14/07/2016

SBQ na SBPC: pela melhora de condições para a pesquisa científica no Brasil

Orçamento 50% inferior a 2013 e fim do Ministério da CT&I são grandes preocupações

A 68ª Reunião Anual da SBPC, realizada em Porto Seguro (BA) de 1 a 9 de julho, foi marcada por intensas discussões científicas e políticas. Num momento em que a ciência brasileira se encontra em uma situação de investimentos minguantes, a SBQ esteve presente por meio de conferências sobre a Química, e também ajudou a erguer a voz que defende a pesquisa científica no País. A SBQ foi criada dentro de uma reunião da SBPC, em 1977. São entidades intimamente ligadas e a participação da SBQ tem sido marcante ao longo dos anos.

"São duas bandeiras fundamentais neste momento: a volta do MCTI&I, desvinculado no Ministério das Comunicações, e a retomada dos padrões de financiamento no mínimo aos valores de 2013", explica o presidente da SBQ, Professor Aldo Zarbin (UFPR). "Estamos muito abaixo de 2% do PIB, o que é um risco para o desenvolvimento econômico e social do País", declarou.

Aldo Zarbin: "Estamos muito abaixo de 2% do PIB (em termos de investimento em pesquisa científica e inovação), o que é um risco para o desenvolvimento econômico e social do País"

Para a Professora Vanderlan Bolzani, vice-presidente da SBPC e ex-presidente da SBQ, outra questão que prejudica a pesquisa científica é a Lei da Biodiversidade, sancionada por decreto recentemente. "Passamos 16 anos lutando para que a Lei desse condições de trabalho e pesquisa e a impressão que fica é que demos 20 passos à frente e 19 para trás", afirmou. "A impressão que dá é de que o Estado quer ganhar dinheiro com a punição de seus cidadãos, dos cientistas e de quem vai acessar o conhecimento da biodiversidade, em vez de investir para que o País tenha mais conhecimento, inovação e novos produtos, e com isso se tenha riqueza, principalmente emprego", criticou.

Vanderlan Bolzani fez críticas à Lei de Biodiversidade: "A impressão que dá é de que o Estado quer ganhar dinheiro com a punição de seus cidadãos, dos cientistas e de quem vai acessar o conhecimento da biodiversidade"

Durante o evento, a presidente da SBPC, Helena Nader, chegou a entregar seu cargo depois de ser questionada e ofendida por integrante da plateia. O conselho da SBPC, por unanimidade, recusou a renúncia. A SBQ e a SBBQ (Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular) também publicaram moção de apoio a Helena. "Desde a instalação do governo interino, a SBPC, através da sua diretoria e da sua Presidente Helena Nader, tem se posicionado de forma crítica e contundente às ações que afetam diretamente a área de C,T&I, se posicionando contra a fusão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação com o Ministério das Comunicações, bem como contra cortes nos investimentos. Helena Nader tem sido incansável na defesa do apoio sustentado à C,T&I como politica de Estado para o desenvolvimento nacional, lutando pela recomposição dos orçamentos para a pesquisa e, principalmente, para as bolsas de pós-graduação que apoiam os jovens cientistas brasileiros", diz um trecho da moção, assinada pelos professores Aldo Zarbin e Jerson Lima Silva.

Vitor Ferreira: "A SBPC sempre foi um foro político bastante forte e de um marcante caráter social e democrático"

"A SBPC sempre foi um foro político bastante forte e de um marcante caráter social e democrático", avaliou o Professor Vitor Ferreira (UFF), ex-presidente da SBQ. Ele destacou a qualidade da programação científica do evento, com a ressalva de que as conferências não tiveram plateia de peso. "Na minha conferência ('Como a Química Melhora Nossa Qualidade de Vida'), havia 15 ou 16 pessoas."

Foram realizadas quatro conferências e duas mesas-redondas organizadas pela SBQ, com a participação dos professores Aldo Zarbin (UFPR), Vanderlan Bolzani (IQAr-UNESP), Vitor Ferreira (UFF), Adriano Andricopulo (IFSC-USP), Norberto Peporine Lopes (FCFRP-USP) e Roberto Torresi (IQ-USP).

Página oficial da 68ª Reunião Anual da SBPC


Texto: Mario Henrique Viana (assessor de imprensa da SBQ)