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Boletim Eletrônico Nº 1414

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28/05/2020



Os desafios de manter as aulas à distância nas graduações e pós


No IQ-USP, docentes e alunos têm utilizado ferramentas tecnológicas para disciplinas teóricas; comissão estuda condições e avalia cenários para retomada; SBQ realizará fórum de coordenadores de pós-graduações em Química

Um dos muitos desafios que as universidades enfrentam nessa época de pandemia é a continuidade das aulas com a máxima eficiência possível. Certamente não é uma tarefa fácil, e no Instituto de Química da USP alunos e professores estão lidando com o ensino à distância, sabendo que trata-se de uma solução temporária. "Nosso curso não é pensado para ser EAD, temos a diretriz de manter as aulas teóricas, mas teremos que repor as experimentais", conta a professora Nadja Souza Pinto, presidente da comissão de graduação do IQ-USP. "Não mexemos nas ementas, nem pretendemos mexer."

Profa Rossimiriam Freitas (UFMG), vice-presidente da SBQ: "Estamos todos atravessando um grande nevoeiro nesse momento e sabemos que, no nível da pós-graduação, todos os programas estão cheios de dúvidas sobre como trabalhar com os prazos, com as disciplinas ofertadas, com o trabalho experimental necessário para terminar as teses e dissertações."


Profa Nadja Souza Pinto (IQ-USP): "Alguns não tinham familiaridade com essas ferramentas, alguns tinham resistências conceituais ao ensino online, mas o fato é que todos entendem que é um momento excepcional e têm feito um esforço muito grande para manter a qualidade das aulas e o bom ânimo dos alunos."

O IQ está fechado, os laboratórios estão passando por manutenções mínimas e os 700 alunos estão em casa.

A situação é análoga em todos os institutos e departamentos de química, e a SBQ tem essa preocupação de ajudar a mitigar as dificuldades que docentes e discentes enfrentarão nesse futuro próximo. A vice-presidente, professora Rossimiriam Freitas (UFMG) vai realizar um Workshop envolvendo os Programas de Pós-Graduação em Química de maneira virtual, no próximo dia 8 de junho, para discutir, entre outros assuntos, como fica a docência na pós-graduação em tempos de COVID-19.

"Estamos todos atravessando um grande nevoeiro nesse momento e sabemos que, no nível da pós-graduação, todos os programas estão cheios de dúvidas sobre como trabalhar com os prazos, com as disciplinas ofertadas, com o trabalho experimental necessário para terminar as teses e dissertações etc", conta Rossimiriam. "Sabemos também que muitos dos programas estão organizando defesas e seminários on line mas, em relação à docência especificamente, a situação é muito variada: há programas com as aulas totalmente paralisadas, outros com aulas parcialmente ministradas on line e ainda os que estão ofertando todas as disciplinas a distância, pelas mais diversas razões. A ideia do fórum é permitir que os coordenadores compartilhem ideias, experiências e porque não dizer, aflições, neste momento inédito para todos. Uma posição conjunta de coordenadores de pós graduação, tomada em um fórum organizado pela SBQ, é sempre norteadora de ações."

A USP tem duas ferramentas robustas para ensino à distância – uma delas utiliza o software Moodle –, e é com elas que os docentes estão trabalhando. "Alguns preferem gravar as aulas e colocá-las nas plataformas, outros preferem dar aulas em tempo real com o auxílio do Zoom ou do Google Meets", explica Nadja. "Mesmo essas aulas ao vivo estão ficando à disposição, porque sabemos que nem todos os alunos têm condições de acompanhar todas as aulas ao vivo."

A USP distribuiu chips com um pacote de dados para os alunos que não têm internet em casa. "Essa parte da conectividade foi resolvida no IQ, mas ainda temos muitos alunos com dificuldades para manter a rotina de estudos", avalia a docente.

Para os professores também não é uma tarefa simples. "Alguns não tinham familiaridade com essas ferramentas, alguns tinham resistências conceituais ao ensino online, mas o fato é que todos entendem que é um momento excepcional e têm feito um esforço muito grande para manter a qualidade das aulas e o bom ânimo dos alunos."

Nadja tem se comunicado com os alunos por email, mas planeja fazer uma reunião virtual em breve. "No último relatório de avaliação e acompanhamento os alunos pediram mais conversas com os docentes", afirma a professora.

Ela conta que uma equipe da Comissão de Graduação e um grupo de trabalho do IQ estão planejando como será a retomada das aulas presenciais, mesmo sem saber ainda quando. "Estamos elaborando cenários; consideramos que quando retornarem as aulas presenciais precisaremos fazer uma reorganização nas grades para repor as disciplinas experimentais. Mas ainda não sabemos quanto tempo de reposição será necessário, quantos alunos poderão entrar ao mesmo tempo em laboratórios e salas de aula...são muitos detalhes ainda incertos", descreve.

Leia a íntegra da entrevista da professora Nadja Souza Pinto (IQ-USP) ao Boletim Eletrônico SBQ:

Foi feito levantamento do interesse de atividades remotas em geral entre docentes e discentes?
Assim que a quarentena e a suspensão das atividades nas instituições de ensino foram decretadas, a administração central da Universidade recomendou a transposição das atividades presenciais para atividades remotas, utilizando tecnologias e plataformas disponíveis na própria universidade ou outras. Dessa forma, não foi possível realizarmos um levantamento do interesse. Por outro lado, foi necessário realizar um levantamento, principalmente junto ao corpo discente, da disponibilidade quanto a recursos para acompanharem as atividades remotas. Esse levantamento fundamentou ações como o fornecimento de kits de internet para os alunos que necessitavam.

