15/07/2021
Testemunhos Falecimento Prof. Oswaldo Alves (UNICAMP)
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foto: UNICAMP
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Claudio Donnici (UFMG)
O inestimável e inolvidável Oswaldo Luiz Alves nos fará nostálgicos para sempre... e a Ciência Brasileira sentirá muita falta deste ótimo professor e brilhante pesquisador, conhecido como um dos maiores especialistas no mundo em nanotecnologia,
sendo não só Membro Titular da ABC, mas ainda notório Membro da "The World Academy of Science - TWAS" (em português a Academia Mundial de Ciências)!
Todavia, também sempre saudosamente todos lembraremos do
Prof. Dr. Oswaldo Luiz Alves, pelo seu destaque como homem muito culto, sensato, humanitário, afável, entusiasta e muito engajado socialmente e ativista atuante contra nossa desigualdade social!
(vale a pena ver um vídeo: https://youtu.be/wmbbtoGkIyk)
O Prof. Oswaldo Luiz Alves fez uma interessante apresentação na noite anterior ao seu decesso, no "Dia Nacional da Ciência", no lançamento do "SO_U_CIÊNCIA! Ficará como infinita e linda homenagem "in memorian", quase um belo requiem, para a posteridade e futuras gerações não olvidarem deste nosso memorável e inesquecível exemplo de Ser Humano, de Cientista e de Brasileiro digno, honrado, ético, dedicado, inteligentissimo e brilhante que aplicou a sua vida para o Progresso Científico, Educacional e Tecnologico do nosso país!!
(https://youtu.be/gXBQhXKySls)
Neste vídeo inesquecível, a partir de agora (Oswaldo Alves aparece a partir de ~ 1h34 até ~1h52...) que nós guardemos a sua imagem com afeição e zelo na memória, e rememoremos o seu tom de voz firme, expressivo e significativo de homem sábio e equilibrado, sempre sincero e fraterno, polido e gentil! DEIXA MUITAS SAUDADES, E MAIS DO QUE TUDO UM LEGADO VALIOSO PARA A CIÊNCIA E UM EXEMPLO DE DIGNIDADE PARA A NOSSA SOCIEDADE BRASILEIRA!
MEUS PROFUNDOS PÊSAMES E SINCERAS CONDOLÊNCIAS AOS FAMILIARES EM PRIMEIRO LUGAR, AOS COLEGAS DE "ALMA MATER-UNICAMP" E A TODA A CIÊNCIA BRASILEIRA PELA PERDA DA CONVIVÊNCIA FÍSICA COM ESTE INCRÍVEL SER HUMANO, OSWALDO LUIZ ALVES, QUE COM CERTEZA AGORA É MAIS UM SER DE LUZ NO PLANO MAIOR DA VIDA!
Carlos Alberto Filgueiras, Presidente da SBQ, 1990-1992
Professor Oswaldo Luiz Alves
Recebi esta manhã, bastante consternado, a notícia da morte súbita de um grande brasileiro, o Professor Oswaldo Luiz Alves. Conheci Oswaldo há cerca de 40 anos e sempre tive grande apreço por ele como pessoa, e admiração por sua obra científica, educacional e de divulgação científica, além das muitas realizações como gestor, sobretudo no âmbito de nossa Sociedade Brasileira de Química. Sempre admirei a carreira científica ímpar de Oswaldo, que encontrei pela última vez em 2019, pouco antes do início da atual pandemia. Naquela ocasião, no Rio de Janeiro, ele conversou comigo demoradamente e de forma muito entusiasmada acerca de planos que queria pôr em prática a propósito de uma avaliação histórica da ciência no Brasil na ocasião do bicentenário de nossa independência.
Acompanhei desde sua incepção o LQES NEWS, o magnífico boletim quinzenal com que ele nos brindava e era sempre um prazer de ler, com informações relevantes e preciosas sobre uma enorme variedade de temas científicos e culturais. Foram mais de 400 boletins de que tenho boas recordações.
Oswaldo Luiz Alves pertence de forma proeminente à história da ciência no Brasil e permanece como um exemplo de superação e realização de uma carreira brilhante que merece ser conhecida, sobretudo das novas gerações.
