31/07/2014 
                   
                   
  
  
   
	 
Brasil terá primeiro centro de tecnologia em nanotubos
 
 
 
Parceria de R$ 36,2 milhões envolve UFMG, Petrobras e BNDES para produzir o material em escala industrial 
  
 
No Brasil, a inovação tecnológica está onde sempre esteve: atolada no lodaçal burocrático que impede uma montanha de empresas de ir até a academia. Não em Belo Horizonte, porém: até o final deste mês deverá ser lançado oficialmente o Centro de Tecnologia em Nanotubos de Carbono (CTNanotubos).
  
 
A parceria de R$ 36,2 milhões reúne UFMG, BNDES, Petrobras e o grupo Camargo Corrêa para fazer o paÃs lucrar com nanotecnologia.
  
 
Muito resistente e com propriedades elétricas e térmicas peculiares, os nanotubos já tiveram quase 200 aplicações mapeadas, em duas dezenas de setores industriais.
 
  
Em 2000, o laboratório do fÃsico Luiz Orlando Ladeira na UFMG foi o pioneiro, no Brasil, na produção regular desse material, que foi descoberto em 1991.
  
 
Da eletrônica à biotecnologia, muita gente experimenta com os tubinhos. Eles se parecem com uma tela de galinheiro enrolada e têm diâmetro de poucos nanômetros (milionésimos de milÃmetro, o que significa que um fio de cabelo é cerca de 100 mil vezes mais espesso que eles).
  
 
SEDE PROVISÓRIA 
O centro já existe, na verdade. Funciona provisoriamente numa antiga cocheira da PolÃcia Militar mineira e conta com nove pedidos de patentes.
  
 
Agora foram concluÃdas as complicadas negociações --que duraram dois anos-- para definir as participações de cada parceiro no investimento e nos direitos de propriedade intelectual sobre eventuais produtos e aplicações.
 
  
O BNDES entrou com R$ 18 milhões, a Petrobras, com R$ 15 milhões, e a InterCement (Camargo Corrêa) com R$ 3,2 milhões. O dinheiro servirá para erguer o prédio de 2.500 m² que o centro terá no Parque Tecnológico de Belo Horizonte, o BH-Tec.
  
 
"A ligação entre átomos de carbono é a mais forte da natureza", explica o fÃsico Marcos Pimenta, que, ao lado de Ladeira e da quÃmica Glaura Goulart Silva, está tirando o CTNanotubos do papel.
  
 
Essas ligações tornam as formas cristalinas do carbono (diamantes e grafites) os materiais mais duros da natureza. E, também, os que têm o mais alto ponto de fusão, 4.100°C, e por isso os cadinhos em que se derretem metais são fabricados com grafite --outro arranjo natural do carbono, o mesmo que se encontra no miolo dos lápis de escrever.
  
 
CIMENTO E COLA 
Uma das parcerias empresariais do grupo da UFMG foi feita com a Petrobras. A ideia era usar os nanotubos como aditivos para melhorar o desempenho de materiais compósitos e dispositivos usados pela indústria do petróleo em condições extremas.
  
 
Uma peça fundamental de uma plataforma marÃtima, por exemplo, é o chamado enrijecedor de curvatura. Ele conecta dutos vindos do fundo do mar à instalação flutuante, portanto móvel.
  
 
O enrijecedor tem de ser ao mesmo tempo rÃgido e flexÃvel. Para obter esse efeito, o centro desenvolve um polÃmero (plástico) "batizado" com nanotubos, que agrega à mistura sua alta resistência.
 
  
Outra linha de pesquisa são adesivos do tipo epóxi. Adicionando nanotubos, é possÃvel aumentar sua resistência ao calor, o que os torna excelentes para garantir as emendas de tubulações que trabalham sob altas temperaturas.
  
 
O outro acordo de pesquisa aplicada da turma da UFMG foi com a InterCement. O truque foi fazer crescer nanotubos, que precisam de calor e catalisadores para fazer o carbono assumir a forma desejada, diretamente sobre os grãos de silicato que formam a base do cimento.
  
 
O conceito aqui é aumentar a resistência do concreto ao termoestresse, que resulta da alternância de calor e resfriamento e provoca fissuras no material.
  
 
Os testes indicam que o cimento nanoestruturado (já patenteado) pode multiplicar por cinco sua vida útil.
 
 
  
 
Fonte: Marcelo Leite/ Folha de São Paulo 
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cienciasaude/176426-brasil-tera-primeiro-centro-de-tecnologia-em-nanotubos.shtml 
 
 
 
 
 
 
 
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