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4/3/2011
Nota de Falecimento
Ciência brasileira perde Alcídio Abrão
Comunicamos, com pesar, o falecimento ocorrido no dia 3 de março, em São Paulo, do pesquisador Alcídio Abrão. Líder científico da equipe que dominou a tecnologia de fabricação do hexafluoreto de urânio, Abrão foi um dos primeiros pesquisadores do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN). O velório será realizado a partir das 18 horas, no Cemitério do Araçá (Av. Doutor Arnaldo, 666), onde ocorre o sepultamento, dia 4, às 10 horas.
Alcídio Abrão orientou uma geração de pesquisadores. Foi um dos fundadores da pós-graduação do IPEN-USP e orientador da primeira defesa realizada na instituição. Participou de bancas examinadoras de mestrado e doutorado, tendo uma vasta produção científica, com mais de 180 trabalhos publicados, além de livros e capítulos de livros. Recebeu homenagens e distinções de instituições no país e no exterior, entre elas o Diploma de Honra ao Mérito e a Medalha Carneiro Felipe, pela Comissão Nacional de Energia Nuclear; a Medalha Mérito Tamandaré, pelo Ministério da Marinha; e o diploma "honor al merito universitario", pela Universidad Nacional de Assunción, Paraguai. Tornou-se em 1996 Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico - Área Tecnológica. Em 2000, foi homenageado como Pesquisador Emérito do IPEN. O pesquisador manteve suas atividades no Centro de Química e Meio Ambiente do instituto até o ano de 2010, quando se afastou momentaneamente da pesquisa por motivos de saúde. Ele desenvolvia estudos para a área de células a combustível e hidrogênio, tecnologia para obtenção de energia de forma sustentável e com maior eficiência.
Carreira
Paulista de São José da Bela Vista, Alcídio Abrão tinha 85 anos. Bacharel em Química pela Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras da USP, em 1951, licenciado em Química pela mesma Faculdade e especialização em Química Tecnológica Orgânica e Inorgânica pela escola Politécnica da USP em 1950. Obteve o título de doutor em Ciências em 1971, com distinção, pelo Instituto de Química da USP, com a tese “Estudo do Comportamento de Extração de Vários Elementos por Aminas de Cadeias Longas na Presença de Tioureia como Agente Complexante”. De 1952 a 1957 trabalhou nas Indústrias Químicas Orquima S.A., como pesquisador. Atuou na produção em escala piloto de elementos de terras raras; pesquisa e produção de óxido de európio para uso nuclear; métodos analíticos para determinação de európio; estudo de processos para aproveitamento de terras raras, tório, urânio, lítio, tântalo, tungstênio e nióbio em minérios; desenvolvimento de métodos para a determinação de lítio em ambligonita e em compostos de lítio preparados industrialmente no país. Trabalhou na Divisão de Radioquímica do IPEN de 1957 a 1965. De 1965 a 1985 foi chefe do Centro de Engenharia Química, e Diretor de Materiais e Ciclo do Combustível entre 1985 e 1991.
Foi membro de associações científicas nacionais e internacionais, dentre elas a SBPC e a Associação Brasileira de Química, membro titular da Academia de Ciências do Estado de São Paulo, sócio fundador (No. 00014) da Sociedade Brasileira de Química (SBQ) e sócio da American Chemical Society (ACS) e da American Nuclear Society (ANS).
Fonte: Lilian Bueno - IPEN
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