Soraya S. Smaili (SOU_CIENCIA, Centro de Estudos Sociedade Universidade e Ciência, Unifesp)
Nota de Pesar - Prof. Dr. Oswaldo Luiz Alves
Expressamos nosso imenso pesar pelo falecimento do Professor Oswaldo Luiz Alves, ocorrido neste dia 10/07/21. Professor Titular do Instituto de Química da Universidade de Campinas, membro titular da Academia Brasileira de Ciências e condecorado com a Ordem do Mérito Científico, Professor Oswaldo Alves foi um destaque de sua geração e influenciou pesquisadores e cientistas com seus estudos e sua disposição para a comunicação.
Recentemente, e para a nossa honra, aceitou compor o Comitê Científico do recém criado Centro de Estudos SOU_CIENCIA, lançado no dia 8 de Julho de 2021. Na ocasião, quando também foi celebrado o dia Nacional da Ciência e do Pesquisador(a), o Professor Oswaldo L. Alves proferiu palestra sobre um levantamento de dados realizado por ele de maneira dedicada e primorosa, a respeito do papel da Universidade durante a pandemia do coronavírus.
Professor Oswaldo nos brindou com uma fala de elevado conteúdo científico, apresentada de maneira clara e emocionada. Um brinde à Ciência, feito pelo querido Professor, à qual ele se dedicou por toda uma vida, fazendo contribuições relevantes na área da Química, especialmente da nanotecnologia. Tinha muita habilidade de falar sobre este e outros temas da Ciência de uma maneira acessível e foi incansável na divulgação científica.
O legado que ele nos deixa é enorme e neste sentido, nós do SOU_CIENCIA, trabalharemos muito para fazer jus ao que nos deixou. Queremos também expressar, que sempre lembraremos dele nesta posição de alegria e emoção por participar da Ciência e por levar a Ciência de nosso país a todos os lugares.
Nossa solidariedade e um abraço a todos os amigos e familiares.
Cássia Gonçalves Magalhães – Departamento de Química - Universidade Estadual de Ponta Grossa – Ponta Grossa, Paraná
Conheci o professor Oswaldo Luiz Alves no ano de 2018, quando ele foi convidado a proferir a conferência de abertura do X Simpósio de Graduação e Pós-Graduação em Química da UEPG, realizado sob minha coordenação. Ao fazer o convite, pensava que ele talvez não aceitasse, devido ao grande número de afazeres. Contudo, foi grande a satisfação em receber a notícia de que ele iria desmarcar um compromisso para estar presente em nosso evento. A partir desse primeiro contato, ele sempre foi bastante solícito em responder todas as mensagens que enviava. A palestra, cujo tema era "Nanotecnologia (NoT) nas coisas: fundamentos, oportunidades e desafios" atraiu a atenção de toda a plateia, pela natural eloquência do professor Oswaldo, que demonstrava, em suas palavras, sua afeição pela Química, destacando a importância da nanotecnologia em diferentes setores da sociedade. Mesmo encerrado o evento, ainda mantivemos contato, onde o professor sempre divulgava webinários da Academia Brasileira de Ciências. O que mais me chamou a atenção nesse breve, mas profícuo contato com o professor Oswaldo, foi a atenção e incentivo que ele dava aos jovens pesquisadores e pós-graduandos, para os quais dizia que "era preciso sair da caixa", vislumbrar novos horizontes. Sua notável contribuição para a ciência brasileira foi refletida nos diversos prêmios que recebeu ao longo de sua brilhante carreira e, seguramente, o grande número de pesquisadores que ele formou levará seu legado adiante, para que a ciência no país tenha, um dia, seu devido reconhecimento.
Ana Beatriz de Oliveira, Reitora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
Homenagem da UFSCar ao Professor Oswaldo Luiz Alves, falecido em 10 de julho de 2021
A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) lamenta profundamente o falecimento do Professor Oswaldo Luiz Alves, no dia 10 de julho. Na UFSCar, foi membro do Conselho de Curadores (2004 a 2016), atividade que exerceu sempre de forma muito interessada, participativa e, através da qual, contribuiu com o desenvolvimento da Universidade. Sua ampla visão da Ciência e extraordinária capacidade intelectual, foram fundamentais para as diretrizes da Universidade.
A Ciência brasileira e a UFSCar perdem uma pessoa e profissional ímpar, que deixa importantes marcas na Ciência. A Universidade manifesta condolências e solidariedade aos familiares do Professor Oswaldo Luiz Alves.
