Espectrômetro na região do infravermelho Bruker de 400 a 4000 cm-1.
Além da Central analítica existem seis salas pequenas de instrumentação.

Quais as principais linhas de pesquisa em andamento?
Atualmente temos 15 linhas de pesquisa ativas no programa, que englobam boa parte dos principais temas de pesquisa da área de Química: bioinorgânica, catálise, eletroanalítica, espectrometria atômica, espectroscopia molecular, estratégias de formação inicial e contínua para licenciandos e professores do ensino básico, físico-química de sólidos e interfaces, fitoquímica e química sintética de produtos naturais, métodos de separação, química analítica ambiental, química computacional, química de materiais, química inorgânica supramolecular, quimiometria, síntese de moléculas bioativas.

Quais os principais desafios enfrentados atualmente?
A falta de financiamento por parte dos órgãos de fomento e o engessamento do sistema, tanto da universidade quanto da CAPES, tornando difícil a gestão financeira. Podemos dizer que o grande entrave hoje diz respeito à falta de verba para manutenção de equipamentos; nos últimos anos, o Programa de PG em Química da UFJF recebeu um investimento significativo em termos de instrumentação, e o grande desafio hoje consiste em conseguir algum tipo de financiamento para a manutenção de tais equipamentos.

Qual a vocação da química na região?
Juiz de Fora, sempre foi muito conhecida pela indústria de têxteis (a "Manchester" brasileira); entretanto, hoje tais indústrias não estão mais na cidade. Existe no parque industrial um pouco de tudo: indústria de automóveis (e todas as industrias de suporte), de medicamentos, de alimentos, etc. Mas o principal mercado para profissionais da área de Química tem sido mesmo o setor de Ensino, que apresenta uma falta significativa de profissionais capacitados (licenciados) para suprir o mercado.

Qual o perfil dos alunos?
Na sua maioria, os alunos são da cidade ou da região da Zona da Mata mineira, egressos de nosso curso de graduação (bacharéis, e uns poucos licenciados). Na sua maioria, treinados em pesquisa, praticamente todos oriundos de programas de iniciação científica, fator importante para garantia de um mínimo de qualidade dos trabalhos desenvolvidos como dissertações dentro do Programa.

Os alunos e orientadores costumam participar de eventos regionais ou nacionais científicos, da SBQ por exemplo?
Sim. Tanto a reunião anual da Sociedade, como também do encontro regional da SBQ-MG, também realizado anualmente. Temos um número significativo de alunos sócios da SBQ.

Quais os pontos fortes do Programa?
Como um dos principais aspectos positivos de nosso Programa, podemos citar os projetos que são desenvolvidos em colaboração com os próprios colegas do Departamento: um número significativo de trabalhos tem sido desenvolvido através dessas colaborações.

Outro aspecto importante diz respeito à internacionalização, com variados projetos individuais que envolvem a participação de alunos do programa em estágios no exterior; isso se traduz em um número significativo de publicações envolvendo colegas de Universidades e centros de pesquisas no exterior.

Por fim, uma visão coletiva por parte da Coordenação do Programa e de seus pesquisadores, no sentido de privilegiar em termos de investimentos, nos últimos anos, nos laboratórios e grupos de pesquisa produtivos, em termos do estabelecimento de condições de trabalho de excelência para o desenvolvimento dos projetos dos alunos.

Outro ponto positivo diz respeito ao fato de que todos os alunos (todos, sem exceção) são os responsáveis pela obtenção dos dados dos variados instrumentos de caracterização, pois a nossa Universidade não tem o cargo de técnico de nível superior, e então não temos tais profissionais para se responsabilizarem pelo uso e gestão de equipamentos nos laboratórios de pesquisa.

Um fator importante que tem marcado nosso Programa é a possibilidade de participação dos colegas do Departamento de Química no mesmo. Tal participação não exige a necessidade de que o colega seja um pesquisador reconhecido pelos seus pares, como é em um número expressivo de outros programas na Química, e assim permitir que os variados colegas possam contribuir dentro de suas possibilidades com a pós-graduação. Isso tem pontos positivos e pontos negativos: de positivo, permite que tenhamos um numero maior de orientadores no programa, e uma maior diversificação das linhas de pesquisa oferecidas aos alunos ingressantes; permite também a participação da área de Ensino dentro do programa. Como ponto a ser questionado, os critérios de avaliação para credenciamento e recredenciamento são bastante leves, de modo a permitir que colegas com produção científica inferior à média nacional continuem contribuindo dentro de suas possibilidades com o Programa.


Cinco artigos relevantes

“Azlactone Reaction Developments”, P.P. De Castro, A.G. Carpanez, G.W. Amarante, Chemistry - A European Journal 2016, 22, 10294-10318.

“Theoretical Proposal for the Whole Phosphate Diester Hydrolysis Mechanism Promoted by a Catalytic Promiscuous Dinuclear Copper(II) Complex”, L.F. Esteves, N.A. Rey, H.F. Dos Santos, L.A.S. Costa, Inorganic Chemistry 2016, 55, 2806-2818.

“Analysis of Spreadable Cheese by Raman Spectroscopy and Chemometric Tools”, K.S. Oliveira, L.S. Callegaro, R. Stephani, M.R. Almeida, L.F.C. Oliveira, Food Chemistry 2016, 194, 441-446.

“Capillary zone electrophoresis for fatty acids with chemometrics for the determination of milk adulteration by whey addition”, T.O. Mendes, B.L.S. Porto, M.J.V. Bell, I.T. Perrone, M.A.L. Oliveira, Food Chemistry 2016, 213, 647-653.

“Energy Transfer Process in Highly Photoluminescent Binuclear Hydrocinnamate of Europium, Terbium and Gadolinium Containing 1,10-phenanthroline as Ancillary Ligand”, L.F. Marques, A. Cuin, G.S.G. Carvalho, M.V. Santos, S.J.L. Ribeiro, F.C. Machado, Inorganica Chimica Acta 2016, 441, 67-77.


Prêmios conquistados recentemente:

Prêmio Destaque em Pesquisa 2013, Sociedade Brasileira de Química - Regional MG: Professor Luiz Fernando Cappa de Oliveira.


Para saber mais:
http://www.ufjf.br/pgquimica/
http://www.ufjf.br/neem/
http://www.ufjf.br/gpms/


Texto: Mario Henrique Viana (Assessoria de Imprensa da SBQ)








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