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Centenário da Johanna Döbereiner
A pesquisadora brasileira Johanna Döbereiner se considerava uma cidadã brasileira e trabalho em sua pesquisa sobre bactérias fixadoras de nitrogênio até o último dia de sua vida. Foi pioneira no campo das interações planta-micróbio. Internacionalmente, ela foi a cientista brasileira mais citada e o sétimo cientista brasileiro mais citado.
Ela se tornou cidadã brasileira em 1956 e desenvolveu uma carreira dedicada a fixação biológica de nitrogênio. Nunca mudou de lugar e nem de foco o seu trabalho. Tinha tanto carinho por suas bactérias que algumas delas levam seu nome. Não por vontade própria, mas por reconhecimento internacional. Por exemplo, uma delas foi nomeada pelo grupo mexicano, parceiro de suas pesquisas para aplicação de bactérias fixadoras de nitrogênio em cana-de-açúcar, como Gluconacetobacter johannae. Temos também o Azorhizobium doebereinerae, bactéria que nodula uma planta chamada de Sesbania. Homenagem dos brasileiros ao seu trabalho após a sua morte.
Johanna desenvolveu uma carreira científica que durou cerca de 50 anos, começando em uma época em que não era comum as mulheres cientistas terem sucesso. Seu trabalho multiplicou de um grupo pequeno, que compartilhava um corredor de um prédio para um Centro de Pesquisa. Fez amigos, criou uma rede de trabalho internacional. Trouxe cientistas e fez de seu trabalho um exemplo que se materializou no inoculante para soja onde não se aplica nitrogênio. Em 2010 o primeiro produto brasileiro para cereais baseado na espécie de bactéria que ela descreveu, o Azospirillum brasilense. Uma homenagem ao país que ela amava.
Conheci Johanna na minha graduação e ela foi minha orientadora por toda minha vida acadêmica. Com sua morte herdei seu laboratório, seus alunos e um pouco de sua personalidade. Contínuo a fazer a pesquisa com as bactérias selecionadas para uso como inoculante em gramíneas e em 2019 lançamos o primeiro produto para a cana-de-açúcar, contendo o Nitrospirillum viridazoti (antigo N. amazonense). Seu amor pela pesquisa é um exemplo que sigo e tenho muito orgulho de ter convivido com ela todos os dias de meu trabalho.
História
Johanna Dobereiner tornou-se pioneira mundial na pesquisa da fixação de nitrogênio em gramíneas, o que rendeu a ela reconhecimento internacional e numerosos prêmios, ordens de mérito e outras distinções, entre outros: Honorary Doctor of Science (D.Sc.) conferido pela Universidade da Flórida (1975), membro eleito da Pontificia Academia Scientiarum do Vaticano (1978), Prêmio da OEA Bernardo Houssay (1979), UNESCO Science Prize (1989), Grande Oficial na Ordem do Rio Branco (1990), Ordem de Mérito Primeira Classe da República Federal da Alemanha (1990), Prêmio México de Ciencia y Tecnologia (1992) e a Gran Cruz da Ordem Nacional de Mérito Científico (1994).Em 1998, o nome de Johanna foi proposto, pela Academia Brasileira de Ciências, para o Prêmio Nobel.
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Fonte: Dra. Veronica Massena Reis (Embrapa Agrobiologia), foi orientada e trabalhou com a Dra. Johanna na Embrapa.
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