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31/08/2017



O químico que encanta crianças


Alfredo Mateus faz shows de experimentos para despertar o interesse pela química. Ele estará na 41ª. RASBQ, em Foz do Iguaçu

Como um Houdini cercado de pipetas, béquers e reagentes, o professor Alfredo Luís Mateus (UFMG), reserva uma parte do seu tempo para encantar crianças e adolescentes com experimentos químicos e uma aura de magia. O show, que reúne experimentos de cunho altamente visual, com transformação de cores e muito bom humor, e também a montagem de moléculas com material reciclado, é a primeira atração confirmada para a 41ª. RA, que será realizada em maio de 2018, em Foz do Iguaçu.

"O show do professor Alfredo foi um dos pontos altos da última reunião da SBPC, bem como as mostras de experimentos que ele ajudou a organizar nas 38ª e 39ª Reuniões Anuais da SBQ, e está em sintonia com um dos nossos objetivos, que é fomentar o interesse pela Química em crianças e adolescentes", afirma a professora Rossimiriam Freitas, secretária geral da SBQ, e presidente do comitê organizador da 41ª. RA. "Vamos envolver escolas de Foz do Iguaçu e região."

Professor Alfredo Luís Mateus (UFMG), segundo à partir da esquerda, com monitores na 69ª SBPC. Na foto à direita, ele monta uma molécula com alunas do ensino fundamental de Belo Horizonte: "É importante que as escolas valorizem seus laboratórios. Em Belo Horizonte muitas escolas renomadas já não fazem questão, o que é uma pena."

Alfredo sempre foi aficionado por experimentos e tornou-se um dos mais importantes embaixadores da química para o público infantil no Brasil. "Na adolescência, em São Paulo, montei um laboratório na minha casa, seguindo o exemplo de um colega. Comprei bico de Bunsen, vidrarias e alguns reagentes. Naquela época o acesso à informação era mais difícil, havia poucos livros, então seguíamos um velho manual. Depois de alguns sustos, rapidamente percebemos que era preciso entender o que estávamos fazendo para não fazer nada perigoso", recorda.

Formado na USP, com doutorado em Química Inorgânica pela Universidade da Flórida, o professor Alfredo foi um dos participantes da primeira turma do grupo Química em Ação, criado no IQ-USP, em 1985. "Quando eu era calouro, o professor Atílio Vanin resolveu montar um grupo para apresentações de experimentos falando de química. Entrei, e isso me marcou porque eu era muito tímido. Fui me acostumando a falar em público", conta.

Quando voltou ao Brasil, em 1998, para lecionar no Colégio Técnico da UFMG, o professor retomou a ideia e montou um grupo de teatro com alunos de graduação em Química e o apoio da faculdade de Artes Cênicas. "A primeira peça que montamos foi uma brincadeira baseada em Romeu em Julieta, em que ele era físico, ela química, e cada um via o mundo com o seu olhar da ciência. Mas adaptamos um final feliz", lembra o professor. Foram cerca de 60 apresentações para escolas, atingindo milhares de estudantes.

Cada vez mais, ele se especializou em desenvolver experimentos e divulgá-los para professores. "Agora trabalho só com ensino e divulgação. Larguei a catálise de lado porque não dava para fazer duas coisas", afirma. "Estou preparando um livro sobre como montar uma mostra interativa de Química, para professores e divulgadores da ciência."

Seus shows são feitos com experimentos para crianças do ensino fundamental e médio. "Aprendi a adaptar a linguagem para cada faixa etária, mas muitas vezes o público é formado por crianças de todas as idades. Então uso poucas informações para atrair a curiosidade, de forma que as crianças levem as questões para a sala de aula", explica. "E sempre tem muita interatividade."

O professor Alfredo chama atenção para o fato de que algumas as escolas estão deixando de lado o uso de laboratórios no ensino de química. "É importante que as escolas valorizem seus laboratórios. Em Belo Horizonte muitas escolas renomadas já não fazem questão, o que é uma pena."


Texto: Mario Henrique Viana (Assessor de Imprensa da SBQ)








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