04/10/2018
Pesquisas de novas enzimas e anticorpos levam o Nobel de QuÃmica 2018
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Um britânico e dois norte-americanos foram os laureados deste ano, por pesquisas que impactam principalmente produtos farmacêuticos e biocombustÃveis
A Academia Real de Ciências da Suécia anunciou hoje, 3 de outubro, à s 11h45, na cidade de Estocolmo, o Prêmio Nobel de QuÃmica 2018. Três cientistas foram laureados pelas pesquisas no desenvolvimento de novas enzimas e anticorpos para uso nas mais diversas áreas como: novos produtos farmacêuticos, detergentes, catálise verde e biocombustÃveis. Os vencedores foram o britânico Sir Gregory P Winter e os norte-americanos Frances H Arnold e George P Smith. Metade da premiação de nove milhões de coroas suecas (£ 770.000) vão para a doutora Arnold e a outra metade será dividida entre o doutor Smith e Sir Winter.
Arnold foi agraciada por suas pesquisas realizadas no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), nos Estados Unidos, focadas em quÃmica verde e energias alternativas. Através de suas pesquisas foi possÃvel introduzir mutações genéticas especÃficas visando a obtenção de enzimas estáveis e altamente ativas, principalmente focadas na degradação de celulose, permitindo um salto significativo no desenvolvimento de produtos a partir de biomassa.
A pesquisadora obteve sucesso na produção de enzimas estáveis em diversos solventes, ampliando significativamente o uso de proteÃnas como catalisadores que resultam na interrupção de uso de catalisadores tóxicos. Esse avanço levou ao desenvolvimento de enzimas para diferentes campos de aplicação, incluindo a produção de biocombustÃveis e a de insumos farmacêuticos. Os resultados com os estudos de microorganismos, selecionados para converter biomassa renovável em biocombustÃveis e produtos quÃmicos, resultaram em diversas patentes e culminaram na fundação da empresa Gevo, Inc. em 2005. Essa empresa é focada em produtos da biomassa, processos de fixação de CO2 e biocombustÃveis com foco em jatos comerciais. Considerando a projeção de que em 2020 os jatos comerciais vão utilizar, anualmente, cerca de 15 bilhões de litros de combustÃveis, a substituição destes, mesmo que parcial, pelos produtos oriundos das pesquisas da doutora Arnold, serão de grande relevância econômica e ambiental.
A segunda metade do prêmio foi destinada à s pesquisas realizadas por Sir Winter e doutor, Smith sobre a metodologia de "Phage Display", técnica que proporciona a sÃntese e a expressão de peptÃdeos/proteÃnas na superfÃcie de vÃrus filamentosos. VÃrus estes, conhecidos como fagos, que infectam bactérias. Os pesquisadores desenvolveram a tecnologia para projetar fagos geneticamente modificados que pudessem apresentar, em sua superfÃcie (capsÃdeo viral), peptÃdeos/proteÃnas para o uso nas ciências básicas e aplicadas e com potencial uso para terapias e diagnósticos. Um ponto de grande reconhecimento pela sociedade em geral foi o fato de esta tecnologia ter permitido a produção de anticorpos recombinantes humanos, hoje já empregados no tratamento de diversos tipos de doenças como câncer e doenças autoimunes.
A doutora Arnold foi a única mulher a receber o prêmio de QuÃmica nesta edição. A última cientista da área de QuÃmica agraciada com o prêmio foi a doutora Ada E. Yonath em 2009, que dividiu o prêmio por seu trabalho em entender a estrutura dos ribossomos: as estruturas de fabricação de proteÃnas dentro das células. Ada Yonath esteve recentemente no Brasil para participar na IUPAC 2017 (46th World Chemistry Congress) e 40ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de QuÃmica.
Norberto Peporine Lopes (FCFRP-USP)
Presidente da Sociedade Brasileira de QuÃmica
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