04/09/2014
Cientistas desenvolvem kits didáticos para estimular educação cientÃfica
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(da esquerda para a direita): Beatriz Barbuy (IAG-USP), Henrique Toma (IQ -USP), Moysés Nussenzveig (IF– UFRJ), Mayana Zatz (IB–USP), Eliana Dessen (IB– USP), Eduardo Colli (IME– USP), Vanderlei Bagnato (IF–USP) |
O Ministério da Educação (MEC) deve começar a distribuir, a partir de 2015, kits didáticos à s escolas públicas do ensino médio na tentativa de estimular a educação cientÃfica em sala de aula. Inicialmente, os kits atendem à s áreas de biologia, fÃsica, matemática e quÃmica.
Os aparelhos, como microscópios disponÃveis em kit de Biologia para estudar organismos vivos, foram desenvolvidos por uma equipe de cientistas das áreas de fÃsica, quÃmica, biologia e matemática da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que criaram um projeto piloto para produção de kits didáticos. Todos os kits possuem patentes e propriedade intelectual para evitar que sejam copiados por outros paÃses.
Um dos responsáveis pelo projeto, o fÃsico Vanderlei Bagnato, professor titular do Instituto de FÃsica de São Carlos (IFSC), da USP, disse que foi fechado um acordo com o MEC para o fornecimento de pelo menos 1 milhão de kits que devem ser distribuÃdos em 22 mil escolas do ensino médio, pelo menos. A intenção é que os kits sejam utilizados em experimentos cientÃficos, em sala de aula, ou laboratórios que devem ser montados por cada instituição.
O setor jurÃdico do MEC confirma o acordo. Segundo fontes da área jurÃdica do Ministério, a negociação encontra-se em fase de tramitação na USP desde julho último. A previsão é de que o material comece a ser distribuÃdo a partir do próximo ano para atender o ano letivo de 2015, na tentativa de melhorar o ensino de ciência na educação básica. Preferiram, porém, não falar sobre o volume encomendado de kits.
Na avaliação de Bagnato, os kits são "autossuficientes" para o aprendizado dos alunos. Isso porque dão informações didáticas sobre as leis básicas de vários temas e liberdade para o aluno inovar e criar ideias baseados nos conceitos estipulados no material.
Os cientistas começam também a desenvolver kits das áreas de geologia e geofÃsica para o ensino fundamental, ainda sem acordo fechado com o MEC. No caso da geofÃsica, por exemplo, a ideia é levar conhecimento prático sobre o planeta terra mostrando como funcionam as zonas climáticas, por exemplo.
Equipe de cientistas
Além do fÃsico Vanderlei Bagnato do IFSC da USP, a equipe é formada pelo fÃsico Moyses Nussenzveig, professor aposentado do Instituto de FÃsica da UFRJ, e o fÃsico Carlos Henrique de Brito Cruz, do Instituto de FÃsica da Unicamp e diretor cientÃfico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Da USP, os cientistas são Beatriz Barbuy, do Instituto de Astronomia, as biólogas Mayana Zatz e Eliana Dessen; o quÃmico Henrique Toma; e o matemático Eduardo Colli.
A apresentação dos kits foi realizada por Bagnato em 19 de agosto, durante o II Encontro Regional de Membros Afiliados da Academia Brasileira de Ciências (ABC), na Universidade Presbiteriana Mackenzie, unidade de Higienópolis, em São Paulo (SP).
A iniciativa é considerada positiva por acadêmicos e cientistas. Na ocasião, o vice-presidente da ABC, Hernan Chaimovich, presente ao evento, defendeu a necessidade de escalonar a distribuição do projeto a fim de beneficiar todas as crianças brasileiras, superior a 22 milhões.
Por sua vez, Bagnato informou ao Jornal da Ciência que no acordo fechado com o MEC foi considerado todo o público do ensino médio de escolas públicas. Ou seja, todas escolas públicas devem receber os kits.
Bagnato acrescentou que a intenção é escalonar a produção de kits para atender a todas as escolas brasileiras do ensino médio e fundamental, fechando acordos também com escolas privadas. O custo de cada kit gira em torno de 100 reais.
Já o professor do Instituto de QuÃmica da USP, Guilherme Marson, que também participou do evento da ABC, disse que a apresentação dos kits em sala de aula aumenta o "poder de difusão" do conhecimento cientÃfico perante aos alunos. Defendeu, porém, a necessidade de formar os professores para que os frutos sejam colhidos em longo prazo. "O esforço dos kits aumenta o poder de difusão, mas é preciso formar os professores."
Para viabilizar a produção dos equipamentos, a equipe de cientistas criou um consórcio, inicialmente, com mais de 20 empresas especializadas, sob o guarda-chuva da Educar Inovação Tecnológica LTDA, alocada em São Carlos, interior de São Paulo.
Para atender às encomendas públicas, no caso do MEC, Bagnato adiantou que o órgão, porém, terá de fazer licitação.
Treinamento de professores
Conforme Bagnato, a preparação dos professores é um requisito para o uso dos kits em sala de aula. Nesse caso, informou, será montado um programa de educação à distância para o treinamento de professores. Inicialmente, serão treinados 22 mil docentes. "É um perigo mandar kits para escolas se os professores não sabem como usá-los", avaliou Bagnato.
O treinamento dos professores, disse Bagnato, recebeu o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de NÃvel Superior (Capes), pelo Pibid (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência). Esse programa foi criado pela Capes para o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para educação básica. Os experimentos cientÃficos também serão demonstrados em programas da TV Escola.
Teste nas escolas
Os kits passaram por testes em algumas escolas do PaÃs. Segundo Bagnato, foram entregues 6 mil kits a várias escolas do PaÃs, iniciativa que gerou 1,8 mil relatórios com sugestão de alunos, professores e etc. "Baseada nessas informações, a maioria dos kits já foi adequada."
Conforme o professor titular do IFSC, o desenvolvimento dos kits partiu da ideia de ressuscitar o chamado projeto Cientistas do Amanhã, da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento do Ensino de Ciências (Fundeb) que durou décadas. "Eram kits de ciência vendidos em bancas de jornal como gibis", recorda.
Fonte: Viviane Monteiro/ Jornal da Ciência
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