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25/06/2020



Pesquisador brasileiro ganha prêmio da RSC


Estratégias de estudos ômicos para aplicação em ecologia química desenvolvidas na USP de Ribeirão Preto são reconhecidas com o Jeremy Knowles Award 2020

A Royal Society of Chemistry, prestigiosa sociedade científica britânica, concedeu o prêmio Jeremy Knowles de 2020 ao químico farmacêutico Norberto Peporine Lopes (FCFRP-USP), ex-presidente da SBQ. É a primeira vez que um químico brasileiro ganha este prêmio, que é um reconhecimento e um estímulo aos cientistas que promovam trabalhos interdisciplinares com aplicações econômicas entre a química e as ciências biológica, e nos últimos anos foi outorgado a químicos de Scripps, Princeton, Berkeley entre outras grandes instituições. Peporine foi agraciado pelo seu "trabalho pioneiro aplicando técnicas analíticas para o desenvolvimento de estratégias de estudos ômicos para aplicação em ecologia química e modelos de ação de produtos naturais biologicamente ativos ou com propriedades farmacológicas."

Norberto Peporine Lopes (FCFRP-USP) com a esposa, Thais Guaratini, e os filhos Cauê e Luca: "Nós temos desenvolvido esses protocolos para análise desde pacientes em casos de doenças até mesmo em modelos ecológicos para entender a complexidade desses sistemas."

Segundo a principal executiva da RSC, Helen Pain, a comunidade química global abrange diferentes especialidades como saúde, mudanças climáticas, desenvolvimento de produtos, transporte sustentável, entre outras. "Ao reconhecer o trabalho do Prof. Peporine, também reconhecemos as importantes contribuições que essa rede de químicos faz para melhorar a qualidade de vida", observa.

O prêmio inclui o valor de 2 mil libras (aproximadamente 13 mil reais), que serão investidos nas pesquisas realizadas por Peporine e seus orientandos no Núcleo de Pesquisa em Produtos Naturais e Sintéticos. "Cada um dos meus orientados é uma pecinha desse lego que foi construído. Nossa pesquisa é uma construção coletiva, e a gratidão que tenho por todos eles é enorme", afirma o pesquisador.

Peporine graduou-se em farmácia industrial pela USP em 1989. Fez mestrado e doutorado pela mesma universidade, orientado pelo professor Massayoshi Yoshida. "O Norberto é um cientista diferenciado", afirma o professor Hans Viertler, que presidiu a SBQ entre 1994 e 96, e coordenava a pós-graduação em química da USP quando Peporine era doutorando. "Eu lembro que ele já tinha todos os créditos, todo o trabalho pronto e escrito, e ainda faltavam sete meses do período de bolsa dele... ele veio me perguntar se eu achava que ele já devia defender. Eu disse: 'Sim, defenda e já faça um pós-doc', e assim foi. Ele subiu rápido na carreira", contou Viertler, que hoje preside o CRQ 4, ao Boletim Eletrônico SBQ.

"Norberto é um grande cientista e um ser humano incrível. Estamos todos muito felizes com este prêmio", declara a professora Vanderlan Bolzani (IQ-Ar UNESP), que presidiu a SBQ entre 2008 e 2010. "Ele inovou a química de produtos naturais no Brasil com a utilização da espectrometria de massas, que é uma ferramenta que ele domina, para compreender a ecologia química dos seres vivos. É um trabalho lindo!", descreve a professora, que foi quem trouxe Peporine para funções administrativas na SBQ em 1999, ao convidá-lo para ser tesoureiro da DPN. "Nesse momento tão dramático da história da humanidade, negacionista, em que a ciência é atacada neste país, você ter brasileiros notáveis premiados, é muito importante. Que seja inspirador, um incentivo a todos os jovens pesquisadores do País", assinala.

Peporine explica que as ciências 'ômicas' permitem analisar milhares de variações genéticas, genes, proteínas e metabólitos ao mesmo tempo, sendo ferramentas poderosas no entendimento do organismo de forma ampla e capazes de visualizar suas alterações no metabolismo e sua composição bioquímica. Quando bem realizados, os experimentos fornecem informações valiosas sobre uma resposta biológica a fatores internos e externos ao organismo. "Nós temos desenvolvido esses protocolos para análise desde pacientes em casos de doenças até mesmo em modelos ecológicos para entender a complexidade desses sistemas", explica o professor.

Um trabalho que ficou famoso graças as técnicas 'ômicas' do grupo de Peporine mostrou que a reprodução das rãs da espécie Boana prasina depende de uma simbiose com uma bactéria que vive em suas glândulas (https://doi.org/10.1073/pnas.1806834116). "Provamos que o ferormônio utilizado para aproximar machos e fêmeas dessa espécie é produzido por uma bactéria. Com estudos de metabolômica, proteôica e trancriptômica, pudemos determinar e demonstrar a simbiose total que sustenta essa reprodução", recorda.

Página do Prêmio Jeremy Knowles 2020:
https://www.rsc.org/awards-funding/awards/2020-winners/professor-norberto-lopes/#undefined


Texto: Mario Henrique Viana (Assessoria de Imprensa da SBQ)








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