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31/10/2019



Lições científicas que vêm da infância


Elisa Orth desenvolveu de cedo sua paixão pela ciência. Hoje coleciona prêmios internacionais, e seu Grupo de Catálise e Cinética detém patentes que podem transformar o dia-a-dia da alimentação do brasileiro

Você sabia que já é possível determinar em minutos o nível de glifosato e outros defensivos agrícolas na sua comida? A simples mudança de cor de uma solução alerta para quantidades abusivas de agrotóxicos. Essa maravilha já é realidade dentro do laboratório de Grupo de Catálise e Cinética da UFPR e, se dependesse apenas da Professora Elisa Orth, que lidera uma dúzia de químicos apaixonados pela ciência, seria também realidade na casa de todas as pessoas. "Nós desenvolvemos e patenteamos sistemas eficazes para determinar o nível de agrotóxicos, por exemplo em nossa comida. Procuramos assim contribuir para que as pessoas tenham uma alimentação mais saudável", clama a cientista, voraz consumidora de couve, chuchu, repolho e feijão branco. "Já desenvolvemos também 20 reações químicas para neutralizar e monitorar resíduos de pesticidas."

No sentido horário: Com o marido Aldo e o filho Vinícius; com alguns alunos do Grupo de Catálise e Cinética da UFPR; com o cãozinho Oscar, no quintal da casa de Miami; turistando com a mãe, Ângela

Por essas e outras Elisa tem se destacado na comunidade química internacional, tendo recebido cinco prêmios internacionais importantes nos últimos quatro anos. O mais recente foi o Brazilian Women in Chemistry and Related Sciences awards na categoria Jovem Cientista, conferido pela American Chemical Society (ACS), em outubro, em uma cerimônia em São Paulo. Atualmente o GCC tem seis linhas de pesquisa abertas e mantém colaboração com diversos grupos no Brasil, Chile, França e Inglaterra.

A razão do sucesso? "Amo o que faço", responde a professora com simplicidade e um largo sorriso. "Ela é uma pessoa inspiradora, empolgada, acelerada, dedicada e que sempre irradia felicidade", resume seu doutorando Valmir Baptista da Silva, que faz parte do GCC-UFPR desde sua graduação e segue Elisa no que ele chama da 'busca pelo catalisador perfeito'. "Ela trabalha muito, é extremamente criativa, soube aproveitar as oportunidades e encontrar nichos adequados, e interage muito bem com as pessoas", completa o marido, Aldo Zarbin (UFPR), ex-presidente da SBQ.

Elisa obteve o título de doutora em 2011 pela UFPR, mas sua preocupação com a natureza e a vida humana vem da infância. Filha de Ângela e Afonso, uma bióloga e um agronômo, ela começou sua iniciação científica na tenra idade, na chácara da família na Cachoeira do Bom Jesus, em Florianópolis, onde passava os finais de semana.

Entre ameixeiras e goiabeiras não viu Jesus, mas conheceu muitas formas de vida e viveu uma epifania da ciência: perdeu o medo das abelhas e aprendeu a observar com metodologia sua atração por cheiros e cores. Compreendeu que na vida nada se perde, tudo se transforma ao observar o ciclo de vida das lagartas e borboletas – as belas borboletas, brancas, azuis, amarelas e pretas, como disse o Poeta.

Em sua casa, Vinícius de Moraes e a MPB compõem um cenário musical constante, seja pelo violão tocado pelo marido, ou pelo som ambiente nas caixas. Não por acaso Vinícius Orth Zarbin é o nome do primeiro filho do casal, que nascerá em março de 2020, a tempo de participar da 43ª Reunião Anual da SBQ.

