27/9/2012

Aracaju sediará encontro internacional sobre plantas medicinais e nutracêuticas

Apesar dos avanços obtidos na pesquisa de produtos naturais, o país precisa superar limitações para transformar o potencial de sua biodiversidade em tecnologia para fitomedicamentos. A análise desses obstáculos e a comparação das experiências regionais da pesquisa em diferentes biomas estão entre os objetivos do III Simpósio Internacional de Plantas Medicinais e Nutracêuticas, que será realizado de 14 a 19 de outubro, em Aracaju, com a colaboração da International Society for Horticultural Science (ISHS). O encontro acontece em paralelo com a III Conferência do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Frutos Tropicais, implantado há três anos, cujas linhas de trabalho têm foco especial no estudo das frutas típicas do nordeste.

A busca por compostos de plantas com princípios bioativos, que podem gerar fitoterápicos, ou serem assimilados na forma dos alimentos nutracêuticos, é uma tendência mundial ascendente, impulsionada por consumidores dos países desenvolvidos, explica o presidente do III Simpósio, Narendra Narain, da Universidade Federal de Sergipe. A escolha do Brasil para a realização do evento deste ano – em 2011 aconteceu na Índia – justifica-se pelo interesse em novas fontes para essa pesquisa e pela diversidade da flora local. "Procuramos apresentar o status e as perspectivas brasileiras na área", diz. Exemplos desse painel são trabalhos que tratam da bioprospecção de plantas na caatinga, no pantanal e no cerrado.

O Simpósio pretende aprofundar as discussões sobre os gargalos existentes no desenvolvimento de fitoterápicos e nutracêuticos. Entre os quais o domínio das tecnologias de extração de compostos, que permitam melhor aproveitamento, a caracterização dessas substâncias e seu limite de uso. Outro fator que restringe o avanço da pesquisa é a falta de interfaces entre as áreas de conhecimento necessárias para a evolução dos projetos, isto é, química, bioquímica, farmácia e microbiologia, principalmente. Ainda são poucas as instituições de pesquisa que mantêm equipes aparelhadas para essa atividade, como o Instituto Oswaldo Cruz, do Rio de Janeiro, observa. Da mesma forma, o trabalho de testes com animais requer um esforço de aperfeiçoamento.

Frutas. No dia 19 de outubro acontecerá a III Conferência do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Frutos Tropicais, coordenado por Narendra Narain da UFS. O grupo de pesquisadores do INCT tem como cenário o fato de as frutas tropicais, do nordeste em particular, serem pouco conhecidas. Ao contrário das frutas existentes nos países de clima temperado. "Só na última década estamos descobrindo que eles não apenas são ricos em fibras e vitaminas, mas também em compostos do tipo fenólico ou flavonoides, que atendem necessidades da saúde humana", constata.

Uma característica é que, em geral, têm sabor muito forte e concentrado, o que pode ser uma vantagem do ponto de vista comercial. Pois permitiriam um alto grau de diluição para atender o gosto de consumidores de países europeus ou norte-americanos, que preferem sabores mais delicados. O trabalho do INCT está voltado para o desenvolvimento de produtos de qualidade a partir de frutas como mangaba, cajá, umbu, siriguela, graviola e outras. O desafio é criar tecnologias de processamento para ter produtos de exportação, explica. Encontrar, por exemplo, métodos de liofilização que retenham as características organolépticas depois do processo, para obter produtos como geleias, sorvetes, sucos ou, até mesmo, bebidas fermentadas. Os estudos visam, além disso, identificar quais são as variedades mais promissoras para serem processadas ou consumidas in natura. Veja informações sobre o Simpósio e a Conferência, aqui.

Fonte: Carlos Martins (Assessoria de Imprensa da SBQ)