Manutenção de condições estruturais favoráveis à pesquisa e imagem pública são pontos que merecem atenção do setor
Aconteceu na semana passada em Lima, no Peru, o 31º. Congresso Latino-Americano de Química, o CLAQ 2014. O mote do evento este ano foi “A América Latina unida por uma química sustentável”. A delegação brasileira foi composta por Adriano D. Andricopulo, presidente da SBQ, mais os ex-presidentes Vitor F. Ferreira, Vanderlan Bolzani, Paulo Cezar Vieira e Jailson Bittencourt de Andrade.
Por sugestão da SBQ, foi realizada a mesa redonda “Os principais desafios e oportunidades da Química na América Latina”, moderada por Adriano D. Andricopulo. A mesa reuniu os presidentes das sociedades químicas do Peru, Mario Ceroni Galloso, Chile, Eduardo Pereira, Porto Rico, Rebecca Soler Rodriguez, e Estados Unidos, Thomas J. Barton, e foi acompanhada por um auditório lotado. “Foi importante e gratificante ver reunidos presidentes de tantas sociedades de química”, afirmou Andricopulo ao Boletim da SBQ.
Os principais desafios levantados ainda são antigos conhecidos da comunidade química. “Um desafio é manter a infraestrutura da pesquisa atualizada no Brasil”, explica Jailson Bittencourt de Andrade, professor da UFBA e ex-presidente da SBQ. “Temos uma ótima massa crítica e boas faculdades de Química espalhadas por todas as regiões do país. O setor público ainda é o principal financiador da pesquisa no Brasil, e é preciso aumentar a participação do setor privado”, conta Jailson. Segundo ele, alguns programas de incentivos da indústria petroquímica poderiam servir de inspiração para outros setores produtivos, como o de mineração, ou o agrícola.
A preocupação com a imagem pública da Química também foi assunto de debate, segundo Jailson. “Nosso segundo grande desafio é obter um padrão de educação básica que consiga mostrar ao jovem que não é preciso ter medo da Química. Ao contrário, ela deve ser percebida como essencial que é à vida humana.”
Como oportunidades, Andricopulo cita os vários centros de fomento que existem no Brasil, como os Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids), da Fapesp; os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs), fruto de uma parceria entre o CNPq, Capes e várias Fundações de Amparo à Pesquisa Fapeam, Fapespa, Fapesp, Fapemig, Faperj e Fapesc, além do Ministério da Saúde e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O programa Ciência sem Fronteiras (CsF), criado a partir de esforços conjuntos dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC), por meio do CNPq e Capes.
Outro destaque foi a participação da delegação brasileira na Assembleia Geral da Federação Latino Americana de Química, a Flaq, que ocorreu concomitantemente com o CLAQ, onde foram discutidos vários temas de interesse mútuo das sociedades de química da América Latina e contou com a participação de alguns convidados, como os presidentes da IUPAC e da ACS. Ficou decidido que o próximo CLAQ, a ser realizado em 2016, será no Chile.
O presidente da SBQ destaca as conferências que foram ministradas por Jailson, “The relationship among fuel composition, vehicular emissions and atmospheric chemistry: Brazil a case of study”, e por Claudio Mota (UFRJ), “Química e sustentabilidade: uso de biomassa e CO2 como matéria-prima para a indústria química”, que ilustraram muito bem a alta qualidade e o estado da arte da pesquisa realizada no Brasil. Por fim, Paulo Cezar Vieira, juntamente com Bradley Miller da ACS, apresentou em uma sessão especial “Brasil – Estados Unidos”, o tema “Trends, opportunities and best practices in graduate chemistry study abroad”.
Para saber mais sobre a CLAQ 2014:
http://sqperu.org.pe/31-congreso-latinoamericano-quimica-2014/