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9/8/2012



Indústria farmacêutica busca novo ciclo com a biotecnologia


Após a criação de duas empresas, Orygen e BioNovis, formadas no início do ano por indústrias de fármacos e de medicamentos, com apoio do BNDES, o país procura ingressar em um novo ciclo de desenvolvimento de produtos. Ele está voltado para os medicamentos biotecnológicos, com base em células vivas ou seus componentes ativos, objeto de atenção especial da indústria farmacêutica mundial, pelos seus altos níveis de lucratividade. Produtos que representam, ao mesmo tempo, um alto dispêndio no gasto com importações quando adquiridos pelo sistema público de saúde.


Ogari Pacheco, Abifina

O sucesso dos projetos de fabricação local apoiados pela política industrial depende, além da qualificação científica das indústrias, da capacidade de vencer etapas para conseguir levar ao mercado os medicamentos no momento propício. Na análise do presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades, Abifina, Ogari Pacheco, o empenho em produzir medicamentos biotecnológicos deve, entretanto, ser cercado de cuidados especiais sobre os controles de eficácia e segurança.

Ele lembra que existe uma preocupação comum de o país não "perder o bonde", na corrida tecnológica, assim como aconteceu com os farmoquímicos, durante os anos 1990 e 2000. E explica: segundo essa visão, a biotecnologia é uma ciência mais nova e, então, a distância que nos separa dos países desenvolvidos é menor. Portanto ficaria mais fácil superar a diferença. "Não é bem verdade", pondera. Os produtos atualmente alvo de interesse são aqueles cujas patentes estão vencendo. Isso significa que foram lançados há cerca de 20 anos. E exigiram estudos que precederam esse lançamento, às vezes com períodos de 15 anos. "Como o país tem pouca biotecnologia desenvolvida, a distância é apreciável", adverte. Ele constata que atualmente começam a ser ofertados no mercado internacional alguns produtos com "eficácia e segurança, no mínimo discutíveis", e nota que o mesmo não pode acontecer aqui.

Em geral destinados a doenças crônicas, degenerativas, autoimunes e tipos de câncer, os medicamentos biotecnológicos poderão ser produzidos por desenvolvimento próprio, ou pela aquisição de tecnologia, o que encurtaria o caminho para sua chegada ao mercado. Neste caso, estarão disponíveis a partir de 2015 ou 2016, informaram ao jornal Valor Econômico, em julho último, representantes da indústria.

Associações. As duas empresas criadas para o desenvolvimento de medicamentos biotecnológicos, com participação do BNDES, são resultado da associação dos laboratórios Biolab, Cristália, Eurofarma e Libbs, que formaram a Orygen. A BioNovis por sua vez, foi criada pelos laboratórios Aché, EMS, Hypermarcas e União Química.

Eleito presidente da Abifina para o mandato que teve início em abril deste ano, e vai até 2014, Ogari Pacheco é porta-voz de um grupo de empresas cuja atuação tem papel estratégico para o complexo industrial da saúde, para a agroquímica, para a fabricação de intermediários de sínteses, catalisadores e outros. O conjunto apresentou, em 2011, um déficit na balança comercial de US$ 6,8 bilhões, onde a maior parcela é representada por fármacos e medicamentos.

O caminho para alterar esse quadro de dependência das importações, e tornar a indústria brasileira mais competitiva, de acordo com o presidente da entidade, é ampliar a política de compras do estado. Hoje, as empresas do setor vem se beneficiando de recursos como crédito mais barato e renúncia fiscal e também de uma política de compras, informa. Contar com demanda regular, entretanto, é o componente mais importante, já que permite viabilizar outros aspectos, como o desenvolvimento de tecnologia e formação de pessoal qualificado.

Genéricos. Ele identifica duas situações que caracterizam o atual cenário para as indústrias do setor. No caso dos medicamentos genéricos, onde existe uma forte concorrência entre os agentes do mercado, com margens de lucro mais reduzidas, é inevitável que os fabricantes nacionais recorram às importações, da Índia e China, em particular. Porque esses países conseguem produzir com preços baixos, em razão de seus grandes volumes de fabricação e de seu alcance internacional. Condições que os fabricantes nacionais de insumos não desfrutam. De outro lado, as multinacionais vão buscar princípios ativos em suas matrizes. "Acho extremamente difícil que a gente tenha um papel importante no cenário mundial no caso das commodities", observa.

No entanto, quando se trata de moléculas mais elaboradas, que demandam maior valor agregado, "acho que é perfeitamente possível produzirmos aqui, de forma competitiva", diz ele, citando o exemplo da própria empresa, a Cristália, que produz 40% dos princípios farmacêuticos ativos que necessita. O fator tecnologia, também é um componente que pode se viabilizar através da expansão do mercado local. "Não estamos inventando nada", diz, lembrando que essa prática, de uso do poder de compra do estado, sempre foi adotada pelos países desenvolvidos.  


Fonte: Carlos Martins (Assessoria de Imprensa da SBQ)






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