24/11/2016

SBQ reúne coordenadores de pós-graduações para discutir o futuro

Governo tem meta de dobrar o investimento em pesquisa até 2022, mas a PEC dos gastos põe o planejamento em xeque

Com cerca de 70 presentes, a SBQ realizou ontem, em São Paulo, o 15º. Workshop de Coordenadores de Pós-Graduação em Química. O encontro teve o objetivo de proporcionar aos coordenadores um ambiente para debate e busca de soluções para as grandes questões da pesquisa no Brasil.

A grande maioria dos 66 programas de pós-graduação em Química esteve representada no Workshop, realizado na sede do CRQ IV (clique na foto para ampliá-la)

Coordenado pela Professora Marília Goulart (UFAL), vice-presidente da SBQ, e pelo prof. Fernando de Carvalho da Silva (UFF), tesoureiro adjunto da SBQ, o workshop teve conferências dos professores Aldo Zarbin (UFPR), presidente da SBQ, sobre a importância da Sociedade Brasileira de Química na pós-graduação em química no Brasil, Maria Vargas (UFRJ), sobre ética na pesquisa, Jaílson Bittencourt de Andrade (UFBA e MCTIC), sobre o cenário da pesquisa científica no País, e Adriano Monteiro (UFRGS), sobre a CAPES. O encontro foi realizado na sede do CRQ-IV, presidido pelo Professor Hans Viertler, ex-presidente da SBQ.

O financiamento à pesquisa científica no Brasil é atualmente o maior motivo de preocupação dos coordenadores, que viram seus orçamentos de custeio cair aproximadamente 80% este ano. "O governo tem uma meta de aumentar de 1,24% para 2% do PIB o investimento em ciência, tecnologia e inovação até 2022", afirmou o Professor Jaílson Bittencourt de Andrade, atual secretário nacional de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento, do MCTIC. "E o ministro está comprometido em lutar para que a PEC do teto dos gastos não tenha impacto negativo no nosso ambiente de pesquisa. Nós sabemos que revolucionar a educação é a maior prioridade do País."

Aldo Zarbin (UFPR), presidente da SBQ: "É muito importante que tenhamos maior financiamento, sob risco de perdermos qualidade na nossa ciência"

Para o presidente da SBQ, Aldo Zarbin, a meta de atingir 2% do PIB em investimento em C,T&I é o almejado por toda a comunidade científica, e poderá colocar o Brasil no patamar das grandes potências tecnológicas. "É muito importante que tenhamos maior financiamento, sob risco de perdermos qualidade na nossa ciência, e é importante sabermos que temos um representante no ministério, fortemente ligado à SBQ e comprometido com o desenvolvimento da ciência no Brasil, lutando nesta direção. Mas acho difícil enxergar como essa meta pode ser alcançada com a aprovação da PEC que limita os gastos em Educação e C,T&I nos próximos 20 anos", declarou.

Para o Professor Fábio Andrei Duarte, coordenador do PPGQ da UFSM, a PEC do teto dos gastos traz ameaças sérias à ciência brasileira. "Vamos nos posicionar contra qualquer corte ou achatamento dos recursos destinados à ciência", afirmou.

Em sua conferência, Zarbin destacou a importância dos periódicos da SBQ (Química Nova, JBCS e RVQ) para os programas de pós-graduação em Química no Brasil. "São as mais importantes contribuições da SBQ para o ambiente da pós-graduação em Química no País. Nas revistas da SBQ estão publicados 8% de toda a produção científica da pós-graduação em química no país. Esse número sobe para mais de 13% considerando somente o extrato A do qualis, representado pelo JBCS", observou o presidente da SBQ. "A comunidade da química brasileira, principalmente os professores/pesquisadores vinculados aos programas de pós-graduação, precisa retribuir o esforço que a SBQ faz em prol do desenvolvimento da PG, associando-se e fortalecendo nossa sociedade. É preciso que a comunidade química entenda que apenas uma sociedade científica forte poderá construir um ambiente para a ciência igualmente forte. Existem programas de pós-graduação com menos de 25% dos professores sócios da SBQ. É muito pouco. Existem casos de pesquisadores que são associados à American Chemical Society, mas não à SBQ, o que representa uma total inversão de valores", pontuou.

A coordenadora do evento, Professora Marília Goulart, destacou positivamente a presença dos coordenadores ou vice-coordenadores de quase todos os programas de pós-graduação no País. "A receptividade foi muito grande neste momento tão difícil, com várias universidades ocupadas. As conferências foram excelentes e estou muito satisfeita com os resultados do evento."


Texto: Mario Henrique Viana (assessor de imprensa da SBQ)