24/1/2013
Carta da Sociedade Brasileira de QuÃmica ao Comitê OlÃmpico Brasileiro
De: Sociedade Brasileira de QuÃmica
Para: Senhor CARLOS ARTHUR NUZMAN
Presidente do Comitê OlÃmpico Brasileiro (COB)
Ilustre Senhor,
Tomei conhecimento da espantosa iniciativa do Comitê OlÃmpico Brasileiro, que notificou a Unicamp, extrajudicialmente, sobre o uso supostamente indevido da palavra "OlimpÃada". Aparentemente, o COB providenciou o uso exclusivo dessa palavra, como marca e o Instituto Nacional da Propriedade Industrial, cujas imensas deficiências são nacionalmente reconhecidas, realizou esse registro.
Obviamente, em algum momento o COB pretenderá suprimir o uso dessa palavra pelas OlimpÃadas de QuÃmica, e outras. Por isso, levo ao seu conhecimento que as OlimpÃadas de QuÃmica são realizadas desde 1968 e em 2012 foi realizada a 44a. versão, na Universidade de Maryland, Estados Unidos, com o patrocÃnio da IUPAC, a International Union of Pure and Applied Chemistry, organização fundada em 1919, em Genebra. Portanto, o uso internacional da expressão OlimpÃadas de QuÃmica antecede de longe a qualquer decisão infeliz do INPI e a qualquer reivindicação de exclusividade de qualquer comitê.
Entretanto, o uso dessa expressão em competições estudantis baseada no conhecimento é ainda mais antigo, uma vez que a OlimpÃada Internacional de Matemática foi realizada pela primeira vez em 1959, na Romênia, estando, portanto, assegurada por anterioridade.
A importância desses eventos fica evidente nos sucessos dos fatos destacados: medalhistas ou participantes das OlimpÃadas Internacionais de Matemática são hoje grandes matemáticos. Por exemplo: Teodor von Burg, Lisa Sauermann, Christian Reiher, Grigory Margulis, Jean-Christophe Yoccoz, Laurent Lafforgue, Stanislav Smirnov, Terence Tao e Grigori Perelman, Portanto, essas OlimpÃadas têm cumprido um importante papel na educação e formação de talentos cientÃficos, que não pode ser prejudicada.
O Brasil tem se destacado por ter olimpÃadas de alto nÃvel em diversas áreas há muito anos, muito antes do Brasil pleitear a olimpÃada no Rio de Janeiro, haja vista a olimpÃada nacional de matemática cujos os prêmios foram entregues por diversos Presidentes da República. E o que dizer sobre os editais para realização de olimpÃadas lançados em outubro de 2012 pela Capes e o CNPq?
Ao tomar essa infeliz posição, o COB alia-se à grande e até aqui bem sucedida massa dos inimigos da educação, no Brasil. A posição da Sociedade Brasileira de QuÃmica é outra e, nessa posição, resistiremos.
Esperando que melhor inspiração leve o COB a rever sua posição subscrevo-me,
Atenciosamente,
Prof. Vitor Francisco Ferreira
Presidente da Sociedade Brasileira de QuÃmica
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