24/11/2011

Avanços da espectrometria de massas ampliam horizontes da química

Em pouco mais de vinte anos, os laboratórios de química presenciaram um grande salto tecnológico com a evolução da espectrometria de massas. O progresso reflete-se hoje no número crescente de áreas de pequisa e aplicação que passam a utilizar essas técnicas, assim como em novas oportunidades profissionais para os especialistas no uso dos equipamentos. Uma amostra desse panorama será apresentada no Congresso da Sociedade Brasileira de Espectrometria de Massas, 4º BrMass, que acontecerá de 10 a 13 de dezembro, em Campinas.

Com cerca de mil inscritos, o evento, segundo os organizadores, será um dos maiores da área, em âmbito internacional, e tem dois importantes objetivos. Primeiro, mostrar como se diversificou o raio de alcance da espectrometria de massas. Hoje ela está presente em diversos ramos da ciência, onde se incluem aplicações na medicina, na farmacologia, na pesquisa em química orgânica, no estudo de polímeros, meio ambiente e na atividade forense. A outra missão é atualizar os participantes com palestras de alguns dos principais cientistas internacionais apresentando o estado da arte em MS.

O encontro acontece no momento em que a MS registra forte expansão no país, nota o presidente da BrMass, José Manuel Riveros, do IQ da USP. E é impulsionado por "novos grupos de pesquisa que estão produzindo trabalhos de alta qualidade". Tal crescimento sinaliza que o número de profissionais especializados na área será insuficiente nos próximos anos.

Restrita a poucas aplicações no Brasil, há cerca de 20 anos, quando era utilizada quase que somente por químicos orgânicos e analíticos para caracterização de pequenas moléculas, a tecnologia ultrapassou seus limites graças à criatividade científica, explica Marcos Eberlin, vice-presidente da BrMass e pesquisador do IQ da Unicamp. Com o desenvolvimento de novas técnicas de ionização, sobretudo a partir do trabalho do norte-americano John Fenn (Nobel de 2002) suas aplicações se multiplicaram, passando a alcançar proteínas, polímeros, complexos orgânicos metálicos e líquidos iônicos. Na medicina, por exemplo, diz Eberlin, o encontro vai mostrar usos da MS na produção de imagens de tecidos biológicos na busca de biomarcadores para doenças como Alzheimer, Parkinson e câncer.

A expansão da espectrometria de massas no país vem sendo favorecida pelo interesse de uma nova geração de pesquisadores e também pelos investimentos realizados por fundações e empresas, em particular nas áreas bioquímica e de saúde. Nos últimos cinco anos, nota o vice-presidente da BrMass, foram comercializados cerca de 500 equipamentos de MS e criados vários centros de utilização. O Brasil é hoje, observa, um dos países onde a MS mais se expande, e uma decorrência desse processo é a necessidade de levar o conhecimento para os cursos de graduação.

Entre os especialistas internacionais que farão apresentações no 4º BrMass estão Alexander Makarov, criador do Orbitrap, novo tipo de espectrômetro de massa, (Alemanha), Michael Gross, editor do Journal of The American Society for Mass Spectrometry (EUA), Michael Karas, criador da técnica de MALDI (Alemanha) e Damià Barcelò, químico renomado em razão do grande número de citações e de seu trabalho na área de meio ambiente.


Fonte: Carlos Martins (Assessoria de Imprensa da SBQ)