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25/10/2012



Brasil mapeia potencial de seus mares



O País começa a dar os primeiros passos para aumentar as áreas marinhas protegidas do seu litoral. Hoje na ordem de 1,56%, essas áreas terão que atingir 10% em 2020, segundo compromisso firmado na Conferência das Partes sobre a Biodiversidade, em 2010, e reforçado neste ano na Rio+20.
Para chegar a essa meta, o governo tenta compatibilizar a promessa com a exploração econômica: exploração de petróleo, criação de portos e terminais, fluxo do transporte e, no futuro, mineração. O projeto reúne o governo, a Petrobras e o GEF (Fundo Global para o Meio Ambiente). A estatal investirá US$ 70 milhões (cerca de R$ 140 milhões), e o GEF, mais US$ 20 milhões (R$ 40 milhões). .

Em um primeiro rascunho do que poderá ocorrer na faixa de 200 milhas a partir da costa - a chamada zona econômica brasileira -, o parque de Abrolhos poderá ter sua área aumentada em até 10 milhões de hectares. Com isso, a área marinha protegida já dobraria para 3%.

Abrolhos já foi palco de divergências dentro do governo por conta dos leilões da Agência Nacional do Petróleo (ANP). No primeiro ano do governo Lula (2003), ambientalistas conseguiram fazer com que a ANP retirasse da lista de ofertas do leilão 154 blocos de petróleo marítimos próximos ao parque. Segundo especialistas, o sinal de alerta agora é ainda mais preocupante, já que a exploração da região do pré-sal, uma área em alto-mar que se estende por 800 quilômetros, do litoral do Espírito Santo a Santa Catarina, está se intensificando.

Em outro estudo, a Coppe/UFRJ, em parceria com a britânica British Gas, vai mapear o oceano na região da bacia de Santos, onde está a maior parte do pré-sal. O objetivo é registrar o ambiente para poder usar como referência em caso de acidentes, diz o diretor de tecnologia e inovação da Coppe/UFRJ, Segen Estefan.

Lixo - Ele observa que 60% dos oceanos são áreas internacionais, sem um dono específico, e nelas são lançados 80% do lixo do planeta. Segundo a Conservação Internacional (CI), ONG criada há 25 anos e que atua em 42 países, inclusive no Brasil, os oceanos geram anualmente US$ 23 trilhões (R$ 46 trilhões) no mundo inteiro, incluindo o fornecimento de proteína, ciclagem de nutrientes e da água e retirada de carbono da atmosfera.

Estefan diz que, pelo Índice Saúde do Oceano, o Brasil recebeu nota 62, enquanto a média do mundo é 60. "Está um pouquinho menos péssimo, mas mesmo assim está ruim." Segundo ele, 80% das espécies marinhas consumidas pelos brasileiros estão ameaçadas de extinção.

400 zonas mortas - A saúde dos oceanos vai mal, com 400 zonas totalmente mortas já identificadas no mundo. Isso prejudica também a vida em terra, já que um bilhão de pessoas depende do mar para comer, diz a CI.

Segundo Roberto Cavalcanti, secretário do Ministério do Meio Ambiente, o teor de oxigênio na atmosfera também é produto basicamente da fotossíntese das algas marinhas. "Se a gente começar a mexer no oceano, é possível que mexa na fotossíntese, tem que ter cuidado", afirma.

Para minimizar esse impacto, além de áreas protegidas, são necessárias soluções criativas para melhorar a relação homem/natureza, como exemplifica o diretor de tecnologia e inovação da Coppe/UFRJ, Segen Estefan.

"Fizemos um projeto com a Petrobras que usa dutos reciclados da produção de petróleo no mar para criar habitats marinhos. Isso tem a ver não apenas com as atividades pesqueiras artesanais mas também com uma questão que vamos enfrentar em breve, que é a desativação das estruturas que hoje produzem petróleo.

Fonte: Folha de São Paulo







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