28/2/2013

Alunos que participaram do "PUC por um semestre" são aprovados para curso preparatório para a Olimpíada Internacional de Química

Três estudantes cariocas, medalhistas na competição nacional, agora lutam pelas vagas na equipe brasileira que irá para Moscou

Os jovens Nathan de Souza Mateus, Pedro Henrique Fonseca Duque e Thiago Silva Viana, medalhistas de prata e bronze na Olimpíada Brasileira de Química (OBQ), foram os três cariocas aprovados para participar do curso preparatório para a edição internacional da competição, que acontece em Moscou, no mês de julho. Pela primeira vez na história da olimpíada, o Estado do RJ tem alunos neste curso e o resultado é fruto da participação de todos no projeto "PUC por um Semestre", promovido pelo PIUES (Programa de Integração Universidade Escola Sociedade) em 2012. O projeto preparou 23 alunos para a OBQ, 15 conquistaram medalhas, todos fizeram uma prova eliminatória para este curso preparatório e agora três deles têm chances de se firmar na elite internacional da Química.

De 25 de fevereiro a 8 de março, 15 alunos de diferentes partes do país (três cariocas, nove do Ceará, dois de São Paulo e um da Bahia) serão preparados nas dependências da Universidade Federal do Piauí (UFPI) para uma última prova nacional, a ser realizada em abril. Nas aulas, ministradas por professores de pós-doutorado da UFPI, serão discutidos os 40 exercícios preparatórios enviados pelos organizadores russos. Somente os três melhores na prova farão parte do seleto grupo que representará o Brasil na 45ª edição internacional. Junto com eles, estará presente a cearense Vitória Nunes Medeiros, que por ter ganhado medalha de ouro na Olimpíada Ibero-americana de 2012, já está automaticamente classificada e também vai participar do curso.

Nos 15 dias de preparação, muito estudo e pouca diversão. As aulas ocorrerão das 8h às 12h e das 14h às 18h, de segunda a sexta. No sábado, há aula apenas na parte da manhã e, no domingo, descanso merecido. O curso conta com financiamento do CNPq. Esta sexta e última fase classificatória é uma grande incógnita. A prova terá duração de cinco horas e cerca de oito questões discursivas propostas pelos professores russos.

Teoricamente, tudo para deixar os alunos inseguros e nervosos, mas, na prática, o resultado é bem diferente. "Estou pronto! Tenho estudado muito e faço um curso técnico de Química. Ou seja, o que cai na prova é tudo aquilo que vejo no meu dia a dia", diz Thiago Viana, aluno do 4º período do IFRJ (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro), onde o ensino médio é dividido em seis períodos.

Com vidas, gostos e famílias diferentes, os três jovens, de 16 e 17 anos, têm em comum o sonho de participar da competição mais importante de Química. "Seria importantíssimo para meu currículo. É um diferencial ser o escolhido em um trabalho que goste. Além de saber que está entre os melhores do país e do mundo", afirma Pedro Henrique Duque, 16 anos, companheiro de sala de Thiago no IFRJ. Nathan, o mais velho dos três e também do IFRJ (5º período), não pensa diferente: "É uma oportunidade que não posso desperdiçar", afirma.

Segundo o coordenador do Programa Nacional Olimpíadas de Química, Sergio Melo, a excelência dos resultados obtidos é fruto do esforço e comprometimento dos alunos. Para ele, o curso preparatório ajuda, mas a força individual supera qualquer obstáculo. "O sonho da maioria dos alunos é estudar em grandes universidades do exterior. Eles sabem que, lá fora, levam em consideração os prêmios conquistados e o envolvimento com a sociedade. Uma medalha pesa muito, sobretudo uma internacional", reforça.

Iniciativa do PIUES e paixão pela Química fizeram toda a diferença

O professor André Pimentel, coordenador do "PUC por um semestre", relata que lecionou várias aulas para esses três alunos e o que mais o surpreendeu, além da competitividade, foi ter uma turma focada durante três horas sempre às sextas-feiras. No final de cada dia, eles ainda vinham tirar dúvidas, de demonstrando ainda mais o interesse no conteúdo. "Foi muito motivador para mim, como professor, ter esses alunos condecorados com tal feito e isso deixou a todos nós muito orgulhosos", revela. De março a julho de 2012, o "PUC por um semestre" reuniu professores do Departamento de Química do Centro Técnico Científico da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio), do Colégio Pedro II e do IFRJ (Instituto Federal do Rio de Janeiro) que prepararam gratuitamente para a competição nacional (OBQ 2012) os melhores colocados na estadual (OQRJ 2011). Foram oferecidas aulas teóricas, palestras e aulas práticas nos laboratórios do Departamento de Química da PUC-Rio, reunindo alunos do ensino médio dos colégios IFRJ, Pedro II, São Bento e Cruzeiro. Nathan, Pedro e Thiago são unânimes ao afirmarem que o "PUC por um semestre", do PIUES, foi essencial para a excelência do resultado conquistado na OBQ. "Fiz o curso para aprender coisas que não conhecia. Ele foi fundamental para meu resultado, principalmente na quarta fase, que é muito mais técnica. O curso foi totalmente direcionado para a prova e todo conteúdo importante foi abordado. Tenho certeza que o curso da PUC vai me ajudar a chegar a Moscou também", disse Thiago.

Apaixonados por Química, eles já têm ideia do que pretendem fazer profissionalmente. Thiago já está decidido: "Vou ser químico. Não sei se farei bacharelado ou licenciatura, mas tenho um químico na família e é isso que meu coração me manda fazer". Já Pedro, ainda mantém uma duvida: "Desde a 6ª série sou apaixonado por Química e gostaria de seguir carreira, mas a Engenharia pode ser um caminho mais fácil para o sucesso". Nathan conta ter percebido desde cedo que possuía um talento especial: "Me considero um cara muito curioso e a química, mais que em qualquer outra matéria, usa dessa curiosidade e da abstração. E, quanto mais você aprende, mais se apaixona, pois começa a entender o motivo das coisas acontecerem. Tudo na natureza possui lógica."


Fonte: Maria Estrella (Approach Comunicação Integrada)