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09/03/2017



Lições do esporte para a ciência de alto nível


Nobel de Química em 2002, suíço Kurt Wüthrich começou a carreira no esporte, e deu aulas de natação em troca do acesso a um laboratório. Ele é um dos palestrantes do Congresso Mundial de Química (IUPAC 2017)

Em suas palestras, Kurt Wüthrich costuma falar sobre seus tempos de atleta – praticava atletismo, natação, pesca esportiva e futebol entre outras modalidades na mocidade – e como o sentimento da busca pela vitória, da ética e sobretudo de gostar daquilo que se faz foram as heranças que trouxe quando decidiu abandonar o futebol de vez em 1964 e dedicar seus esforços à Química. "Fico feliz porque a Suíça nunca ganhou uma Copa do Mundo, mas conquistou três dos seis prêmios Nobel ligados à Ressonância Magnética Nuclear", afirma.

Kurt Wüthrich: "Eu ia muito bem no curso de educação física, tinha boas notas e fazia 25 horas semanais de exercícios intensos. Mas o inverno me entediava e resolvi dar mais atenção à pesquisa científica. Dei aulas de natação para um professor de Química em troca de acesso ao seu laboratório."

Vencedor do Prêmio Nobel de Química em 2002, pelo desenvolvimento de ferramentas de espectroscopia por ressonância magnética nuclear para a determinação tridimensional de macromoléculas biológicas em solução, Wüthrich será um dos palestrantes do Congresso Mundial de Química (IUPAC 2017) que será realizado em São Paulo de 9 a 14 de julho, com preços especiais para associados da SBQ.

"O Nobel de 1962 foi dado a Max Perutz e John Kendrew pela determinação da estrutura tridimensional de proteínas. A novidade do meu trabalho foi permitir nossa compreensão de proteínas em soluções aquosas, seja o sangue, líquidos estomacais, etc, ou seja, podemos agora ver as proteínas em suas condições naturais no corpo humano. Hoje conhecemos a estrutura química de mais de cem milhões de proteínas", explica.

Assim como Sir Fraser Stoddart, Nobel de Química de 2016, também palestrante do evento, Wüthrich foi criado em uma fazenda – sua família vem da região do famoso queijo Emmental, perto de Berna, na Suíça. "Meu contato intenso com o ambiente rural despertou meu interesse pelas ciências naturais desde cedo. Consegui adquirir um robusto conhecimento do comportamento de vários animais aquáticos, basicamente por observá-los enquanto me divertia trabalhando num rio de trutas particular", conta.

Seu interesse por física e matemática desenvolveu-se no ginásio quando já tinha o foco no estudo das ciências naturais. Graduou-se na Universidade de Berna em 1962 e obteve o doutorado em 1964, simultaneamente a uma graduação em esportes. Pensava em ser um professor ginasial que unisse de alguma forma ciências naturais e esporte. Entre 1957 e 1962 chegou a dar aulas de física, química e educação física em escolas. "Eu ia muito bem no curso de educação física, tinha boas notas e fazia 25 horas semanais de exercícios intensos. Mas o inverno me entediava e resolvi dar mais atenção à pesquisa científica. Dei aulas de natação para um professor de Química em troca de acesso ao seu laboratório", lembra Wüthrich.

Em 1967, depois do pós-doc, Wüthrich teve contato pela primeira vez com um espectrômetro de ressonância magnética nuclear. Ele assumiu um cargo no departamento de biofísica da Bell, em Nova Jersey (EUA), onde sua função era cuidar da manutenção de um dos primeiros espectrômetros de alta resolução, que operava em uma frequência de 220 MHz. Em contrapartida, poderia usar o aparelho para suas pesquisas em estrutura e função de proteínas. Wüthrich voltou à Suíça em 1969 e estabeleceu seu laboratório na ETH Zurich onde "pelas três décadas seguintes tive acesso aos melhores equipamentos de RMN disponíveis".


Leia mais sobre Kurt Wüthrich:

https://www.nobelprize.org/nobel_prizes/chemistry/laureates/2002/wuthrich-bio.html

http://www.scripps.edu/wuthrich/


Texto: Mario Henrique Viana (Assessoria de Imprensa da SBQ)








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