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20/9/2012



"Universidades de Pesquisa e o Futuro do Brasil", artigo de Jailson Bittencourt de Andrade publicado no JC Email


Jailson Bittencourt de Andrade é professor titular da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e coordenador do INCT de Energia e Ambiente. Artigo enviado ao JC Email pelo autor.

Os professores das universidades federais brasileiras estiveram/estão em greve há mais de cem dias com uma pauta de reivindicações ampla que inclui, entre outros, a quantidade de horas-aulas semanais, melhores salários e melhores condições para as atividades de ensino e pesquisa. Uma pauta que uniu a maioria das Instituições Federais de Ensino Superior e o corpo docente, independentemente do tempo de serviço.

A intensificação das reivindicações sobre as condições de trabalho ocorreu num momento em que as IES Federais vêm experimentando um circulo virtuoso de investimentos pelo MEC (REUNI) e pelo MCTI (CT-INFRA e Programa INCT). Por revelarem-se insuficientes em orçamentos e desarticulados nas ações, estes investimentos ainda não resultaram numa sensação de "bem estar" no corpo docente das IES.

Este é mais um momento precioso para discutir o papel das Universidades para o futuro do País, bem como a manutenção e intensificação de um sistema universitário multifacetado que atenda as necessidades de formação de pessoal altamente qualificado e de geração e apropriação do conhecimento. Por outro lado, as universidades brasileiras precisam demonstrar aos setores de governo, empresariais, políticos e à sociedade em geral o quanto são estratégicas, também, para o surgimento de novas idéias, o desenvolvimento de produtos, a geração de empregos, a segurança energética, alimentar e ambiental, entre outros.

Um bom exemplo recente foi a elaboração e divulgação do documento Research Universities and the Future of America: Ten Breakthrough Actions Vital to Our Nation's Prosperity and Security (www.nap.edu), pela National Academy of Sciences (NAS). O documento foi elaborado a partir de uma demanda do Congresso dos Estados Unidos da América, que preocupado que o sistema de universidades poderia estar em risco, solicitou a NAS uma avaliação da posição de competitividade das universidades de pesquisa públicas e privadas da América do Norte, respondendo a seguinte questão:

What are the top 10 actions that Congress, the federal government, state governments, research universities, and others can take to assure the ability of the American research university to maintain the excellence in research and doctoral education needed to help the United States compete, prosper, and achieve national goals for health, energy, the environment, and security in the global community of the 21st century?.

Em resposta a NAS reuniu um Comitê com lideranças acadêmicas, de indústrias e de laboratórios nacionais para elaborarem um documento que apresente e explique as dez ações, bem como destaque como as universidades de pesquisa dos Estados Unidos da América têm contribuído para a descoberta e para o progresso. O documento completo pode ser acessado em www.nap.edu. Brevemente, os títulos das dez recomendações são:

1.         Federal Action - Within the broader framework of U.S. innovation and R&D strategies, the federal government should adopt stable and effective policies, practices, and funding for university-performed R&D and graduate education so that the nation will have a stream of new knowledge and educated people to power our future, helping us meet national goals and ensure prosperity and security;

2.         State Action - Provide greater autonomy for public research universities so that these institutions may leverage local and regional strengths to compete strategically and respond with agility to new opportunities. At the same time, restore state appropriations for higher education, including graduate education and research, to levels that allow public research universities to operate at world-class levels;

3.         Strengthening Partnerships with Business - Strengthen the business role in the research partnership, facilitating the transfer of knowledge, ideas, and technology to society, and accelerate "time-to-innovation" in order to achieve our national goals;

4.         Improving University Productivity - Increase university cost-effectiveness and productivity in order to provide a greater return on investment for taxpayers, philanthropists, corporations, foundations, and other research sponsors;

5.         A Strategic Investment Program - Create a Strategic Investment Program that funds initiatives at research universities critical to advancing education and research in areas of key national priority;

6.         Full Federal Funding of Research - The federal government and other research sponsors should strive to cover the full costs of research projects and other activities they procure from research universities in a consistent and transparent manner;

7.         Reducing Regulatory Burdens - Reduce or eliminate regulations that increase administrative costs, impede research productivity, and deflect creative energy without substantially improving the research environment;

8.         Reforming Graduate Education - Improve the capacity of graduate programs to attract talented students by addressing issues such as attrition rates, time-to-degree, funding, and alignment with both student career opportunities and national interests;

9.         STEM Pathways and Diversity - Secure for the United States the full benefits of education for all Americans, including women and underrepresented minorities, in science, mathematics, engineering, and technology;

10.       International Students and Scholars - Ensure that the United States will continue to benefit strongly from the participation of international students and scholars in our research enterprise.

Na apresentação do documento a NAS destaca ser essencial para os Estados Unidos da América, como uma nação, reafirmar e revitalizar a parceria única que existe há muito tempo entre as universidades de pesquisa, o governo federal, os estados e a filantropia e, reforçar as suas ligações com as empresas e a indústria. Ao fazer isso, a inovação será incentivada, resultando na alta qualidade dos empregos gerados, bem como o aumento da renda, segurança, saúde, e prosperidade para a nação.

Os que participaram do 1º Encontro Preparatório para o Fórum Mundial de Ciências 2013, no Auditório da Fapesp, em São Paulo (29 a 31 de agosto de 2012), pela alta qualidade do programa, dos conferencistas e debatedores, puderam observar a situação atual do Brasil e os grandes desafios que o País enfrenta para se consolidar numa posição de destaque em ciência, tecnologia e inovação. Outros seis encontros virão (Belo Horizonte, Manaus, Salvador, Porto Alegre, Recife e Brasília) com eles, boas oportunidades para a discussão Global da Ciência e as suas repercussões no País, nas regiões, nos estados e nos municípios...

A Academia Brasileira de Ciências e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que têm primado pela realização de ações conjuntas em temas relevantes para o Brasil, poderiam elaborar um documento que avalie a posição de competitividade das "universidades de pesquisa" públicas e privadas do País, bem como propor as dez ações para ampliar e assegurar a capacidade da universidade de pesquisa brasileira na excelência em ensino, pesquisa e inovação, necessários para ajudar o Brasil a competir, prosperar e assegurar o bem estar aos brasileiros neste século 21.


Fonte: Jornal da Ciência






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