Memória de Lauro E S Barata em 11.07.2021
OSWALDÃO
Oswaldão, nós os amigos assim o tratávamos. O nome imponente por sí só trazia o
sobrenome dos Alves, Oswaldo Luiz Alves. Imponente pela vida científica que teve,
pelo seu legado na área da Química e da nanotec, a persona boa que era se foi. Soube
pelo whatsapp esta manhã e chorei baixinho, pelo pesquisador de primeira, mas
sobretudo pelo ser humano alegre, decente, humano, é isso que fica. Para mim, fica a
figura de voz calma, serena, de um cara ativo, e fica o jovem que conheci e o bom
homem que se tornou e que elevou o nome do IQ e da Unicamp. Parece-me que foi
em outra vida que o conheci, tanto tempo faz que me tornei amigo dele e espero que
ele pudesse dizer o mesmo de mim. Chegado em 1971 do Mestrado na UFRJ na
Unicamp a quando a Universidade era ainda um projeto do que se tornou, não
conhecia quase ninguém. A Química (o Instituto de Química ou IQ) era um barracão
que ficava próximo a atual Reitoria (ainda está lá, creio que é ocupado pelas
Engenharias) e todo mundo convivia num mesmo espaço o que acabava que a gente
conhecia pessoal da Antropologia, da Economia e de outras áreas, foi assim que
conheci Peter Fry, João Manoel e sua amiga, a cara Verena, o barracão que abrigava
todo mundo funcionava como uma verdadeira Uni-ver-si-da-de. Professores e alunos
eram muito próximos, conhecíamos pessoalmente até o próprio Reitor que tratávamos
de Zéfa e que almoçava no mesmo restaurante nosso, o RU da Unicamp. Assim,
conheci o Oswaldão. Ficamos mais próximos quando mudamos para o prédio novo,
que hoje é o velho, o bloco A, que já tinha uma biblioteca decente com todos os
volumes do Chemical Abstract, coisa rara na época, parece que custou USD10mil, e foi
obtida via Merck Sharp & Dohme via trabalhos que tanto eu quanto ele fazíamos para
a empresa, o controle de qualidade por IV de matérias primas medicamentosas.
Acho que a gente se conheceu melhor quando em 1974 atendemos ao Congresso
Nacional da SBPC no Recife1 . Estudantes e professores ficamos todos em uma pousada
próximo à Praça São Pedro onde aconteciam as Cirandas. O hotel, um muquifo, simples
demais, mas era o que o auxílio que a reitoria nos deu permitia. Mais, o Reitor,
Zéferino Vaz, hoje rodovia, fretou um avião para levar a Unicamp que fazia ao Recife,
sem stop, não era um avião qualquer, era um caravelle, jato puro que nem parou em
Salvador como era programado, a lotação era daqueles que iam para o congresso no
Recife. As refeições (e bebidas...) fartas no avião logo se tornou um problema, e logo a
animação foi mais do que a esperada num voo, travesseiros cruzavam os ares numa
alegria quase infantil. Chegamos são e salvos no Recife e fomos para a tal pousada que
ficava ao lado de uma ponte de ferro muito antiga, a 3 min a pé da praça São Pedro.
Assistíamos maravilhados a todas as conferências, a mais empolgante e inspiradora do
Celso Furtado2 recém-chegado do exterior tombando no governo ditatorial do Geisel.
Saímos dali achando que o regime execrado acabaria logo, mas ainda durou 14
anos...quase o mesmo temo que o ônibus que esperávamos para voltar para a cidade e
que não vinha...pedindo carona paramos um fusca azul, eu Oswaldão e talvez Verena,
o fusca era de uma Professora da UFPE, e que em São Paulo teria uma lotação de no
máximo 5, a Professora, no entanto, fez subir no fusca tantos quanto quisessem ter
uma viagem apertada, foram 9, não sei como até hoje...
Certa noite chuvosa, depois do jantar na pousada, fomos eu Oswaldão e nem sei mais
quem, um grupo, para ver a ciranda na praça. Cruzamos com moças de vida nada fácil,
moçoilas que faziam ponto na frente de uma igreja, uma banda na praça tocava um
animado frevo e eu mais animado com o guarda-chuva preto arrisquei uns passos de
frevo que elas aplaudiram de pé, foi só isso. Acho que ele fez uma foto do eventual
evento, mas não tenho certeza, pelo menos visualmente isto ficou gravado para mim.
Chegados à praça ficamos a ver a ciranda, como ciranda não é pra ver e sim para
participar logo entramos na dança, e para azar do Oswaldão, mas por mero acaso, foi
filmado pela Globo e passado em edição nacional "cientistas se divertem à toa..." não
sei se foi esse o título, mas foi visto todo mundo plugado no Jornal Nacional, mas
sobretudo pela Isolette, a Zô, que era a noiva do Oswaldão, e que parece ter rendido
uma estória pra ele...
