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Sucesso do SBQ Sul coroa um ano de preparação intensa
O 30º Encontro de Química da Região Sul foi realizado de 20 a 22 de novembro, nas dependências da FURB (Universidade Regional de Blumenau), em Blumenau (SC). Foram 584 inscritos – número superior ao último SBQ Sul –, sendo 46% estudantes de graduação, 33% pós-graduandos e professores de Ensino Médio e Técnico, 15% professores universitários e pesquisadores.
O tema do evento foi "Governança e Sustentabilidade: as contribuições da química com as novas agendas", refletido em quatro sessões plenárias, cinco mesas-redondas, 10 mini-conferências e 50 apresentações orais. Os minicursos oferecidos no evento tiveram a participação de 226 pessoas, e as oficinas e workshops atraíram 230 participantes. A sessão de pôsteres teve 338 inscritos.
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A Comissão Organizadora: Esquerda para a direita: Profs. Martinho Rau, Eduardo G. Cividini Neiva, Arleide Rosa da Silva, Lizandra Maria Zimmermann, Iêda M. Begnini, Paulo Cesar de Jesus, e Ivonete O. Barcellos
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"Os números do 30o SBQ Sul nos dão um alento, pois indicam a volta do público presencial a este evento de caráter generalista depois da pandemia", afirma a professora Lizandra Maria Zimmermann (FURB), presidenta da comissão organizadora do evento. Na entrevista a seguir, ela descreve as etapas do trabalho de organização do Encontro, que começou há mais de um ano.
Por onde se começa a organização de um evento assim?
De fato é uma tarefa bastante longa. Começamos esse trabalho há mais de um ano, quando assumimos a realização do SBQ Sul aqui em Blumenau. E começamos encarando a questão financeira ao escrevermos um projeto para a FAPESC, na chamada Pró-Eventos – a CAPES não está mais auxiliando com eventos de caráter regional – em que conseguimos aprovação de um auxílio de 40 mil reais.
Para escrever esse projeto, é extremamente importante conhecer bem o histórico do evento. A temática do evento deve constar na proposta e precisa ser muito clara. Na proposta salientamos a importância da formação de recursos humanos em relação a esse tema.
É importante que a gente mostre para a agência de fomento que temos espaço para formação de estudantes do ensino médio, da graduação, profissionais da química das empresas e pesquisadores, e que essa interação é realmente benéfica para o crescimento da ciência no país, do estado e da região. É nesse sentido que justificamos a proposta.
Quando mandamos essa proposta, já precisamos ter um esboço dos palestrantes: quantos vão precisar de passagens aéreas, terrestres, hospedagem, alimentação… porque esses são os valores que as agências têm concedido. Outros valores como o coffee break, que é um valor bastante alto, têm que vir de outras fontes. No total, as inscrições representaram 55% do nosso orçamento. A FAPESC contribuiu com 24%, os patrocinadores com 18%, o CRQ-XIII Região de SC com 2% e a SBQ Regional Santa Catarina, com 1%.
Como definiram o tema?
Na verdade, a definição do tema é o primeiro passo. É preciso ter essa inspiração para desenhar uma proposta e a partir daí buscar palestrantes e trabalhar o evento em sintonia com a temática principal.
Nas primeiras reuniões, pensamos que temos sido muito impactados por questões emergentes. Sustentabilidade hoje é um tema tão repetitivo, mas ao mesmo tempo a gente percebe que não consegue trabalhar efetivamente algumas propostas na formação dos químicos, no sentido de rever, repensar as nossas práticas de sustentabilidade em todos os aspectos, modelos de negócio que possam impactar positivamente para uma mudança de hábitos de consumo ou de reutilização de materiais. Então pensamos em trazer a Agenda 2030 e a Agenda ESG (que as empresas têm usado muito) para discutir no evento.
Então foi nesse sentido que surgiu a definição do tema: "Governança e Sustentabilidade: as contribuições da química com as novas agendas". Tivemos mesas-redondas com participações de pessoas e empresas que discutiram fortemente este tema. A palestra de abertura, da Professora Ana Paula Teixeira (UFMG) foi brilhante ao mostrar como ela vem trabalhando essas questões. Outro destaque foi a palestra "A formação dos profissionais de Química, a organização curricular diante das demandas contemporâneas", do professor Flávio Antonio Maximiano (USP).
Quais foram as maiores dificuldades?
São muitas as dificuldades neste processo, começando pela questão financeira. Quando começamos a pensar no evento ainda não tínhamos aprovação da FAPESC, nem patrocínio, mas já era preciso fazer contato com os palestrantes. Então a SBQ-SC fez um aporte do sinal que precisávamos fazer uma reserva de um espaço externo à universidade, onde foi realizada a palestra de abertura. Isso com um ano de antecedência.
Outra dificuldade é que tivemos uma equipe pequena que se envolveu efetivamente. É uma atividade que se junta às outras atividades da vida acadêmica, que não para. Assumir a organização de um evento significa que você fica praticamente um ano com atividades burocráticas de secretaria, de gerenciamento de recursos financeiros e prestação de contas, de contatos, e-mails, que talvez pudessem ser delegadas a outra pessoa. Mas, pelo envolvimento que você precisa ter, de conhecer o evento, isso acaba concentrado em uma ou duas pessoas.
São atividades como procurar fornecedores, construir um site que atenda bem a nossa proposta, atender emails de dúvidas dos inscritos…. Essas questões burocráticas nos sobrecarregam muito previamente ao evento. É claro que queremos fazer isso sempre mantendo uma qualidade científica e de organização que já é tradicional na SBQ.
O objetivo é que o público saia satisfeito, e pela nossa pesquisa de satisfação, tivemos uma resposta bastante positiva de modo geral.
E a divulgação?
Este ano fizemos algo diferente, que foi criar uma página no Instagram que vamos passar adiante para a organização do próximo SBQ Sul. No passado, perfis no Instagram foram criados e deixados de lado depois do evento. Agora será diferente: essa página irá mudando de mãos para quem estiver organizando o SBQ Sul de modo que tenhamos um registro permanente e histórico do nosso evento. É um legado que deixamos.
Também fizemos uma divulgação intensa nos e-mails oficiais dos programas de pós-graduação, e das instituições que têm cursos de química, avisando sobre os prazos de inscrição e envio de trabalhos. Isso foi bastante efetivo e conseguimos chegar ao público no período crítico, que é de inscrições e de submissão dos trabalhos.
Contratamos uma equipe de foto e filmagem que produziu um material riquíssimo, que será nosso registro oficial.
Como você avalia o impacto do evento para a FURB?
Bastante positivo porque estamos efetivamente contribuindo para a formação das pessoas e oferecendo possibilidades de encontros, trocas, experiências…. A FURB é o berço da química em Santa Catarina, e se envolveu muito na organização, nos dando um apoio muito grande. Institucionalmente falando, conseguimos um espaço amplo para a apresentação de pôsteres, contamos com o apoio de cursos como a Educação Física, que cedeu o ginásio, contamos com a equipe de suporte para a parte elétrica, infra-estrutura, e montagem, além de três auditórios, salas de aulas e laboratórios para as oficinas. O evento foi um sucesso, graças a uma equipe muito coesa, mostrando como a FURB é uma instituição forte.
Texto: Mario Henrique Viana (Assessoria de Imprensa da SBQ)
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