17/1/2013

Produtos Naturais e Química Medicinal: diálogo necessário

As duas áreas dependem uma da outra para chegar a resultados na pesquisa aplicada. Produtos Naturais e Química Medicinal devem dialogar se quiserem ultrapassar as tradicionais limitações na busca por substâncias bioativas. Por isso, as duas divisões da SBQ, PN e MED, adotaram um formato especial para o workshop programado para a 36ª Reunião Anual. "Novas fronteiras na identificação, síntese e avaliação de moléculas bioativas", vai reunir jovens pesquisadores das duas áreas, doutores com projetos em andamento, para apontar possibilidades e dificuldades no trabalho interdisciplinar. Na parte da tarde, a mesa-redonda que discutirá as apresentações, será conduzida pelos pesquisadores seniores, Jose Daniel Figueiroa-Villar (IME) e Norberto Peporine Lopes (USP- Ribeirão Preto)

Intensificar esse diálogo é essencial para acelerar a obtenção de resultados, explica a diretora da Divisão de Produtos Naturais, Dulce Helena Siqueira Silva (UNESP-Araraquara), coordenadora do encontro em conjunto com Marcelo Castilho, diretor da Divisão de Química Medicinal. A experiência mostra que a troca de informações é fundamental, diz ela. Mesmo nas fases iniciais do trabalho de isolamento e caracterização de substâncias bioativas, tarefa dos químicos de PN, é importante a participação dos responsáveis pela futura avaliação de propriedades das moléculas e aplicação de testes, atribuição dos pesquisadores de química medicinal e farmacólogos.

Paleoervas. Os objetos de estudo são plantas conhecidas da maioria das pessoas. Com destaque para a família Piperaceae, onde se inclui a espécie Piper nigrum, a tradicional pimenta-do-reino. Têm em comum o fato de serem ricas em metabólitos secundários bioativos e, em geral, utilizadas como alimento ou na medicina popular. Além disso, ocupam, na escala evolutiva biológica, posição classificada pelos especialistas como "basal", isto é, seu estágio de "aperfeiçoamento" chegou até certo ponto e serviu de base para a evolução de outros taxons.

A pesquisa de ponta sobre a família Piperaceae tem no Brasil um de seus expoentes, o professor Massuo Jorge Kato (IQUSP), que será responsável pela conferência "Fronteiras da evolução química em paleoervas" na 36ª Reunião Anual da SBQ.

Parte desse trabalho dedica-se hoje a identificar atividades antifúngicas, inseticidas e outras propriedades potencialmente úteis das substâncias oriundas das plantas. Ao redor de tais pesquisas, em âmbito mundial, estão as colaborações de grupos especialistas em estudos morfológicos, citogenéticos, ecológicos e bioprospectivos, cujas contribuições poderão ser vistas na apresentação de Massuo Kato.


Fonte: Carlos Martins (Assessoria de Imprensa da SBQ)