11/7/2013
Faculdades reagem com cautela às mudanças nos cursos de Medicina
A partir de 2015, todo estudante terá que atuar no SUS por dois anos e, com isso, faculdade terá oito anos de duração
Universidades reagiram com cautela aos programas "Mais Médicos" e "Mais formação", anunciados pelo governo federal nesta segunda-feira (8), que causam profundas mudanças nas faculdades de Medicina públicas e privadas do paÃs. A partir de 2015, todo novo estudante terá que passar dois anos atuando numa unidade do Sistema Único de Saúde (SUS) antes de poder obter seu diploma. Com isso, a duração da faculdade será de até oito anos.
Procurados pelo GLOBO, representantes de instituições como Uerj, UFRJ e UFMG não quiseram dar entrevistas porque, para eles, ainda é cedo para se posicionar. Já o diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Luciano Moreira, acha válida a vivência no SUS, mas critica a duração dessa experiência, de dois anos.
- Todos os estudantes de instituições públicas deveriam mesmo estar a disposição do governo temporariamente. Mas acho que um ano seria tempo suficiente. Caso contrário, esse aluno poderá demorar até dez anos para chegar ao mercado de trabalho, levando em consideração a residência. E isso pode ser desestimulante para ele - analisa Moreira, completando que isso pode levar também a um excesso de alunos nesses locais.
Este "serviço obrigatório" vai representar o segundo ciclo na formação do novo médico. Atualmente, o curso é dividido em dois ciclos. O primeiro, com quatro anos de curso teórico, e o segundo, com dois anos de estágio obrigatório em regime de internato (7.200 horas). Depois das mudanças, esses seis anos estarão incluÃdos no primeiro ciclo. O treinamento no SUS virá em seguida e valerá para as redes pública e privada. Os alunos de universidades particulares ficarão isentos da mensalidade neste perÃodo final.
Luciano Moreira acha que, para a estratégia dar certo, o governo precisa garantir condições básicas para os estudantes serem recebidos nas unidades do SUS.
- Sabemos que em muitos postos não há sequer analgésicos ou aparelho para medir pressão. Ninguém tem condições de trabalhar e fazer milagre - pontua.
Conforme as informações divulgadas, caberá à universidade supervisionar o estágio do estudante nos postos SUS. Nesse caso, Luciano defende, então, que as instituições recebam todo o apoio necessário.
- Será necessário contratar mais professores. Ou o profissional fica no meio acadêmico ou nos hospitais e clÃnicas, monitorando esse treinamento. Vamos precisar de muita gente.
O reitor da Universidade Gama Filho, José Raimundo Romeo, critica diversos aspectos das alterações divulgadas nesta terça.
- Antes de tudo, defendo que seja feita uma consulta a todas as instituições de ensino de Medicina do paÃs, para que o governo identifique quais são os reais obstáculos e gargalos desses cursos. Sabemos que há grandes problemas no que diz respeito à s atividades práticas, como hospitais que não absorvem as demandas dos alunos. Mas não sei se o SUS terá como absorver isso. O ideal seria que os profissionais fossem atraÃdos para o sistema público após formados, com salários atrativos e boas condições de trabalho - avalia.
(Eduardo Vanini / O Globo)
http://oglobo.globo.com/educacao/faculdades-reagem-com-cautela-as-mudancas-nos-cursos-de-medicina-8967637#ixzz2YYNyHOB8
Mais sobre o assunto em O Globo:
Entidades médicas vão questionar programa Mais Médicos na Justiça
http://oglobo.globo.com/pais/entidades-medicas-vao-questionar-programa-mais-medicos-na-justica-8963915#ixzz2YYPchuOh
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Fonte: Jornal da Ciência
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