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16/12/2021



Oswaldo Sala - (29/06/1926 - 07/12/2021)


Um grande cientista, membro da Academia Brasileira de Ciências, acaba de partir. Sem dúvida, uma triste perda para a Ciência, e em particular, para a Espectroscopia.

Oswaldo Sala foi o meu primeiro mestre na espectroscopia. Eu o conheci ainda durante a minha graduação, em 1969, quando me ajudou a obter espectros Raman no curso de Físico-Química Experimental. Foi quando também conheci o Professor Hans Stammreich, seu orientador, vindo do Departamento de Física da antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo.

Oswaldo Sala formou-se em física pela Universidade de São Paulo, em 1948. Seu irmão, Oscar Sala (1922-2010) foi um dos cientistas e acadêmicos mais destacados e importantes do Brasil. Oswaldo Sala começou sua carreira científica em 1950, trabalhando na excitação Raman com lâmpadas de hélio, na faixa do visível que é mais adequada para estudo de substâncias coloridas, bem como na implantação de espectrógrafos com rede de difração. Doutorou-se em 1961, pela USP. Com o falecimento do Prof. Stammreich em 1969, assumiu a direção do Laboratório de Espectroscopia Molecular no recém criado Instituto de Química da USP. Em 1970, instalou o primeiro espectrômetro Raman-laser da América do Sul, e o Laboratório tornou-se referência internacional, recebendo muitos visitantes e colaboradores, como o Prof. Kawai, do Japão. Nos anos seguintes, o Laboratório desenvolveu pesquisas de ponta em espectroscopia Raman ressonante, e na década de 1980, passou a pesquisar um novo efeito, conhecido como SERS (surface enhanced Raman scattering). Hoje, os estudos e aplicações do SERS estão em destaque na nanotecnologia moderna. Ao longo do tempo, foram muitas teses e trabalhos de grande amplitude, incluindo moléculas adsorvidas em catalisadores, aprisionadas em matrizes, monocristais e superfícies.

Sempre muito reservado, Sala conseguia transmitir seu afeto camuflado no sorriso tímido e sincero. Era assim que se cercava de amigos, alunos e admiradores. Suas aulas eram peculiares, nem sempre muito didáticas, porém conseguia adquirir o respeito de todos os alunos, que acabam aprendendo com seu esforço integrado. Sim, ele sempre estava disponível para esclarecer dúvidas e orientar discussões. Juntamente com o Prof. Kawai, a espectroscopia conseguiu ser ensinada mesmo com as limitações do idioma e as dificuldades conceituais inerentes. Algo realmente muito diferente, quase inusitado para dias atuais. Sala fazia pesquisa por paixão, adorava montar equipamentos e medidas, principalmente quando podia contar com seu grande colaborador, o competente Ayrosa, e seu grande artesão, Paulinho.

Mas Sala também tocava piano, embora nunca deixasse transparecer sua educação e cultura musical. Foi homenageado pela Sociedade Brasileira de Química, na 23ª. Reunião Anual. Escreveu um livro texto bastante conhecido pela comunidade científica, sobre Espectroscopia Raman e no Infravermelho, Editora UNESP (2ª edição, 2011)

Atualmente seus dados biográficos se perdem em sua modéstia, com poucas informações disponíveis no Curriculum Lattes, além das complicações dos homônimos que compartilham seu Google Scholar. Mas, sem dúvida, Oswaldo Sala será sempre lembrado pelos seus alunos, amigos e pelo Laboratório que construiu ao longo dos tempos.


Fonte: Henrique E. Toma (13/12/2021)








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