8/3/2012

35ª REUNIÃO ANUAL
Responsabilidade, Ética e Progresso Social

"Luz para a vida": a fotoquímica na fronteira do conhecimento

As pesquisas na área de fotoquímica podem ser consideradas recentes no Brasil, pois começaram a se consolidar durante os anos 1960. O estudo da luz como reagente químico, que perpassa vários campos de conhecimento, dentro e fora da química, vem, entretanto, se aprofundando e abrindo frentes em paralelo à pesquisa de ponta internacional. Quatro linhas desses trabalhos, mostrando um plano geral do cenário brasileiro, serão apresentadas no workshop "Luz para a vida: medicina, materiais e energia", programado para a 35ª Reunião Anual da SBQ, em maio próximo.

Embora o workshop preocupe-se com os três itens do título, os desdobramentos da pesquisa são inúmeros, analisa o coordenador do encontro Erick Leite Bastos, do IQ- USP. Entre os caminhos mais instigantes estão as possibilidades oferecidas pela espectrometria de femto segundo (10^-15), que permite estudar processos desencadeados pela luz, que acontecem em altíssima velocidade. Esse será o tema da apresentação de René Alfonso Nome Silva, da UNICAMP, durante o encontro.

Uma das vertentes abertas pela pesquisa são as oportunidades de aplicação das chamadas terapias fotodinâmicas, baseadas na irradiação da luz. Ao transformar, por exemplo, as propriedades do oxigênio, a tecnologia permite atuar sobre células tumorais. Pode ser usada no tratamento de doenças de pele ou, ainda, ter funções cosméticas. Duas linhas de pesquisa com terapias fotodinâmicas ganham destaque no workshop com os trabalhos de Maurício Batista, do IQ-USP e de Anderson Ribeiro, da UFABC.

A importância da conversão de compostos químicos em eletricidade tem sido, da mesma forma, um foco de interesse da pesquisa na área. A busca por células fotoelétricas, formadas em geral com complexos metálicos, situa-se na fronteira do conhecimento e terá lugar no evento através da palestra de Karina Morelli Frin, da UFABC.

A utilização de um pulso de luz para a quebra de moléculas e formação de espécies químicas muito reativas mostra-se como uma tecnologia que abre caminho para o estudo de mecanismos de reações fotoquímicas. O estudo desses processos tem sido o alvo das pesquisas de Noburo Hioka da UEM, um dos integrantes do encontro. "Nossa proposta é oferecer um workshop mais amplo, mostrar o que a luz pode fazer quando interage com a matéria e a importância disso para a vida", afirma Bastos, lembrando que a fotoquímica é um instrumental para vários campos de conhecimento e deverá despertar interesse crescente nos próximos anos. As espécies químicas envolvidas em reações fotoquímicas, nota o coordenador, são em geral pouco estáveis, o que torna seu estudo bastante difícil. Porém a fotoquímica é a chave para uso da luz do sol na obtenção de energia elétrica, para tratamento de doenças, com moléculas que absorvem a luz, e para o entendimento de processos químicos que permitem a vida na terra, como a fotossíntese.


Fonte: Carlos Martins (Assessoria de Imprensa da SBQ)