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Boletim Eletrônico Nº 1620 - 12/09/2024




DESTAQUE

Brasil avança na descarbonização da economia, mas precisa de mão-de-obra especializada


Uma nova área tem ganhado força no Brasil como destino de financiamento para pesquisas e atração de jovens talentos nas áreas de ciências exatas e da terra. É a descarbonização da economia, termo que significa a almejada transformação da produção em uma atividade de balanço carbono neutro. "O conceito significa que a quantidade de carbono emitido não pode ser maior que a quantidade de carbono capturado. Mas de uma forma ou de outra, não deixaremos de emitir carbono", explica o pesquisador Luiz Costa, coordenador do Centro CIT SENAI de Descarbonização Industrial.

Luiz Costa (Centro CIT SENAI de Descarbonização Industrial): "Quando fazemos projetos de pesquisa aplicada nessas áreas ligadas à descarbonização, estamos ao mesmo tempo formando profissionais para essas novas áreas"

Ele participou do webinário QUI+S: Descarbonização da Indústria no Brasil: Visão e Desafios, com a professora Ana Paula Teixeira, coordenadora do Grupo de Tecnologias Ambientais da UFMG, no âmbito do programa Química Pós 2022 - Sustentabilidade e Soberania, da SBQ.

"A descarbonização da economia é algo novo, que envolve diferentes novas tecnologias. Então quando fazemos projetos de pesquisa aplicada nessas áreas -- usos de hidrogênio, captura de carbono, minerais estratégicos e combustíveis sustentáveis -- estamos ao mesmo tempo formando profissionais para essas novas áreas", explica o pesquisador. São profissionais das várias engenharias, da química, da bioquímica, da física e outras.

As quatro áreas citadas são fruto de algumas das maiores demandas atuais e futuras do setor industrial, mas a descarbonização da economia não se resume a estas áreas. "Estamos sempre abertos a incluir novos temas que sejam de interesse de nossos clientes e parceiros", assinala Costa. Atualmente, o Centro CIT SENAI de Descarbonização Industrial está com três projetos de PDI em execução nessas áreas, no valor aproximado de 15 milhões de reais.

Em termos do arcabouço legislatório para apoiar essa transformação, o Brasil está evoluindo rapidamente, na visão do pesquisador. Ele cita a lei que regulamenta o Sistema Brasileiro do Comércio de Emissões de gases de efeito estufa, e a mais recente Lei 14.948/24, que dispõe sobre a Política Nacional do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono.

"Também estamos evoluindo rapidamente nas possibilidades de fomento para a pesquisa e desenvolvimento de tecnologias para a descarbonização", afirma Costa. "Se falássemos sobre isso quatro anos atrás, eu não teria exemplos para indicar, mas hoje há vários, como o BNDES, a Finep, o Programa Mover, CNPq, Capes a Plataforma Inovação para Indústria SESI e SENAI, a ANP, e a ANEEL."

A professora Ana Paula Teixeira ressalta que a academia tem um papel fundamental nessa transformação da economia. "A descarbonização da economia não pode seguir um só caminho. Temos que unir várias estratégias, e a maioria delas nasce na academia. Promover e viabilizar a produção desses novos materiais no Brasil se relaciona com o próprio desenvolvimento do País", afirma a docente.

Ana Paula Teixeira (UFMG): "Promover e viabilizar a produção desses novos materiais no Brasil se relaciona com o próprio desenvolvimento do País"

Em sua avaliação as empresas estão cada vez mais de olho nas pesquisas desenvolvidas nos laboratórios das universidades e centros de pesquisa. "Temos observado empresas que procuram grupos de pesquisa que possam auxiliar no desenvolvimento de tecnologia. Temos parceria com mineradoras que querem diminuir sua pegada de carbono e com empresas com interesse em desenvolver baterias mais sustentáveis para carros elétricos", relata. "Mas essa conexão ainda é pequena. Academia e indústria têm que pensar em estratégias para aumentar essa colaboração."

A docente defende que a transformação da economia para uma atividade de baixo carbono deve ser financiada por dinheiro público e dinheiro privado. "Essa é a estratégia ideal."

Assista o webinário na íntegra, neste link.


Texto: Mario Henrique Viana (Assessoria de Imprensa da SBQ)



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