9/5/2013
Pesquisa da USP mostra desinteresse de alunos em seguir o magistério
Uma pesquisa feita na USP (Universidade de São Paulo) mostra que metade dos alunos de licenciatura nas áreas de matemática e fÃsica não pretende ou tem dúvidas quanto a seguir a carreira de professor de educação básica.
Dos que cursam licenciatura em fÃsica, 52% não pretendem ser professores ou tem dúvidas. Em matemática, o percentual é 48%. A pesquisa ouviu um total de 512 estudantes recém-ingressantes da USP, incluindo também alunos de pedagogia e medicina.
A pesquisa Atratividade do Magistério para a Educação Básica: Estudo com Ingressantes de Cursos Superiores da USP, da pedagoga e mestre em educação pela Faculdade de Educação da USP Luciana França Leme selecionou as duas disciplinas de licenciatura em função da escassez de professores nas áreas de exatas.
A estimativa do MEC (Ministério da Educação) é que o déficit de professores nas áreas de matemática, fÃsica e quÃmica seja de cerca de 170 mil.
A baixa remuneração do magistério, as más condições de infraestrutura das escolas e o desprestÃgio social da profissão estão entre os motivos apontados pelos estudantes para a falta de interesse em seguir a carreira. Segundo a pedagoga, a dificuldade de implementar em sala de aula o ensino da matemática e da fÃsica e a concorrência com profissões como as do mercado financeiro também afastam das salas de aula quem se forma nessas áreas.
"Pesquisados disseram que escolheram o curso porque gostam de matemática e fÃsica. Mas gostar é uma coisa, outra é o ensino dessas matérias que engloba habilidade como o pensar a matemática, as ciências, e saber ensinar a matemática e verificar como o aluno está aprendendo", destacou. "Outro fator é o mercado de trabalho.
Um aluno formado na USP, nessas disciplinas, pode trabalhar com pesquisa, pós-graduação, no mercado financeiro. A profissão de docente acaba concorrendo com outras opções", disse Luciana França Leme. A questão de gênero também é apontada pela pesquisadora. "FÃsica e matemática tem muitos alunos homens e as mulheres seguem mais a carreira de professor."
Na avaliação da pesquisadora, reverter esse quadro de desinteresse pelo magistério requer um plano de atratividade com metas claras e de longo prazo.
"É importante uma articulação de vários fatores, igualar os salários com os de profissionais com a mesma formação, reconhecimento e fortalecimento profissional, e despertar o interesse pela profissão ao longo da vida estudantil", disse.
A carência de professores nas áreas de exatas como matemática, fÃsica, quÃmica e biologia é uma preocupação do Ministério da Educação (MEC) que elabora um programa para, desde o ensino médio, atrair os estudantes a seguirem o magistério nessas áreas.
O programa terá oferta de bolsas de auxÃlio e parceria com universidades, como adiantou o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, ao participar de audiência pública na Câmara dos Deputados, em abril.
Fonte: Agência Brasil
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