Dias depois fomos uma turma, ele e Verena para a famosa feira de Caruaru, dormimos
em outro muquifo, um pouco pior que o anterior, mas de cima do predinho
conseguimos ver a feira de Caruaru se armando as 4h da manhã, já ninguém conseguia
dormir mais tal era o alarido, fiz fotos com a minha Pentax, que devem ter se perdido
pelo caminho.
Nas nossas conversas culturais, eu e Oswaldão, sentimos que precisávamos de alguma
cultura no IQ. Campinas era um deserto cultural, eu tinha vindo de Belém e depois Rio
onde a cultura era um bem alcançável. Decidimos obter com o Centro Cultural
Americano (ou outro nome) filmes de arte e cultura. A Diretoria do IQ adquiriu para
nós um projetor e iniciamos as sessões de cinema, sempre ao meio-dia no nosso
auditório. Durou até que eu fui para a França fazer o pós-doc em 1977 e foi quando
por um breve momento nos encontramos de novo, nós dois em diferentes CNRS, eu já
terminando e ele começando seu estágio de pós-doc ambos de 2 anos.
Depois disso Oswaldão decidiu mostrar o que ele sempre foi, importante, foi
presidente da SBQ e de outras importantes organizações, trabalhou demais, fez a boa
política científica e tecnológica e publicou demais. Não tinha tempo para passa-
tempos, estávamos no mesmo andar do prédio, IQ-bloco I que ajudei a construir, mas
a gente se via muito pouco, hoje soube da sua passagem e chorei sozinho e mais
quando minha filha Germana que trabalhou um pouco com ele me contou o que eu já
sabia pelo zap. Foi-se um amigo, foi-se alguém que precisava ter ficado muito mais
tempo pelo bem da Ciência Brasileira.
1 26ª Reunião Anual da SBPC Tema: Situação das Ciências no Brasil 10 a 17 de julho de 1974 SUDENE e
Escola de Engenharia da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Recife, PE
2 Voltando do exílio, Celso Furtado fala sobre o desenvolvimento brasileiro. Discursaram ainda João
Paulo dos Reis Velloso, ministro do Planejamento e outros.
Cristina Marcucci (UNESP)
"O Oswaldo me deu aulas na graduação em Química da Unicamp. Me lembro muito bem de um fato importante na minha formação. Tive que fazer um trabalho de fim de disciplina, que consistia em escrever sobre um tema, escolhido pelo aluno. Escolhi "enzimas azuis" que despertou o meu interesse pela pesquisa. Tirei dez e isso me ajudou a decidir pela carreira científica. Hoje, pertenço a lista dos 100 mil pesquisadores mais influentes do mundo. Seu exemplo foi determinante na minha vida profissional".
Grata pela oportunidade de poder falar um pouco de memórias tão boas e de um professor tão querido!
Vanderlan Bolzani, Profa. Titular do IQAr/Unesp, Presidente da ACIESP e Membro do Conselho SBPC
Uma homenagem ao grande cientista brasileiro, Oswaldo Alves
Em artigo para o Jornal da Ciência, a presidente da Aciesp e conselheira da SBPC, Vanderlan da Silva Bolzani, ressalta a trajetória e o legado do ilustre químico que faleceu no último sábado, 10 de julho
Sábado à tarde fomos tomados pela triste notícia sobre o falecimento inesperado do ilustre químico brasileiro, nosso querido Professor Oswaldo Alves, vitimado por um infarto fulminante. Cientista mundialmente reconhecido pelas suas pesquisas sobre a Química do Estado Sólido e Nanotecnologia na Unicamp, foi vice-presidente para a Região de São Paulo da Academia Brasileira de Ciência (ABC) e sócio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), desde1986, com participação ativa. Quem não lembra a memorável conferência proferida pelo Oswaldo Alves na nossa última Reunião Anual da SBPC presencial, no dia 25/07/2019, em Campo Grande, na Sessão SBPC Inovação "Nanotecnologia das coisas". Oswaldo ressaltou na sua conferência numa frase singular a importância que dava a multidisciplinaridade na ciência para as pesquisas em todas as áreas do conhecimento: "Nanotecnologia não é uma ciência, é uma multiciência."