Há no seu curso algumas características que trarão ou trouxeram problemas graves para o formato remoto, como aulas experimentais (laboratórios, performances, trabalhos de campo etc.)?
A química é uma ciência essencialmente experimental e as aulas experimentais e instrumentais são fundamentais para a formação dos alunos. Nesse sentido, entendemos que alguns dos objetivos educacionais das aulas experimentais não podem ser cumpridos em atividades remotas e precisarão ser trabalhados presencialmente, quando essas atividades voltarem a ser possíveis na universidade.

Quais atividades em andamento pela coordenação, docentes e quadro técnico?
Tanto a comissão de graduação (CG) do IQ quanto as comissões coordenadoras (CoCs) dos dois cursos, bacharelado e licenciatura em química, têm mantido um calendário de reuniões de acompanhamento e avaliação. Já foram realizados encontros específicos sobre pautas do ensino de graduação com os dois departamentos do IQ e uma reunião aberta com todo o corpo discente está agendada para 29/05. Além das interações em tempo real, recursos gravados (incluindo palestras, fóruns, workshops e tutoriais) preparados por equipes do IQ e da universidade são distribuídos aos docentes quando disponibilizados. O andamento das disciplinas é acompanhado por formulários e em conversas individuais com as equipes e alunos.

Qual o número de disciplinas com atividade remota já realizadas ou em andamento em seu curso?
O IQ oferece, nesse semestre, 65 disciplinas, muitas delas em dois turnos (diurno e noturno). Além dessas, nossos alunos têm aulas de outras 15 disciplinas oferecidas por outras unidades da USP. Dessas, cerca de 85% estão seguindo cronogramas modificados, mas próximos aos cronogramas originais, em modo remota. As disciplinas experimentais estão realizando atividades remotas complementares, mas considerando que atividades presenciais serão necessárias antes do encerramento da disciplina.

Qual o grau de satisfação da coordenação com as atividades remotas que já estão sendo organizadas? Está havendo avaliação nas disciplinas? Como?
Nós, CG e CoCs, entendemos que a transposição de atividades presenciais para remotas foi, pelas circunstâncias, abrupta e não planejada. Assim, é claro que o processo não foi nem está sendo tranquilo. No entanto, enxergamos uma grande disposição dos docentes e discentes para se adaptarem às demandas desse momento de exceção, e um grande esforço para acomodar diferenças e minimizar os prejuízos formativos. Nesse sentido, nossa avaliação é muito positiva. O IQ utiliza um sistema já muito estabelecido para avaliação das suas disciplinas, o Programa de Avaliação das Disciplinas do IQ (PADIQ), mas entendemos que exatamente por se tratar de um período de grande exceção, não faz sentido avaliar as disciplinas utilizando métricas desenhadas para outro contexto. Por isso, não iremos realizar uma avaliação sistematizada das disciplinas deste semestre.

Qual o grau de interesse pela realização de atividades remotas de docentes e discentes?
Pelas respostas obtidas em enquetes enviadas recentemente, observamos que a grande maioria (90%) do corpo docente continuou as atividades das disciplinas na modalidade remota. Por outro lado, para o corpo discente, cerca de 35% indicou que tem muita dificuldade em acompanhar as disciplinas, enquanto de que apenas 5% indicou ter dificuldades com questões estruturais (acesso à internet, equipamentos). Esse resultado sugere que os alunos enfrentam desafios específicos para engajar nesse modo de ensino. O nosso desafio agora é tentar identificar quais fatores contribuem para isso e como enfrentar o problema.

Há relatos sobre a problemas sociais, psicológicos e materiais do corpo social do curso e unidade diretamente relacionada à covid-19?
Com grande tristeza lembro que o primeiro aluno da USP a falecer em decorrência da COVID-19 foi um aluno do curso de Química, ainda em março. Esse acontecimento impactou muito a comunidade que ainda não teve a chance de viver o luto enquanto comunidade, juntos. Fora essa perda, felizmente não tivemos mais nenhuma perda de aluno. Entretanto, temos alguns relatos de alunos da graduação e pós-graduação que perderam familiares ou que têm familiares hospitalizados. E também, ainda que de forma anedótica, temos percebido um aumento significativo em problemas de saúde mental, principalmente entre os alunos.

Sua unidade ofereceu cursos de capacitação para atividades remotas a docentes? Tem alguma proposta tecnológica de sua instituição para sua efetivação? Ou isso ficou a critério dos docentes no caso de as aulas estarem ocorrendo?
Vários órgãos e unidades da USP, assim como também o IQ, têm se empenhado na produção de material de treinamento e capacitação para a transposição de modelos de ensino presencial para modelos mistos e/ou remotos. Esses materiais têm sido disponibilizados com frequência. Além disso, cursos de treinamento em pequenos grupos e sobre temas/tópicos específicos estão sendo oferecidos sempre que a demanda é identifica. A Universidade tem grande expertise em tecnologias remotas para o ensino e conta com grupos de pesquisa dedicados ao assunto, e isso tem ajudado muito a comunidade nesse momento.

Houve uma preocupação da Instituição com o mínimo de padronização das aulas ofertadas?
A maioria das disciplinas já estavam acontecendo quando precisamos transpor do modelo presencial para o remoto. Com isso, muito do material já estava preparado e o planos didáticos fechados. Assim, consideramos que seria uma demanda desproporcional pedir que, além da transposição inesperada de modelos, as aulas fossem minimamente padronizadas. Preferimos respeitar a prerrogativa dos docentes de decidir qual o melhor formato para encaminhar suas disciplinas, considerando que o docente responsável é aquele mais bem capacitado para tomar decisões quanto aos conteúdos e métodos das suas disciplinas.


Texto: Mario Henrique Viana (Assessoria de Imprensa da SBQ)








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