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07/06/2018



41ª RA: Um alerta para a comunidade científica


Encontro de mais de 1,5 mil químicos foi marcado por debate por caminhos futuros em um cenário de descaso do governo com a pesquisa científica

Com mais de 1.500 participantes de todos os estados do País e quase 1.100 trabalhos apresentados, a Sociedade Brasileira de Química realizou sua 41ª Reunião Anual, de 21 a 24 de maio, em Foz do Iguaçu. O encontro foi marcado por discussões sobre o futuro da pesquisa científica no Brasil e os caminhos para a Química e os químicos, e pela posse da nova diretoria, que tem mandato até maio de 2020.

"Sabíamos que seria um desafio fazer essa Reunião Anual depois do sucesso que foi a IUPAC 2017, e estamos muito satisfeitos com o resultado, tanto do ponto de vista do alto nível científico como pela intensa discussão política que permeou o evento. Afinal, o Brasil está num momento de muitas incertezas", declarou o professor Aldo Zarbin (UFPR), que presidiu a SBQ no último biênio e passa a integrar o Conselho Consultivo. "Temos muito trabalho pela frente. Felizmente tivemos uma leve recuperação financeira da Sociedade nos últimos anos, mas sabemos que o momento para a ciência no Brasil é grave", afirmou o professor Norberto Peporine Lopes (FCFRP-USP), presidente da SBQ para os próximos dois anos.

A esquerda, o professor Francisco Krug (CENA-USP) em sua conferência de abertura. À direita, Dominic Tildesley (RSC) e Aldo Zarbin (SBQ), renovam a parceria entre as sociedades

A situação delicada para Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil ficou evidenciada nos debates do Simpósio "Construindo o Amanhã" (tema central da RA), com lotação esgotada. "Estamos vivendo um retrocesso muito grave, nossos laboratórios estão parando, precisamos nos contrapor fortemente ao desmonte que estamos vivendo", alertou o presidente da SBPC, Professor Ildeu Moreira, muito aplaudido.

Marcelo Morales, diretor executivo do CNPq, enfatizou o corte orçamentário de 50% que a entidade sofreu em 2017. "Só podemos reduzir nossa defasagem se aumentarmos o orçamento para Ciência e Tecnologia. Quando as nações entram em crise aumentam o investimento em C&T. Será que nossos economistas não sabem disso?"

O diretor do Instituto Senai de Tecnologia e Inovação, Paulo Coutinho, reconheceu o momento delicado para C&T, mas divergiu dos demais ao dar menor importância à ciência básica. "O País precisa fazer escolhas", declarou.

Para o professor Aldo Zarbin (UFPR), que moderou o simpósio, as discussões mostraram que os químicos estão prontos para fazer política assim como já fazem ciência. "A participação da plateia nas perguntas foi intensa, o que mostra a preocupação de todos com a situação de ciência, tecnologia e inovação no Brasil. Infelizmente logo depois da RA fomos surpreendidos com mais uma medida provisória que demonstra o descaso para com essa área, onde o subsídio para baixar o preço do diesel foi à custa de recursos previamente destinados à saúde, educação, ciência e tecnologia. Saímos de um momento há alguns anos atrás onde o dinheiro do petróleo ia para saúde, educação, ciência e tecnologia, para o momento atual onde os já parcos recursos dessas áreas prioritárias migram para o petróleo. É um absurdo!", declarou ao Boletim SBQ.

Ana Ayala, estudante do segundo ano de licenciatura em química na Universidade Estadual de Londrina, estava presente ao simpósio. Em sua opinião, a educação no Brasil está debilitada e a ciência não é tratada como prioridade. "É uma coisa que precisa ser muito debatida, e começa por nós, químicos, conscientizarmos as pessoas à nossa volta. Cada um de nós deve mostrar para a população o que fazemos na universidade, precisamos nos comunicar melhor", disse. Ana foi uma entre 24% dos inscritos estudantes de Iniciação Científica. Foi a sua primeira participação em uma Reunião Anual da SBQ. "Vim apresentar um trabalho e estou adorando estar no meio de tantos cientistas de tantas áreas diferentes".

Primeira RA: À esquerda, Ana Ayala (UEL), e Ana Carla Ferreira (UFRJ)

Outra "debutante" da RASBQ foi a carioca Ana Carla Ferreira, recém-entrada na graduação em química tecnológica, na UFRJ. Vinda do ensino médio técnico em química, Ana Clara conta que sempre quis ser cientista. "Desde eu criança eu gostava de experimentos, coisas que eu via em programas na tevê, e gostava de ciências na escola", conta. Ela veio à RASBQ para apresentar um trabalho (sobre catálise) desenvolvido no ensino médio, ao qual ela pretende dar sequência na universidade. "Estou encantada com a Reunião. Participei do workshop da SBQ Jovem e achei muito esclarecedor."