Nascido em São Paulo em 1947, desde criança era fascinado pelos brinquedos que exigiam o despertar pela ciência. Assim, desde cedo sempre participava dos eventos escolares e foi um garoto do clube de ciência da escola onde estudou, em Perdizes, onde se encantava com os primeiros experimentos realizados em química e biologia. Realizou o curso técnico em química industrial entre o período de 1967 a 1973, e concluiu bacharelado e licenciatura em Química na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Fez seu doutorado em Química, também na Unicamp, e partiu para a França, para fazer pós-doutorado em Espectroquímica de Infravermelho e Raman, no Centro Nacional de Pesquisa Científica (LASIR-CNRS).
Estudando nanocompósitos, nanotubos inorgânicos, nanopartículas metálicas, vidros especiais, nanoecomateriais, interação de nanoestruturas com biossistemas, construiu o alicerce acadêmico e tecnológico de pesquisas em química inorgânica de grande importância para a ciência, tecnologia e inovação do País. Publicou mais de 250 trabalhos científicos e orientou mais de 50 teses de mestrado e doutorado. Sua extensa obra científica pode ser facilmente acessada na base Lattes, CNPq e nos inúmeros artigos, notas e vídeos disponíveis na Base Google, entre outras. Mas vale destacar aqui o Projeto de Prospecção em Nanociência e Nanotecnologia do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) (2004-2006). Também merece destaque sua filiação a várias sociedades científicas, dentre elas a Sociedade Brasileira de Química, da qual foi presidente no biênio 1998/2000 e membro do Conselho. Fez parte ainda do Conselho Deliberativo do CNPq (2001-2005).
Um sentimento de enorme tristeza nos invadiu com a demonstração mais clara do inexorável: a vida humana tem tempo determinado e imprevisível, ainda difícil de ser interiorizado em nossas mentes e corações. Aqui, nesta singela homenagem minha, em nome da SBPC, ao grande cientista brasileiro Oswaldo Alves, permitam-me parodiar o grande escritor brasileiro Guimarães Rosas, "As pessoas queridas não morrem, elas ficam encantadas." Agora "encantado", estará eternamente entre nós!
Shimadzu do Brasil
Com consternação e pesar, recebemos a triste notícia da perda do ilustre Professor Oswaldo Luiz Alves.
Por sua vasta contribuição à Ciência Brasileira, Prof. Oswaldo deixará uma grande lacuna, mas também, um importante legado.
Manifestamos publicamente nossos sentimentos e nos solidarizamos com sua família, amigos e toda comunidade científica.
Fernando Galembeck (UNICAMP)
A Ciência acaba de perder um grande lutador. Faleceu um amigo leal, um professor exemplar, um desbravador e iluminador de caminhos para o futuro.
Oswaldo Luiz Alves, paulistano das Perdizes, forjou sua cidadania e seu espírito acadêmico no Colégio de Aplicação da USP, nas lutas dos anos 60. Formou-se Químico na recém-criada Unicamp, em um ambiente rico em arrojo, em espírito criador, em desejos de mudança e, por isso mesmo, em conflitos.
Colocou suas metas bem alto: fez avançar a fronteira do conhecimento, formou novos cientistas e professores de alto padrão, ensinou com entusiasmo e qualidade sucessivas coortes de estudantes, transformou suas descobertas em produtos e processos necessários para a melhoria da vida humana. Empenhou-se em comunicar e difundir Ciência, explicando e prestando contas à sociedade do que dela recebeu, como estudante e professor de universidade pública.
Cidadão digno e engajado, afirmou sua negritude, nunca permitindo que ela o prejudicasse, nem que o alavancasse. Empenhou-se pelas causas da comunidade científica, servindo na Sociedade Brasileira de Química e na Academia Brasileira de Ciências. Sempre exercitou a crítica para construir e só desdenhou a mediocridade e o patrimonialismo.
Os resedás que rodeiam sua casa são testemunhas duradouras do seu senso de beleza e do seu apreço pela simetria e ordem.
Sempre apaixonado pela Isolete, cultivou nos últimos vinte anos uma paixão pela Nanotecnologia, como ferramenta de transformação. Fazendo, difundindo e ensinando Nanotecnologia, produziu legiões de novos apaixonados.
Católico fiel, está agora sentado à direita do Pai.
Claudete Fernandes Pereira (UFPE)
Com grande tristeza o Departamento de Química Fundamental da Universidade Federal de Pernambuco recebeu a notícia do falecimento de nosso grande amigo e colaborador Prof. Oswaldo Luiz Alves, da UNICAMP, neste sábado, 10/7. A triste notícia pegou a todos nós de surpresa, pois nosso professor Oscar Malta, inclusive, esteve com ele na terça-feira anterior (06/07).
