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Boletim Eletrônico Nº 1398

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30/01/2020



43ª RA: A fluorescência "orgânica" de Fabiano Rodembusch


Fotoquímico da UFRGS falará sobre suas pesquisas com núcleos benzazólicos e suas aplicações

O convidado da Divisão de Fotoquímica para a 43ª Reunião Anual da SBQ (Maceió, de 26 a 29 de maio) é o professor Fabiano Rodembusch, coordenador do Grupo de Pesquisa em Fotoquímica Orgânica Avançada do IQ/UFRGS. Ele dará a conferência Processos de Transferência de Protônica no Estado Eletronicamente Excitado. "Em termos leigos, falarei sobre moléculas orgânicas que têm a propriedade de emitirem luz com características bem particulares e como esta emissão de luz pode ser usada para diferentes fins, como sensores ópticos, dispositivos orgânicos emissores de luz ou até mesmo materiais fotoativos", explica.

Professor Fabiano Rodembusch (UFRGS): "Falarei sobre moléculas orgânicas que têm a propriedade de emitirem luz com características bem particulares e como esta emissão de luz pode ser usada para diferentes fins, como sensores ópticos, dispositivos orgânicos emissores de luz ou até mesmo materiais fotoativos"

Seu grupo, criado há 15 anos, estuda a fluorescência dos núcleos benzazólicos, um grupo de moléculas sintetizadas nos anos 80, na Índia, mas que não teve a fluorescência estudada na época. "Sou a terceira geração de pesquisadores nesse tipo de material. Naquela época não existiam algumas tecnologias que poderiam ser aplicações para a propriedade emissiva destas moléculas", observa.

"Cada molécula orgânica se comporta de uma maneira ao absorver luz, permitindo que, após essa absorção, diferentes fenômenos possam ser visualizados no estado excitado. O entendimento dessa dinâmica luz-matéria permite que novas moléculas possam ser desenvolvidas com aplicações específicas, tais como sensores ópticos para detecção específica de poluentes, na pesquisa de fontes alternativas de energia, no desenvolvimento de compostos para serem utilizados como sensibilizadores em células solares fotoeletroquímicas, que convertem luz solar em energia, por exemplo."

Doutorado em 2005 pela UFRGS, Rodembusch teve três experiências internacionais: o doutorado sanduíche em Grenoble, um pós-doutorado em Montpellier e outro na Universidade de Miami. Em sua carreira já titulou 15 mestres, quatro doutores e 17 alunos de iniciação científica. Hoje orienta dois pós-docs, dois doutorandos, um mestrando, e dois de iniciação científica.

Praticante de corridas de aventuras e maratonas, Rodembusch é um cientista também com preocupações espirituais. Ele é voluntário em um centro espírita em Porto Alegre e praticante de Reiki, uma prática integrativa de cura energética incluída desde 2017 na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC). "Ciência e espiritualidade podem conviver em harmonia, em benefício da humanidade, porém teorias paralelas como o criacionismo e o terraplanismo que infelizmente andam rondando a sociedade atrapalham um bocado", reflete. "Vivemos uma época obscura para a ciência."

Leia entrevista concedida pelo professor Fabiano Rodembusch ao Boletim Eletrônico SBQ:

Você tem três sólidas experiências internacionais. Que lições a pós-graduação brasileira pode aprender com a França ou os EUA?

Estas experiências tiveram o objetivo de poder olhar um pouco como a pesquisa era desenvolvida em outros locais. Acho importante deixar claro este ponto, pois na época não existia o Ciência sem Fronteiras, que infelizmente foi visto por muitos como "turismo sem fronteiras", em que grande parte dos alunos não estava preocupada com a experiência em si, mas com a estada e a viagem proporcionada.

