Brasileiros publicaram cerca de 14.400 estudos relacionados à cristalografia de 1990 a 2013
Mais de 100 pesquisadores provenientes de nove países da América Latina estiveram no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas, de 22 a 24 de setembro, para participar do Latin American Summit Meeting on Biological Crystallography and Complementary Methods, maior evento científico latino-americano do calendário de comemorações do Ano Internacional da Cristalografia (IYCr2-14).
Os pesquisadores participaram de debates sobre Cristalografia Biológica, área do conhecimento voltada ao estudo de cristais de proteínas para compreender processos biológicos, desvendar o surgimento e progressão de doenças e desenvolver novos fármacos.
De acordo com Marvin Hackert, presidente da União Internacional de Cristalografia (IUCr) e professor do Departamento de Química da University of Texas em Austin, nos Estados Unidos, o Brasil foi escolhido como sede do encontro por ser o país que realiza o maior número de pesquisas em cristalografia na América Latina. Estima-se que, nas últimas décadas, os cerca de 20 grupos de pesquisa no país tenham desvendado a estrutura de aproximadamente 400 macromoléculas.
Entre 1990 e 2013, brasileiros publicaram cerca de 14.400 estudos relacionados à cristalografia, segundo estimativa apresentada por Glaucius Oliva, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e professor do IFSC-USP, “O número de publicações de trabalhos nessa área no Brasil cresce exponencialmente”, afirmou Glaucius durante sua palestra.
Entre as razões apontadas para o crescimento está a inauguração, em 1997, do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), no CNPEM. A instituição é a única na América Latina com uma fonte de luz síncrotron – intensa radiação eletromagnética produzida por uma carga acelerada de elétrons, defletidos por um campo magnético em um acelerador de partículas (o síncrotron).
Lidia Brito, diretora Regional para a América Latina da Unesco, falou sobre a parceria da UNESCO com o IUCr para o Ano Internacional da Cristalografia e Antônio José Roque da Silva do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) apresentou a perspectiva de construção de um síncrotron de 4 ª geração (Sirus) em Campinas .
Nobel- Um dos destaques foi a palestra da ganhadora do Prêmio Nobel, Ada Yonath, que falou sobre pesquisas relacionadas com a estrutura do ribossomo. Em 2009, Ada Yonath dividiu o Nobel de Química com os colegas Venkatraman Ramakrishnan e Thomas Steitz por identificar a estrutura do ribossoma e a forma como ele é interrompido por antibióticos.
“A cristalografia envolve problemas multidisciplinares. Por isso, atrai pesquisadores de diferentes áreas, como a Química e a Física, para tentar juntos encontrar respostas para os problemas que nos apresentam”, disse Yonath para a Agência Fapesp, em Campinas.
O encontro foi promovido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e pela União Internacional de Cristalografia (IUCr).