"Vou curtir muito esse momento da chegada do Vinícius, mas tenho uma programação de eventos científicos importantes em 2020 e já estou planejando – com ajuda da minha mãe e do meu marido – como irei participar de todos", assinala Elisa. Ela é uma das grandes incentivadoras das mulheres da pesquisa científica e uma das criadoras do Núcleo de Mulheres SBQ. "Eu vou tirar licença, mas imagino que não ficarei sem trabalhar por seis meses." Além de coordenar o GCC, Elisa dá aulas para a graduação, a pós e é revisora de diversos periódicos científicos.

O hábito da leitura é um dos fatores de sucesso de Elisa Orth na opinião de sua mãe, Ângela. "Ela sempre frequentou bibliotecas e ganhava livros de presente em aniversário, Natal e Páscoa. Aos 11 anos, quando morava nos Estados Unidos e cursava a "Elementary School", ganhou de presente uma edição de luxo da tese de doutorado da cientista Jane Goodall (primatóloga que estudou os chimpanzés na Tanzânia por 40 anos) em inglês. "Eu sempre adorei a Jane Goodall. Quando vi esse livro fiquei encantada, e pedi de aniversário. No começo eu só via as figuras, porque era no inglês original, acadêmico. Tenho esse livro até hoje", conta.

Única mulher no berçário da maternidade de Caçador-SC na madrugada de 2 de janeiro de 1984, nascida maior que todos os meninos daquele dia, Elisa é um entre vários exemplos para as estudantes de química e ciências de todo o Brasil. Num contexto predominantemente masculino, faz valer sua força atlética – "Para viver um grande amor é preciso ter peito de remador", escreveu Vinícius – adquirida nas obstinadas sessões de treinamento e nos campeonatos de remo disputados durante o ensino médio, em Florianópolis.

"É um privilégio muito grande fazer parte do grupo da Professora Elisa", enfatiza o doutorando Valmir Baptista da Silva. "Sobretudo nesse momento em que as universidades e a ciência têm sofrido ataques, cientistas como ela são um farol, não só para as mulheres, mas para todos nós."


Cinco artigos relevantes:

“Are Imidazoles Versatile or Promiscuous in Reactions with Organophosphates? Insights from the Case of Parathion”, V. Silva, E. S. Orth, Journal of the Brazilian Chemical Society 2019, 30, 2114 - 2124.

“Nanocatalysts for hydrogen production from borohydride hydrolysis: graphene-derived thin films with Ag- and Ni-based nanoparticles”, L. Hostert, E.G. C. Neiva, A.J.G. Zarbin, E.S. Orth, Journal of Materials Chemistry A 2018, 6, 22226 - 22233.

“Targeted catalytic degradation of organophosphates: pursuing sensors”, L. Hostert, R.B. Campos, J.E.S. Fonsaca, V.B. Silva, S.F. Blaskievicz, J.G.L. Ferreira, W. Takarada. N. Naidek, Y.H. Santos, L.L.Q. Nascimento, A.J.G. Zarbin, E.S. Orth, Pure and Applied Chemistry (Online) 2018, 90, 1593-1603.

“Imidazole-derived graphene nanocatalysts for organophosphate destruction: Powder and thin film heterogeneous reactions”, L. Hostert, S.F. Blaskievicz, J.E.S. Fonsaca, S. H. Domingues, A.J.G. Zarbin, E.S. Orth, Journal of Catalysis 2017, 356, 75-84.

“Tailored biocatalyst achieved by the rational anchoring of imidazole groups on a natural polymer: furnishing a potential artificial nuclease by the sustainable material engineering”, J.G.L. Ferreira, A. Grein-Iankovski, M.A.S. Oliveira, F.F. Simas-Tosin, I.C. Riegel-Vidotti, E.S. Orth, Chemical Communications 2015, 51, 6210-6213.

Saiba mais:
Website GCC-UFPR: www.quimica.ufpr.br/elisaorth
Lattes Elisa Orth: http://lattes.cnpq.br/0659633505350112
Mais informações sobre o Prêmio da ACS


Texto: Mario Henrique Viana (Assessoria de Imprensa da SBQ)








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