Na sessão de Workshops, o SBQ Jovem foi um destaque, ao reunir sala cheia para ouvir palestras ligadas a temas de interesse dos graduandos e jovens pós-graduandos, que não costumam ser tratados em sala de aula. "Foi uma opção que fizemos para dar um novo significado à SBQ Jovem, e acredito que a partir desse workshop teremos um crescimento ainda maior da participação dos jovens na Sociedade", afirma o secretário-geral da SBQ, professor Fernando Carvalho (UFF), um dos organizadores do workshop. "Nosso objetivo é criar novas lideranças, novos químicos para se incorporar à SBQ e dar continuidade ao nosso trabalho. Temos ainda pioneiros ativos e muito atuantes, mas é preciso sempre renovar."

Os temas tratados foram empreendedorismo, carreira do químico, publicações científicas e financiamento de projetos de pesquisa. Para Lucas Luís Messa, pós-graduação em Engenharia de Ciência dos Materiais da USP FZEIA (Pirassununga), as sessões foram proveitosas. "Achei muito interessante o workshop. Gostei especialmente da visão dada sobre ensino de química, de que o aluno tem uma visão muito superficial sobre alguns conteúdos, e que o professor deve se colocar como um aluno. É minha terceira Reunião Anual, e fiquei interessado em acompanhar a sequência da SBQ Jovem", declarou ao Boletim SBQ.

O processo de internacionalização da química brasileira capitaneado pela SBQ, e que tem crescido significativamente nos últimos anos, foi evidenciado na RA pela assinatura da renovação do acordo de cooperação da SBQ com a Royal Society of Chemistry (RSC).

O documento foi assinado por Aldo Zarbin e Dominic Tildesley, immediate past presidente da RSC e prevê o comprometimento de ambos os países na troca de conhecimento no campo da química e áreas correlatas por meio de comunicação contínua visando benefícios mútuos em suas comunidades científicas. Para tanto, serão criados canais para encorajar a organização de eventos sociais e/ou educacionais e a abertura para que outras partes interessadas possam apoiar as atividades propostas.

Para Zarbin, a Sociedade Brasileira de Química e a Royal Society of Chemistry têm muitos interesses em comum, centrados nos diferentes aspectos relacionados à Química, visando um mundo melhor. "Nós da SBQ, acreditamos que sociedades representativas devem trabalhar juntas e essa é uma das razões pelas quais estabelecemos a parceria com a RSC desde 2007." Zarbin disse ainda que a parceria existe em função do respeito mútuo e o entendimento de que as particularidades da pesquisa científica em cada país enriquecem o conhecimento no campo da química.

O dirigente da RSC, Dominic Tildesley, comentou: "estamos orgulhosos de colaborar com a Sociedade Brasileira de Química e com a ciência do Brasil. Juntos, já promovemos workshops, patrocinamos grandes eventos e, no Brasil, já sediamos a nossa conferência de maior prestígio, a ISACS (Simpósio Internacional de Avanços nas Ciências Químicas), que recebe palestrantes brasileiros em suas edições pelo mundo." O professor anunciou ainda a grande novidade da renovação do memorando de entendimento. "O futuro da nossa colaboração é a criação de uma edição temática nos periódicos de RSC e da SBQ com trabalhos selecionados de autores brasileiros e britânicos."

Acima, as mulheres cientistas que ocuparam cargos na SBQ foram homenageadas em sessão temática coordenada pelas professoras Rossimiriam Freitas, presidente da comissão organizadora da 41ª RASBQ, e Elisa Orth.

Crianças encantam-se na tradicional mostra SBQ na Escola.

Curtas

A 41ª Reunião Anual da SBQ foi marcante para as mulheres cientistas. Além do simpósio "Elas, as cientistas", que trouxe casos de pesquisadoras de idades e regiões diferentes, a RA coroou o trabalho inédito da secretária-geral Rossimiriam P. Freitas (UFMG), segunda mulher a assumir esta posição na diretoria da SBQ (a Professora Vanderlan Bolzani foi secretária-geral na gestão 2004-2006) e primeira responsável pela organização de três reuniões anuais consecutivas.

Na Assembleia Geral dos associados, realizada na noite de encerramento da RASBQ houve a cerimônia de posse da nova diretoria, divisões científicas e secretarias regionais (veja relação completa aqui)

O tesoureiro da gestão anterior, André Galembeck (CETEN), apresentou balanço financeiro positivo, com destaque para receita obtida na realização da IUPAC, bem como o crescimento da participação das revistas científicas da PubliSBQ.

Pouco mais de 500 adolescentes do ensino médio de Foz do Iguaçu e região estiveram presentes na apresentação SBQ na Escola, conduzida pelos professores Alfredo Mateus (UFMG) José Ricardo Salgado (Unila) e Renata Mello Giona (UTFPR).

Entre os trabalhos apresentados na 41ª RASBQ, predominaram as áreas de Orgânica, Produtos Naturais, Materiais e Analítica, com cerca de 45%, e em termos geográficos, São Paulo, Rio, Minas e Paraná tiveram a maioria dos presentes.

Fotos: Sílvio Vera


Texto: Mario Henrique Viana (Assessor de Imprensa da SBQ)








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