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11/12/2014



SciELO anuncia medidas para internacionalização de periódicos científicos


 
  Novos critérios para indexação e permanência na coleção da SciELO Brasil têm metas para adequação dos periódicos a padrões internacionais (foto: Leandro Negro

Com o objetivo de contribuir para a internacionalização dos periódicos científicos produzidos no Brasil, a biblioteca eletrônica SciELO (sigla de Scientific Eletronic Library On Line), mantida pela FAPESP, anunciou novos critérios para indexação em sua plataforma.

O anúncio foi feito durante a 4ª Reunião Anual da SciELO, realizada no dia 2 de dezembro, na sede da FAPESP. De acordo com Abel Laerte Packer, diretor do programa SciELO, as medidas anunciadas devem levar a uma “progressiva reconfiguração dos periódicos do Brasil e das pesquisas que comunicam no contexto internacional da ciência”.

“A ciência é, por natureza, internacional. Um esforço que o Brasil vem fazendo em geral – e a FAPESP em particular – é o de dar visibilidade à pesquisa que o país faz, aumentando a colaboração internacional. E nisso os periódicos brasileiros deverão cumprir um papel importante, não só no fortalecimento da presença lá fora como também trazendo autores internacionais e artigos de bom nível para os periódicos do Brasil”, disse Packer à Agência FAPESP.

Os critérios servem para a indexação de novos periódicos e para a permanência dos que já compõem a coleção SciELO Brasil. Para Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, a internacionalização refletirá no impacto das publicações.

“É um esforço que, somado a outros, contribuirá para a inserção dos nossos pesquisadores no contexto internacional da ciência, aumentando sua competitividade. Nossa produção científica cresce consideravelmente e o desafio agora é aumentar seu impacto”, disse Brito Cruz durante a reunião.

As medidas anunciadas abrangem critérios relacionados com a gestão dos processos editoriais, a afiliação dos autores dos artigos e o idioma de publicação, com prazos definidos por área do conhecimento.

A implementação das medidas será avaliada com base em indicadores relacionados à evolução da porcentagem de artigos publicados em inglês e de autores com afiliação estrangeira, além do aumento da proporção de pesquisadores de outros países que exerçam as funções de editores associados e pareceristas.

Também será avaliado o número de downloads originários do Brasil e do exterior, a quantidade de citações por artigos concedidas por autores estrangeiros, tendo o SciELO Citation Index como fonte de referência de cálculo, e a evolução da presença nas redes sociais, com base no índice da Altmetric.com.

Metas por áreas

Os valores de referência utilizados na avaliação da internacionalização dos periódicos foram definidos pelo Comitê Consultivo da SciELO, divididos por áreas temáticas, e sua adoção tem diferentes prazos, variando de um a cinco anos.

“Cada área tem suas idiossincrasias, seus objetivos e legados históricos, então os critérios foram, na medida do possível, adaptados à realidade de cada uma delas e às tendências observadas nos últimos anos”, explicou Packer. As publicações são divididas em oito grandes áreas: Agrárias; Biológicas; Engenharias; Exatas e da Terra; Humanas; Linguística, Letras e Artes; Saúde; e Sociais Aplicadas.

A partir de janeiro de 2016, os periódicos indexados deverão atender às porcentagens mínimas esperadas de editores associados ativos com afiliação institucional no exterior, segundo a área temática.

Para os de Ciências Agrárias, por exemplo, o mínimo é de 20% e o recomendado é de 30%. Já para os de Ciências Sociais Aplicadas, o mínimo é de 15% e o recomendado, 25%. Somando-se as metas de todas as áreas, a SciELO espera ter todos os periódicos com, no mínimo, 20% de editores associados ativos com afiliação estrangeira.

Os novos critérios incluem ainda porcentagens anuais mínimas esperadas e recomendadas de autores com afiliação institucional no exterior, também por área temática. As metas vão de 15%, para Ciências Agrárias, a 30%, para Biológicas, Engenharias, Exatas e da Terra. Assim, a SciELO espera chegar a até 35% de autores com filiação estrangeira.