Tive a feliz oportunidade de colaborar com grupos bem estabelecidos em áreas em que tinha interesse em aprender algo para trazer para o Brasil. Hoje vejo que a diferença mais significativa diz respeito ao investimento que é feito em pesquisa e nas possibilidades que eles têm de já na pós-graduação se inserirem em atividades de ensino, o que é muito pouco fomentado aqui no Brasil. Em segundo lugar, e que diz respeito aos docentes envolvidos com pós-graduação, pude comprovar que temos uma carga horária burocrática massiva, que impede em muito a dedicação necessária para o desenvolvimento da pesquisa e das orientações, diferentemente dos EUA e França, que de certa forma contam com apoio técnico em diversas tarefas tanto administrativas como científicas.

Como você percebe a motivação dos estudantes recém-admitidos na pós-graduação? Neste sentido, que mensagem passa a eles?
Não são poucos os alunos que enxergam a PG como um caminho e que compreendem a sua importância no fortalecimento deste país. Isso faz com que cada vez mais tenhamos uma PG alinhada com interesses genuínos de desenvolvimento e melhoria da sociedade. Essa visão é ainda mais fortalecida quando se conhece os valores referentes as bolsas dos alunos, dos atrasos, das incertezas, do assédio moral que sofrem seguidamente da administração central, etc. Minha mensagem é que sigam acreditando nos seus ideais e como diz um poeta muito famoso aqui do sul:

"Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!"

(Mário Quintana)

Como você avalia o momento da pesquisa científica no Brasil?
Vivemos momentos ímpares, de desconfiança e descrédito de uma forma geral, surpreendentemente (ou não) fomentados por aqueles que não sabem o que é fazer ciência e muito menos o seu papel no contexto sócio-econômico de um país. Este momento de descaso e pouco investimento já é de longa data e atualmente se tornou mais agudo. Mas são estes momentos que servem para que possamos nos reinventar para mostrar de forma clara a importância e o papel da ciência na sociedade.


Cinco artigos relevantes:

- Isoppo, V.C.; Gil, E.S.; Gonçalves, P.F.B.; Rodembusch, F.S.; Moro, A.V. Highly fluorescent lipophilic 2,1,3-benzothiadiazole fluorophores as optical sensors for tagging material and gasoline adulteration with ethanol, Sensors and Actuators B: Chemical, 2020. Accepted.

- Gil, E.S.; da Silva, C.B.; Nogara, P.A.; da Silveira, C.H.; da Rocha, J.B.T.; Iglesias, B.A.; Lüdtke, D.S.; Gonçalves, P.F.B.; Rodembusch, F.S. Synthesis, photophysical characterization, CASSCF/CASPT2 calculations and CT-DNA interaction study of amino and azido benzazole analogues. Journal of Molecular Liquids, 2020. Accepted.

- Duarte, L.G.T.A.; Germino, J.C.; Berbigier, J.F.; Barboza, C.A.; Faleiros, M.M.; Simoni, D.A.; Galante, M.T.; de Holanda, M.S.; Rodembusch, F.S.; Atvars, T.D.Z. White-light generation on all-solution-processed OLEDs using a benzothiazole-salophen derivative reactive to the ESIPT process. Physical Chemistry Chemical Physics, 2019, 21, 1172-1182.

- da Silva, C.B.;  Gil, E.S.; Santos, F.S.; Morás, A.M.; Steffens, L.; Gonçalves, P.F.B.; Moura, D.J.; Lüdtke, D.S.; Rodembusch, F.S. Proton-transfer based azides with fluorescence off–on response for detection of hydrogen sulfide. An experimental, theoretical and bioimaging study. Journal of Organic Chemistry, 2018, 83, 15210-15224.

- Santos, F.S.; Ramasamy, E.; Ramamurthy, V.; Rodembusch, F.S. Excited state behaviour of benzoxazole derivatives in a confined environment afforded by a water soluble octaacid capsule. Journal of Photochemistry and Photobiology A: Chemistry, 2016, 317, 175-185.



Texto: Mario Henrique Viana (Assessoria de Imprensa da SBQ)








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