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O tensionador de anéis ataca novamente...
Quem estudou química orgânica pelo Clayden ou até mesmo pelo livro do Prof. Mauricio Constantino já ouviu falar na "Regra de Bredt" (https://chemistry-europe.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/jlac.19244370102) que trata sobre a impossibilidade de se fazer uma dupla ligação envolvendo um carbono cabeça de ponte em um sistema bicíclico, como na olefina 1 (Figura 1). Essa regra só é válida, no entanto, para anéis relativamente pequenos. Em anéis maiores, como, por exemplo, no taxol (2), o sistema torna-se mais flexível e consegue acomodar duplas ligações em carbono cabeça de ponte.
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Figura 1.Olefinas anti-Bredt.
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Para se ter noção, essa regra criada em 1924 ficou tão amplamente aceita em nossa comunidade que até o Gold Book da IUPAC reconhece o termo Bredt's rule em seu glossário (https://goldbook.iupac.org/terms/view/B00732).
Mas isso mudou no começo de novembro desse ano! Garg e colaboradores (University of California, Los Angeles) encontraram uma maneira de preparar olefinas anti-Bredt, em uma estratégia que lembra a síntese de benzinos e, então, "trapear" essas olefinas a partir de uma reação de cicloadição como, por exemplo, em uma reação de Diels–Alder (Esquema 1). Esses resultados foram publicados na Science (https://www.science.org/doi/10.1126/science.adq3519).
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Esquema 1. Estratégia geral
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A história de hoje é sobre olefinas anti-Bredt, mas se você ler o título de novo, vai perceber que há uma reincidência aí e, se você nunca viu um aleno envolvendo 3 carbonos de um ciclo-hexano, vale a pena conferir esse outro trabalho do grupo de pesquisas do Prof. Garg também publicado na Science (https://www.science.org/doi/epdf/10.1126/science.ade0032)!
Fonte: Prof. Emilio C. de Lucca Jr. do IQ/UNICAMP e Diretor da Divisão de Química Orgânica da SBQ 2024–2026
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