13/10/2016
Cnen comemora 60 anos à frente de um dos maiores projetos da ciência brasileira
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| Projeto do Reator Multipropósito Brasileiro será construÃdo em Iperó (SP).
Crédito: Cnen
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A Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), que completa 60 anos nesta segunda-feira (10), está à frente de um dos principais projetos da ciência brasileira: a construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). Com ele, o paÃs pode alcançar a autonomia na produção de radiofármacos, usados no diagnóstico e no tratamento do câncer. Segundo o presidente da Cnen, Renato Cotta, a construção do RMB deve começar em dois anos.
"É um empreendimento que visa à autonomia nacional na produção de radiofármacos. Hoje, nós ainda importamos insumos e radioisótopos para produção dos nossos radiofármacos. A partir da existência de um reator, será possÃvel atender a toda demanda reprimida da medicina nuclear brasileira e até exportar radiofármacos para outros paÃses."
Mas não é só isso, ressalta Renato Cotta. O RMB também será um reator para testes de materiais. "Você não tem como projetar materiais que são utilizados em reatores sem submetê-los a testes em altos fluxos de nêutrons, que só são possÃveis em reatores nucleares com um certo nÃvel de potência. Ele também será um centro de pesquisa ao prever e oferecer linhas de nêutrons de alta qualidade para pesquisa cientÃfica de materiais", explica.
Renato Cotta acrescenta que a Cnen ainda desenvolve outros projetos importantes para o paÃs, como o DES-SAL, que utiliza a tecnologia nuclear para a produção simultânea de eletricidade e água, beneficiando populações afetadas pela seca.
"É importante a gente mostrar cada vez mais para a sociedade a importância da área nuclear, que abrange não somente a produção limpa de energia elétrica, mas envolve diversos outros projetos de indiscutÃvel importância, que se refletem por exemplo, na saúde humana, na agricultura, na esterilização de material hospitalar, em aplicações de controle e verificação de qualidade industrial, e no controle de pragas, como a esterilização de mosquitos. Então, existe uma gama enorme de aplicações da energia nuclear", afirma.
A Cnen também é responsável pela regulação e o licenciamento de todas as instalações nucleares e radioativas no paÃs. Para cumprir essa missão, segundo Cotta, a comissão conta com 2 mil funcionários distribuÃdos em 14 unidades espalhadas pelo Brasil. "Dessas 14 unidades, nós temos sete institutos de pesquisa e inspecionamos cerca de 3 mil instalações em todo paÃs. Tudo isso é feito em paralelo a quatro unidades fabris de radiofármacos. Nós produzimos, em boa proporção, tudo que se utiliza de radiofármacos na medicina nuclear do paÃs", diz.
Desafios
Renato Cotta lembra que, nesses 60 anos, a Cnen enfrentou muitos desafios para cumprir a missão de desenvolver a polÃtica nacional de energia nuclear para a qual foi criada. "Ao longo dos anos, a área nuclear sofreu altos e baixos, muito em função de menor ou maior importância que era dada a cada governo. Os melhores momentos foram aqueles em que uma polÃtica de Estado prevaleceu sobre as polÃticas de governo."
Ele defende a retomada dos trabalhos do Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro, criado em 2008. "O fundamental para uma área como essa, que é multiministerial e interdisciplinar, é que ela tenha uma polÃtica supraministerial, que possa realmente nortear o nosso crescimento. O mais importante nesse momento é que esse comitê volte a se reunir e que volte a definir grupos de trabalho, como foi feito num passado recente."
Comemorações
Para marcar os 60 anos, será realizada uma semana de debates sobre a história, metas, desafios e principais projetos da Cnen. As comemorações começam na segunda-feira (10) pela manhã com uma palestra do ex-presidente Rex Nazaré sobre a história da instituição. À tarde, uma cerimônia será realizada com a presença do ministro Gilberto Kassab.
"Os 60 anos da Cnen serão comemorados com muito otimismo, olhando para o futuro nos próximos 60 anos, mas sem deixar de homenagear aqueles que colaboraram para o sucesso da instituição", conclui o presidente.
Fonte: MCTIC
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