14/3/2013
36ª REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUÍMICA
Química sem Fronteiras
Workshop vai analisar as mudanças na atmosfera do planeta
Ideias consolidadas como a de que os combustíveis de origem vegetal não oferecem riscos para o equilíbrio do meio ambiente, ou de que a agricultura em larga escala, baseada no nitrogênio, é uma solução saudável do ponto de vista ecológico, podem ser questionadas. Elas passam atualmente pelo crivo de pesquisadores da Universidade, cujos trabalhos analisam os aspectos químicos das alterações da atmosfera. Cinco especialistas em química ambiental vão falar sobre esse cenário no workshop "Mudanças da atmosfera em um mundo em transformação" que acontecerá na 36ª Reunião Anual da SBQ.
A análise parte da distinção entre os tipos de compostos que resultam da emissão de gases, explica Arnaldo Alves Cardoso, do Instituto de Química da UNESP de Araraquara e coordenador do evento. Compostos que reagem imediatamente à atmosfera têm ação local ou muito próxima de onde foram gerados. É o caso do gás ozônio. Aqueles que são medianamente reativos conseguem atuar sobre uma região maior, mais distante da cidade, como acontece com a chamada "chuva ácida". Já os que são pouco reativos vão se somar a emissões de todo o planeta, têm alcance global, categoria onde o exemplo é o dióxido de carbono. Levando em conta tais parâmetros não há combustível, de origem vegetal ou fóssil, cuja queima não traga prejuízos para o meio ambiente. O foco principal das discussões do workshop são os compostos resultantes da atividade humana que modificam as propriedades da atmosfera, explica.
O uso intensivo de nitrogênio, essencial para a produtividade agrícola, é responsável, por sua vez, pela formação de ozônio e pela acidificação da atmosfera. Constatar essa realidade, através de indicadores precisos, e propor formas alternativas, de energia e de insumos para a agricultura, é hoje uma tarefa primordial para os cientistas. De forma geral, lembra Alves Cardoso, esse tipo de informação chega à sociedade de maneira fragmentada, em notícias pontuais veiculadas pela mídia, sem que se consiga obter uma visão abrangente dos problemas.
Os participantes do workshop vão tratar das transformações da atmosfera em cinco linhas de trabalho: a que estuda a química do nitrogênio e a expansão desse composto em grande escala pelo planeta ( William Zamboni de Mello, UFF); a forma como os agentes poluentes afetam a saúde da população (Simone Georges Miraglia, UNIFESP); as alterações provocadas pela agricultura intensiva no regime de chuvas ( Andrew G. Allen, UNESP); a emissão de gases durante a cultura da cana-de-açúcar (Janaína Braga do Carmo, UFSCAR) e a presença do mercúrio na atmosfera e seus efeitos sobre a saúde das pessoas (Anne Helene Fostier, UNICAMP).
Fonte: Carlos Martins (Assessoria de Imprensa da SBQ)
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