10/11/2016
Brasil e Japão ampliam colaboração em processos fotoquÃmicos e fotobiologia
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| Workshop em Nagoya teve apoio da FAPESP e da Japan Society for the Promotion of Science (Foto: Wikimedia Commons) |
Uma parceria entre pesquisadores de universidades de São Paulo e da Universidade de Nagoya, no Japão, une esforços teóricos, experimentais e tecnológicos para a caracterização da dinâmica de processos moleculares fundamentais, como espectroscopia, reatividade e processos rápidos na escala de femtossegundos (milionésimos de bilionésimo de segundo).
A pesquisa é desenvolvida no âmbito de um acordo de cooperação entre a FAPESP e a Japan Society for the Promotion of Science (JSPS) e foi um dos trabalhos apresentados durante o workshop Overseas Challenges in Photochemical and Photobiological Sciences Via Computational and Experimental Chemical Approaches, realizado por pesquisadores de universidades paulistas e do Japão, em Nagoya.
O objetivo do evento foi discutir oportunidades de colaboração cientÃfica entre Brasil e Japão e fomentar o intercâmbio entre jovens pesquisadores dos dois paÃses na área de processos fotoquÃmicos e fotobiológicos.
"Nesses processos, sistemas moleculares são submetidos a uma radiação eletromagnética para que se possa entender o que se passa na molécula enquanto ela absorve e dissipa a energia. Trata-se de um tema de interesse multidisciplinar em que há grandes oportunidades de troca entre o domÃnio tecnológico japonês e o conhecimento de fÃsicos, quÃmicos e biólogos brasileiros, além de pesquisadores de muitas outras áreas afins", destacou Sylvio Canuto, professor titular do Instituto de FÃsica (IF) da USP e coordenador da delegação brasileira em Nagoya.
De acordo com Canuto, a Universidade de Nagoya é reconhecida internacionalmente pelo seu alto nÃvel de pesquisa tendo entre seus professores seis prêmios Nobel. Na área molecular é reconhecida por trabalhos teóricos e experimentais e pelo domÃnio da técnica de espectroscopia ultrarrápida, que consiste na utilização de lasers de curta duração, emitidos na ordem de femtossegundos, para a caracterização de processos quÃmicos em tempo real.
"A espectroscopia ultrarrápida lida com processos quÃmicos que ocorrem de maneira muito dinâmica e isso demanda um arsenal teórico bastante desenvolvido para que seja possÃvel compreender o que está acontecendo em nÃvel molecular", disse Canuto.
"Quando se estuda uma molécula em estado excitado, que absorveu radiação, é necessário entender o que se passa com ela, como o movimento do seu núcleo se processa, mas também como ela interage com o meio", disse.
A participação brasileira se dá por meio de simulações que incorporam a dinâmica de modificação dos núcleos das moléculas em interação com o ambiente, combinando um procedimento desenvolvido na Universidade de Nagoya, o Método do Gradiente de Energia Livre, com a metodologia hÃbrida Sequential-QM/MM, concebida no IF-USP. A estratégia permite calcular a força nos núcleos durante a interação com o meio.
"Molécula é um assunto interdisciplinar por natureza, envolvendo diversas áreas de interesse – não somente pessoal teórico, que faz simulação, ou experimental, que faz espectroscopia, mas também profissionais de sÃntese quÃmica, que produzem as moléculas em que as pesquisas estão interessadas", disse Canuto.
A delegação brasileira em Nagoya foi composta por sete jovens pesquisadores brasileiros, com doutorado concluÃdo a menos de dez anos, representando instituições públicas de ensino superior do Estado de São Paulo: Diego Pereira dos Santos e Leandro Martinez, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); Marco Antonio Barbosa Ferreira e Ricardo Samuel Schwab, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar); Marina Sparvoli de Medeiros e Paula Homem de Mello, da Universidade Federal do ABC (UFABC); e Gustavo Troiano Feliciano, da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Os pesquisadores foram acompanhados de três mentores: Kaline Rabelo Coutinho, da USP; Rogério Custódio, da Unicamp, e Herbert C. Georg, da Universidade Federal de Goiás (UFG).
Além da Universidade de Nagoya, a delegação brasileira visitou o Fukui Institute for Fundamental Chemistry, em Kyoto, cuja nome homenageia o quÃmico Ken'ichi Fukui, Nobel de QuÃmica de 1981. Canuto ministrou palestra sobre oportunidades de colaboração cientÃfica com o Brasil na área de processos fotoquÃmicos e fotobiológicos e dos trabalhos desenvolvidos pelo seu grupo na USP.
Fonte: Agência Fapesp
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