14/02/2019

Ocorrência dos potentes mutagênicos 2-nitrobenzantrona e 3-nitrobenzantrona em partículas finas no ar atmosférico

O “Demônio no diesel” foi o título de um texto publicado com destaque “This Week Science and Technology News”, na página 4 da New Scientist de 25 de outubro de 1997, com relação à 3-nitrobenzantrona: “Os caminhões expelem o que talvez seja o produto químico mais carcinogênico já descoberto”. A 3-nitrobenzantrona, foi a substância química que produziu a maior pontuação já relatada em um teste de Ames, que é uma medida padrão do potencial causador de câncer por produtos químicos tóxicos. Nos vinte anos seguintes vários estudos foram relatados sobre a 3-nitrobenzantrona (3-NBA) e a 2-nitrobenzantrona (2-NBA), entretanto, sem a quantificação inequívoca destes compostos no ambiente.

O material particulado atmosférico é composto por partículas com diâmetro aerodinâmico nas escalas micrométrica e nanométrica, sendo que as que apresentam maior potencial toxicológico são aquelas com diâmetro aerodinâmico menor que 2,5 micrometros (PM2,5), pois podem atingir os alvéolos pulmonares.

No trabalho publicado em 09 de janeiro de 2019 na Scientific Reports, do grupo Nature, pelos cientistas baianos Aldenor G. Santos, Gisele O. da Rocha e Jailson B. de Andrade (article 10.1038/s41598-018-37186-2 “Occurrence of the potent mutagens 2- nitrobenzanthrone and 3-nitrobenzanthrone in fine airborne particles” (SREP-18-15085 freely available online at www.nature.com/articles/s41598-018-37186-2), foram identificados e quantificados (3-NBA) e (2-NBA) no material particulado fino (PM2,5) do ambiente atmosférico de Salvador-BA.
Apesar da grande importância dessas substâncias visto o potencial carcinogênico das mesmas, não há ainda estudos científicos em nível mundial que relatem a ocorrência inequívoca da 3-NBA e 2-NBA na atmosfera ou em outros compartimentos ambientais.

A 3-NBA e a 2-NBA são, de certa forma, substâncias negligenciadas e que precisam ser consideradas em estudos ambientais e toxicológicos para o melhor entendimento dos mecanismos de incidência de câncer no pulmão na população de grandes centros urbanos.

O Estudo contou com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) Finance code 001, Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), Petrobrás e Marinha do Brasil.

Aldenor G. Santos, é Doutor em Química, Professor do Centro Universitário UNIJORGE e o presente estudo fez parte da sua Tese de Doutorado; Gisele O. da Rocha é Doutora em Química, Professora Associada do IQ-UFBA e Pesquisadora Nível 2 no CNPq; e Jailson B. de Andrade é Professor Titular de Química Aposentado na UFBA, Professor Titular do Centro Universitário SENAI-CIMATEC, Pesquisador 1A no CNPq e Presidente da Academia de Ciências da Bahia.


Fonte: Jailson B. de Andrade (UFBA)