18/04/2019
Prof. Kenji Mori (1935 – 2019)
Faleceu na noite de 15 abril de 2019 em Tóquio, Japão, o professor Kenji Mori. Nascido em 1935 na Coréia do Sul, se graduou em quÃmica em 1957 e obteve posteriormente seus tÃtulos de mestre em bioquÃmica (1959) e Ph.D. em quÃmica orgânica (1962), todos pela Universidade de Tóquio. Atuou nesta mesma instituição por 35 anos como professor e, posteriormente à sua aposentadoria, em 1995, se mudou para a Science University of Tokyo, onde continuou em plena atividade até poucos meses antes de seu falecimento.
Durante sua carreira, Kenji recebeu inúmeros prêmios e honrarias, dentre os quais a "Silver Medal" (International Society of Chemical Ecology), "Ernest Guenther Award in the Chemistry of Natural Products" (American Chemical Society) e o "Japan Academy Award" entregue em mãos pelo então imperador japonês, Hirohito.
Kenji Mori foi um gigante na sÃntese de produtos naturais, notadamente na sÃntese de feromônios de insetos. Somente após sua aposentadoria, publicou mais de 600 artigos cientÃficos, totalizando mais de 1.300 publicações em sua inigualável carreira acedêmica/cientÃfica. Kenji era carinhosamente conhecido na área de ecologia quÃmica como a "máquina de produzir feromônios", haja vista que vinham de suas mãos, e em tempo recorde, a grande maioria das moléculas que foram testadas por grupos de pesquisa nos quatro cantos do globo.
Suas palestras eram verdadeiras aulas sobre a sÃntese total de feromônios de insetos. Tive o privilégio de assistir ao menos uma dezena de suas apresentações e em todas, sem exceção, iniciava contando sua história e o porquê de sua escolha e total dedicação à sÃntese de produtos naturais biologicamente ativos. Dizia que na década de 60, quando finalmente conseguiu finalizar a sÃntese da Giberelina A4, uma molécula complexa que atua como hormônio de crescimento em plantas, um professor do seu departamento se aproximou e disse: "Parabéns, Dr. Mori, você finalmente sintetizou as giberelinas. Mas você demorou nove anos da sua vida para conseguir completar esse trabalho. Não se esqueça que o fungo (Gibberella fujikuroi) l eva apenas alguns poucos dias para faze-lo".
Desde então, segundo ele, teve como objetivo se aprimorar e melhorar cada vez mais os processos e o tempo necessários para produzir as moléculas que lhe eram solicitadas, sempre entregues com um absurdo grau de pureza. Por óbvio não conseguiu se igualar ao tempo de sÃntese dos organismos vivos, mas, certamente, foi o mais próximo que a humanidade conseguiu chegar.
Sem dúvidas, uma grande perda para a quÃmica e para a ciência!
Prof. Paulo H. G. Zarbin
Departamento de QuÃmica - UFPR
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