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"A Sociedade precisa abraçar o JBCS"
Prof. Brenno Neto assume a coordenação editorial da publicação da SBQ; diminuição do tempo de resposta é uma das metas
"É preciso que a Sociedade Brasileira de Química abrace o JBCS!" Com este mantra, o químico Brenno Amaro da Silveira Neto (UnB) assumiu a coordenação editorial no Journal of the Brazilian Chemical Society agora no início de janeiro. Ele recebe o bastão do professor Paulo Cézar Vieira (FCFRP-USP), que exerceu esta função nos últimos seis anos. Seus planos passam por algumas modernizações no processo de submissão e no portal, a diminuição do tempo de resposta, e disciplinar o uso de ferramentas de inteligência artificial.
Abraçar o JBCS significa sobretudo publicar no periódico da SBQ. O Prof. Brenno dá o exemplo. Em sua trajetória para entrar na prestigiada lista de Stanford, dos 2% de cientistas mais influentes em suas áreas, a segunda revista que ele mais publicou, atrás somente do Journal of Organic Chemistry (JOC), é o JBCS. "Sempre fiz questão de prestigiar o JBCS. Ele é um caminho que devemos tomar conscientes do valor que ele tem. Sempre mandei bons trabalhos ao JBCS, trabalhos que são bastante citados. Não era opção B, C ou D… era minha primeira opção", observa.
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Prof. Brenno Amaro da Silveira Neto: "Nossa preocupação é o impacto científico, o respeito e o prestígio da publicação. O fator de impacto é consequência de um bom trabalho"
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As mudanças já começaram a ser implementadas. A primeira novidade é a criação da categoria de publicação "Perspective", em que reconhecidos especialistas em uma determinada área são convidados para exporem um ponto de vista sobre um assunto específico. Outra atualização recentemente implementada é a atualização da terminologia para a publicações de comentários sobre textos publicados no JBCS, que agora passam a ser chamados "Comments" e permitem uma resposta do autor. O template de submissão também foi revisado para tornar-se mais simples e eficiente para o pesquisador, e algumas exigências foram suprimidas, por exemplo a informação sobre a cidade onde o reagente foi fabricado.
Há dez anos o professor Brenno é também editor do "RSC Advances: an international journal to further the chemical sciences" e do "Chemical Society Reviews", ambos publicados pela Royal Society of Chemistry. São publicações que seguem boas práticas e servem como exemplo para o JBCS. "Lá, eles nos oferecem dois treinamentos por ano e tenho adquirido bastante experiência inclusive em temas ligados à ética nas publicações. A ideia é implementar esse tipo de prática editorial", conta o docente.
Uma preocupação do editor é diminuir o tempo de resposta inicial ao pesquisador. A meta inicial é baixar de 30 dias, processo que deve demorar um ano. Atualmente o fluxo prevê que o artigo que chega ao escritório passa por uma checagem técnica para ver se está de acordo com o template. Depois vai para o coordenador, que faz uma primeira análise e encaminha o texto para o editor responsável da área. Ele decide se cuidará pessoalmente do manuscrito ou se encaminha para os revisores – cada texto submetido é lido por no mínimo dois revisores. "Selecionar revisores não é uma tarefa fácil. Nos últimos anos houve um grande aumento no número de publicações, mas o número de revisores continua parecido. É um trabalho voluntário e essencial para a ciência. A chave para mantermos agilidade na publicação é não sobrecarregar revisores", explica o Prof. Brenno.
Parte dessa concorrência pelo trabalho dos revisores vem de publicações predatórias. O JBCS tem atualmente fator de impacto 1.4. Para comparação, o JOC, publicado pela American Chemical Society, tem fator 3.4. Existem outras revistas de orgânica com fator maior que 5. "Mas nenhum químico orgânico no mundo escolheria publicar nessas em detrimento do JOC. O fator de impacto tornou-se algo fácil de manipular. Então nossa preocupação não é o fator de impacto em si, mas sim o impacto científico, o respeito e o prestígio da publicação. O fator de impacto é consequência de um bom trabalho", argumenta o editor.
Disciplinar o uso de inteligência artificial é outra preocupação do novo editor. "A I.A. é uma ferramenta importante para a pesquisa e é muito bem-vinda. Porém ela não pode ser usada como redatora final, nem para substituir a criatividade humana."
Ele destaca o comprometimento do time editorial do JBCS e o apoio que vem recebendo da PubliSBQ e da Diretoria e Conselho. "Temos um time editorial muito bom, e funcionárias do escritório muito comprometidas com as mudanças. Elas têm uma grande demanda de trabalho. Quem sabe, com o tempo conseguiremos aumentar a equipe."
Hoje o custeio do JBCS é viabilizado principalmente pelas taxas de publicação, bastante competitivas se comparadas com revistas no exterior. No JBCS, a taxa para associados da SBQ é menor que 250 dólares. Para não associados, menos que 500 dólares. Para publicar no exterior, as taxas variam de 1.500 a 8 mil dólares.
Veja os artigos mais citados no JBCS nos últimos cinco anos: https://jbcs.sbq.org.br/conteudo.asp?page=27
Texto: Mario Henrique Viana (Assessoria de Imprensa da SBQ)
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