14/6/2012
Saiu a QuÃmica Nova na Escola número 2 - Volume 34
EDITORIAL
QuÃmica Nova na Escola continua com seu papel de difundir resultados de pesquisa e contribuições para a melhora da educação quÃmica. São as mais variadas
temáticas que temos tratado ao longo desses 17 anos de publicação ininterrupta.
Na edição passada, lançamos a chamada de artigos para o Programa Institucional
de Bolsas de Iniciação à Docência, cujo prazo de submissão foi ampliado para
04/06/2012, atendendo à solicitação de muitos autores. Dentre outras temáticas
que têm sido abordadas na revista, neste número, voltamos a publicar artigos que
relacionam educação quÃmica com saúde.
A alimentação tem sido tema de indiscutÃvel importância na sociedade, na ciência
e mais ainda na escola. Tem-se percebido que deve haver um maior compromisso
entre as instâncias de produção de conhecimento, de bens materiais, de valores
para que as pessoas tenham acesso à informação confiável sobre a qualidade dos
alimentos, seus componentes nutricionais, aditivos, origem e validade para que elas
possam decidir por uma dieta balanceada de acordo com suas necessidades. Tal
compromisso deve ser ainda mais evidente e indutor na direção de qualificar as dietas,
tendo em vista a forte pressão que os meios de comunicação e fundamentalmente
a propaganda neles veiculadas têm exercido sobre a população.
Dados do IBGE de 2009 indicam que mais de 90% da população brasileira
consomem menos que a quantidade mÃnima recomendada de frutas, legumes e
verduras. Na contramão, bebidas com adição de açúcar, como refrigerantes, têm
consumo elevado entre jovens que também têm privilegiado a ingestão de embutidos,
frituras, biscoitos e sanduÃches em detrimento do tradicional e nutritivo arroz com
feijão e "mistura". Esta deixou de ser variada e complementar para se transformar
em sinônimo de comida rápida e misturada. Observou-se que a ingestão de alimen-
tos com altas taxas de gordura e açúcar, como sanduÃches e refrigerantes, ocorre,
sobretudo, fora do domicÃlio e certamente deve haver correlação com o aumento
da obesidade da população.
É fato que os hábitos alimentares estão diretamente relacionados à sensação
de prazer de degustar os alimentos, mas esses hábitos se formam na experiência
de vida das pessoas, em suas situações de trabalho, estudo, lazer e fruição. Ou
seja, a preferência por essa ou aquela forma de consumir o alimento é resultado das
influências culturais e das idiossincrasias das pessoas, que se (in)compatibilizam com
as possibilidades oferecidas para o consumo. Jovens que sejam sistematicamente
expostos a alimentos industrializados com excesso de açúcar, gordura e aditivos
tendem a preferi-los ainda que tenham crescido à base de culinárias tradicionais.
Mais forte do que os conselhos dos pais para tomar a refeição à mesa com a famÃlia
ou os argumentos dos professores em favor do consumo de alimentos saudáveis e
nutritivos, as pressões sobre crianças e jovens pelo consumo de alimentos rápidos
em locais e tempos desconexos têm prevalecido e contribuÃdo para agravar o quadro
alimentar destes que atravessam importantes fases de desenvolvimento.
A conscientização dos indivÃduos não é a única solução para essa situação.
Certamente pais e professores devem continuar a trabalhar pela conscientização
de seus filhos e alunos, mas é preciso que haja um pacto social sobre práticas de
alimentação saudável, assim como já existem outros sobre a redução do consumo
de bebidas alcoólicas e de cigarros. Doses diárias de frutas, verduras e legumes
deveriam ser propagandeadas na mesma proporção em que se deve desestimular o
consumo excessivo de açúcar, sal, gordura e aditivos na forma de alimentos enlata-
dos. A melhora do quadro alimentar da população brasileira passa pela consciência
social de governos, indústrias e meios de comunicação, e não apenas por aquilo
que a educação familiar e escolar possa contribuir para a causa.
No sentido de refletir sobre essas questões, QuÃmica Nova na Escola publica
neste número textos sobre educação alimentar, alcoolismo e Educação QuÃmica.
Abordados com estilos próprios, esses textos estabelecem um importante diálogo
sobre questões filosóficas , éticas , históricas , culturais , fisiológica s, bioquÃmicas,
quÃmicas, que certamente trarão motivos para reflexão entre os professores e
possivelmente entre alunos também. Temos aqui dois artigos que podem vir a
ser utilizados por professores de quÃmica ou ciências em geral com seus alunos.
Para tal, é preciso que eles passem por um processo de recontextualização para
a sala de aula, pois foram concebidos para as audiências dos professores e seus
programas de formação. Iniciemos, pela ordem, com o debate entre aqueles que
o fazem com responsabilidade e ética, mas não são reconhecidos pelo progresso
social que trazem à sociedade.
Os Editores
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A revista QuÃmica Nova na Escola Vol. 34 No 2 (Maio - 2012) pode ser acessada através deste link.
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