O Prof. Oswaldo Luiz Alves era uma referência na Química, tanto cientista como ser humano, pessoa admirável que deixa uma lacuna enorme. Por volta de 2003 foi nosso colaborador no Instituto do Milênio de Materiais Complexos. Foi o fundador e editor científico do Boletim Eletrônico LQES NEWS que é muito usado em algumas disciplinas do bacharelado em Química da UFPE. Mais recentemente foi o tutor científico da área de Química no Instituto Serrapilheira, tendo acompanhado alguns de nossos importantes projetos.
Químico de renome e reconhecimento nacional e internacional na área de nanotecnologia e materiais, teve uma vida profissional também bastante dedicada à causa do desenvolvimento científico nacional. Foi presidente da Sociedade Brasileira de Química (SBQ) de 1998 a 2000; consultor da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) para a área de Nanotecnologia (2007-2015); membro da Diretoria da Academia Brasileira de Ciências desde 2016;membro do Comitê Consultivo para a Área de Nanotecnologia do MCTI( 2011-2016); do Conselho Científico da APAE de São Paulo (2010-2016) e do Conselho Técnico Científico do CTI-Renato Archer (2020). Recebeu inúmeros prêmios, dentre os quais destacam-se, por exemplo, a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, em 2018 e o título de professor Honoris Causa concedido pela Universidade Federal do Ceará (2019). Era pesquisador I-A do CNPq.
Uma perda inestimável para a ciência nacional.
Vanderlan Bolzani, Paulo Artaxo e Adriano Andricopulo - Diretoria ACIESP
É difícil encontrar palavras que possam expressar o nosso sentimento de dor com a perda do querido colega e amigo, Oswaldo Alves, membro titular da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (ACIESP). Oswaldo era professor titular do Departamento de Química Inorgânica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e fundador do Laboratório de Química do Estado Sólido (LQES-Unicamp).
A morte de Oswaldo Alves deixa a química brasileira empobrecida. Com grande destaque entre os mais importantes cientistas brasileiros, era reconhecido mundialmente por suas pesquisas em nanotecnologia. Construiu uma brilhante carreira marcada pela excelência como professor, orientador, pesquisador e gestor.
Partiu muito cedo, no dia 10 de julho, aos 73 anos, vitimado por um infarto fulminante. Deixa um imenso legado para a ciência nacional. Um exemplo de inspiração e liderança para todos nós.
A ciência brasileira está de luto.
Djalma Lucas de Sousa Maia (orientando de doutorado do prof. Oswaldo Alves, UNICAMP)
O que dizer de uma pessoa tão especial quanto professor Oswaldo. Iniciaria agradecemos a oportunidade ofertada de ter convivido com um grande ser humano que, mesmo possuindo uma carreira profissional, acadêmica e científica grandiosa, não perdeu a sua humildade e o carinho pelos que cruzavam o seu caminho. É, sem dúvidas, uma perda muito grande para toda a comunidade acadêmica brasileira e mundial. Tive o prazer de ser orientando de doutorado do professor Oswaldo e, infelizmente, não terei a vossa presença na composição da minha banca de defesa de tese. Tese esta, fruto de um trabalho que realizamos e desenvolvemos juntos. No entanto, saiba que o senhor estará presente em cada momento da minha vida pessoal e profissional através dos seus ensinamentos e das marcantes, únicas, alegres lembranças (difícil adjetivar). O professor Oswaldo era uma pessoa que ia muito além da figura de orientador de tese, ele era um psicólogo, conselheiro, amigo, um verdadeiro pai. Sentirei falta das nossas conversas frente assuntos como ciência, filosofia, arte, música, dentre outros temas. Prezado professor Oswaldo, saiba que o senhor fará muita falta. Como eu falei para o senhor em nossa última conversa de WhatsApp: "Parabéns pelas palavras caro professor Oswaldo! O senhor me representa, pela defesa da ciência e do conhecimento, quanto pela cor da pele que carregamos com muito orgulho, mesmo diante de tantas lutas!"; "Me orgulho de ser seu orientando, pois aprendi muito com o senhor". Mais uma vez, obrigado por ter me dado o grandioso presente que foi conviver esses anos com o senhor. Eles estarão eternizados em minha memória grande professor Oswaldo Luiz Alves. O senhor é um exemplo a ser seguido!
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