07/01/2016
RG de pesquisador
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| Instituições brasileiras começam a adotar o identificador Orcid, assinatura digital global para autores cientÃficos e acadêmicos
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Nos próximos meses, os 3,5 mil docentes da Universidade Estadual Paulista (Unesp) serão convocados a se cadastrar no Orcid (sigla para Open Researcher and Contributor ID) e passarão a ter um número de identificação que servirá como uma assinatura digital no ambiente cientÃfico global, sem risco de confusão com homônimos.
Quando forem submeter um artigo a uma revista cientÃfica, por exemplo, precisarão apenas informar sua sequência particular de 16 números, como a de um cartão de crédito, para que suas informações, tais como nome, assinatura padronizada e afiliação, sejam preenchidas no formulário.
Essa é uma das utilidades mais palpáveis do registro, mas suas aplicações são mais amplas. Cada usuário pode, se quiser, construir um perfil reunindo sua produção acadêmica, numa espécie de currÃculo acadêmico certificado.
Seus novos papers serão automaticamente recuperados, pois o número de identificação único se conecta com bancos de dados de revistas cientÃficas e repositórios de instituições que se afiliaram ao sistema. A produção cientÃfica pregressa também pode ser resgatada. O usuário pode intercambiar dados entre perfis acadêmicos e profissionais, tais como o ResearcherID, da empresa Thomson Reuters, o Scopus e o Mendeley, da editora Elsevier, ou o LinkedIn. Dessa forma, um currÃculo com informações certificadas pode se tornar acessÃvel a editores e revisores de revistas cientÃficas, agências de fomento e programas de avaliação.
O registro de autores é gratuito, mas instituições podem se afiliar à plataforma, pagando uma taxa anual para integração de sistemas e suporte. A intenção da Unesp é aperfeiçoar a identificação dos seus afiliados no repositório institucional, que reúne dados sobre 92 mil itens da produção cientÃfica de docentes e pesquisadores da instituição. A construção do repositório partiu do zero há pouco mais de dois anos e buscava atender a uma demanda da FAPESP para reunir, preservar e dar acesso aberto à produção cientÃfica dos pesquisadores das três universidades estaduais paulistas.
Esse esforço, diz Flavia Maria Bastos, coordenadora das bibliotecas da Unesp e do programa de repositório institucional da instituição, exigiu um trabalho minucioso de tratamento das informações disponÃveis em bases de revistas cientÃficas e no currÃculo Lattes dos docentes para identificar a produção de cada um deles, a despeito de não usarem uma assinatura padronizada em todos os artigos – é comum, principalmente quando o autor tem vários sobrenomes, que assinaturas apareçam com abreviações diferentes.
"Agora, quando um docente da Unesp publicar um artigo cientÃfico, nosso sistema conseguirá recuperar imediatamente os dados sobre esse paper e vinculá-lo à sua produção cientÃfica", diz Flavia. "Com isso, teremos dados de qualidade sobre a produção de cada pesquisador, de cada unidade da Unesp e da universidade como um todo.
Ainda hoje, apesar dos esforços para criar o repositório, temos parte da nossa produção oculta por ambiguidade de nomes de pesquisadores e da própria Unesp, cuja sigla às vezes é confundida com a da USP e até da Universidade Paulista, a Unip."
Trabalho de coleta
A Unesp é a primeira instituição brasileira a se afiliar ao Orcid, mas em breve deverá ter companhia. A Universidade de São Paulo (USP) também planeja afiliar-se em 2016. Com um repositório criado em 1985 que congrega mais de 700 mil registros da produção intelectual de seus pesquisadores, inclusive cópias fÃsicas, a USP pretende, com o cadastro universal, tornar automática a recuperação da produção cientÃfica, facilitando o trabalho de coleta.
Hoje, a equipe do Sistema Integrado de Bibliotecas (SIBi) da USP cadastra o nome de cada um dos pesquisadores em bases de dados de publicações cientÃficas para receber mensagens de alerta quando seus artigos cientÃficos são publicados. O passo seguinte é baixar uma cópia do documento e preservá-lo no repositório.
"Queremos usar o Orcid para facilitar o rastreamento e trazer os metadados das várias fontes que se interligam por meio de número de identificação único, como o ResearcherID. Essa ferramenta possibilitará que a universidade monitore sua produtividade intelectual por meio dos indicadores", diz Maria Fazanelli Crestana, coordenadora do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP.
O Orcid é uma organização sem fins lucrativos que reúne registros de 1,78 milhão de pesquisadores, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. Cerca de 28 mil brasileiros já se cadastraram.
Leia a reportagem completa em revistapesquisa.fapesp.br/2015/12/15/rg-de-pesquisador/?cat=politica.
Fonte: FabrÃcio Marques | Revista Pesquisa FAPESP Link da notÃcia
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