O idioma em que os artigos são publicados também foi contemplado pelas mudanças. Os trabalhos devem conter título, resumo e palavras-chave no idioma original do texto e em inglês. “O modelo da SciELO permite a publicação simultânea em dois ou mais idiomas. Os periódicos devem maximizar o número de artigos originais e de revisão em inglês com vistas à sua internacionalização”, disse Packer.

Os periódicos da área da Saúde, por exemplo, deverão ter pelo menos 80% de seus artigos originais e de revisão em inglês. Somando-se as metas de todas as áreas, a SciELO espera ter 75% das publicações nessas condições.

Profissionalização

Rogerio Meneghini, diretor científico da SciELO, explicou que os novos critérios de indexação também têm o objetivo de garantir a sustentabilidade dos periódicos. “As metas foram elaboradas com o objetivo de acelerar a profissionalização dos periódicos e torná-los sustentáveis em médio e longo prazo, num cenário de crescente competitividade internacional”, disse.

Dessa forma, além de artigos, os novos critérios contemplam outros documentos publicados pelos periódicos, como editoriais. Foi definido pela SciELO que, a partir de 2015, somente serão indexados, publicados e incluídos nas métricas de desempenho dos periódicos da coleção documentos que apresentem conteúdo científico relevante.

Dessa forma, os documentos deverão apresentar conteúdo científico que justifique sua indexação, incluindo dados de autoria, afiliação institucional, referências bibliográficas e informações com potencial para receber citações.

Além dos editoriais, serão indexados, publicados e incluídos nas métricas de desempenho da SciELO documentos como adendos, artigos de pesquisa, artigos de revisão, cartas, coleções, comentários de artigo, comunicações breves, discursos, discussões, erratas, introduções, normas, relatos de caso, resenhas críticas de livro, respostas e retratações, entre outros.

Não serão considerados anúncios, calendários, chamadas, livros recebidos, notícias, obituários, reimpressões, relatórios de reunião, resumos, revisões de produto, teses e traduções.

Plano de divulgação

Todos os periódicos SciELO devem operar com apoio de um sistema de gestão on-line até o final de 2015. Isso deverá tornar mais eficiente o processo de avaliação, diminuir o tempo entre a submissão e o parecer final, permitir que as partes envolvidas acompanhem o processo de avaliação e obter registros e estatísticas de controle do fluxo de gestão dos manuscritos.

“Também recomendamos a disponibilização dos dados das pesquisas utilizados nos artigos em repositórios de acesso aberto, contribuindo para que os trabalhos sejam replicados e para que aumente a visibilidade e as citações”, disse Meneghini. A disponibilização dos dados passará a ser critério de avaliação a partir de 2015.

Os novos critérios para avaliação da profissionalização dos periódicos contemplam ainda a comunicação social das publicações. A partir de julho de 2015 será exigido pela SciELO um plano operacional de marketing e divulgação, incluindo a gestão de contatos de pesquisadores potenciais, autores e usuários nacionais e internacionais e leitores, entre outros públicos, e a produção de press releases de cada novo número ou de novos artigos selecionados.

“Também esperamos que, a partir dessa data, os periódicos comuniquem suas novas pesquisas nas redes sociais, podendo inclusive utilizar os canais da SciELO nesses ambientes, como o Blog SciELO em Perspectiva”, orientou Packer. “É um esforço em diversas frentes que vai elevar nossos periódicos a um novo patamar e, em última instância, contribuir com a evolução da ciência no Brasil e no mundo.”

O documento com os novos critérios para admissão e permanência de periódicos científicos na coleção SciELO Brasil, assim como a política que orientou sua elaboração e os procedimentos exigidos, está disponível em www.scielo.br/avaliacao/avaliacao_pt. 


Fonte: Agência FAPESP








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