Topo Boletim Eletrônico da SBQ
   Notícias | Eventos | Oportunidades | Receba o Boletim | Faça a sua divulgação | Twitter | Home | SBQ

Boletim Eletrônico Nº 1642 - 20/03/2025




DESTAQUE

Os segredos que o esgoto conta


Na pesquisa da química Barbara Kasprzyk-Hordern, da Universidade de Bath (Inglaterra), o esgoto deixa de ser um poço de água suja para se tornar uma espécie de oráculo, que revela o que determinada população consome e como está a saúde humana e do ambiente naquela região. É a chamada "Epidemiologia Baseada em Esgoto" ou "Wastewater-based epidemiology", metodologia que vem ganhando importância para antecipar problemas e guiar políticas públicas.

Barbara aceitou o convite da SBQ, e fará a conferência "Wastewater Profiling of Chemicals: A New Frontier in Environmental Monitoring and Public Health Surveillance" na 48a Reunião Anual da SBQ.

"Na epidemiologia baseada em esgoto ela faz inferências sobre a saúde da população com base nas substâncias presentes no esgoto – contaminantes orgânicos, inorgânicos, organismos patogênicos, genes de resistência. Isso funciona muito bem quando sabemos de onde vem o esgoto estudado porque conseguimos associar padrões de consumo daquela população com o que está chegando no esgoto", explica a professora Cassiana Carolina Montagner (Unicamp), que mantém colaboração com a pesquisadora britânica.

A preocupação de Barbara Kaspryzk-Hordern não é o microorganismo que está na água e poderá causar diarreia. Ela olha para contaminantes mais crônicos, geracionais, como a presença de uma pequena quantidade de um medicamento psicoativo em uma fonte de abastecimento de água que, se consumido regularmente por décadas, pode causar problemas a toda uma população.

Na palestra, serão apresentadas ferramentas inovadoras para avaliação de risco à saúde humana e ambiental de ingredientes farmacêuticos, e workflows para estimar a prevalência de doenças comunitárias a partir de dados obtidos via análise de esgotos. Com um enfoque multidisciplinar, a palestra destaca a epidemiologia baseada em esgoto como uma ferramenta essencial para detectar tendências emergentes, informar políticas públicas e promover a proteção ambiental e a saúde populacional.

A professora Barbara Kaspryzk-Hordern concedeu a seguinte entrevista ao Boletim Eletrônico SBQ:

Barbara Kasprzyk-Hordern (Universidade de Bath): "A Epidemiologia baseada em esgoto fornece uma impressão digital da saúde de uma determinada comunidade, pode ser monitorada praticamente em tempo real, e permite a adoção de políticas públicas mais eficientes"

How is wastewater based epidemiology changing the way we monitor the environment in major cities?
WBE provides a ‘fingerprint’ of community health that can be monitored in near real-time, theoretically at any place and time globally. WBE is relatively fast, comprehensive and unbiased in comparison to other approaches (e.g. clinical surveillance, community-wide participatory surveys), and most importantly, it captures all communities. It is now applied globally to track infectious disease spread as well as illicit drugs usage. We’re developing tools to expand WBE to capture hazardous chemical exposure, as well as lifestyle-drive noncommunicable disease.

How can this tool be used for promoting better public health?
WBE captures all communities in near-real time, hence it can provide a comprehensive overview of public health, including exposure status (e.g. to food or air contaminants) and resulting health outcomes (e.g. inflammation or oxidative stress). We’re building the first living laboratory for WBE studies in South-West England. We’re working closely with local and national stakeholders with an aim to support public and environmental health interventions (societal, policy or technological).

When you look at the wastewater in any given big city, what are the markers you look at, and why?
It really depends on a research question. In our Living Lab in England we work closely with Wessex Water (our local water utility). We analyse 2 samples per week per city and we’re looking for >200 markers at any time. This allows for building city baselines. There are both pathogen (RNA and DNA)  and chemical markers (hazardous chemical, endogenously formed chemicals of health outcomes, as well as pharmaceuticals), which we use as proxies for various diseases. We triangulate our data with socioeconomic and demographic indices to provide a holistic evaluation of public health status, as well as public health risks and risk factors.

What do you expect of this visit to Brazil? Any chance of a partnership for some local research?
We have existing collaboration with excellent Cassiana Montagner and I’m hoping to forge new collaborations. Pollution knows no boundaries; hence it is very important that we work together on this global issue. I’m looking forward to my visit!

Saiba mais: https://kasprzyk-hordern.co.uk/


Texto: Mario Henrique Viana (Assessoria de Imprensa da SBQ)



Contador de visitas

     

SBQ: Av. Prof. Lineu Prestes, 748 - Bloco 3 superior, sala 371 - CEP 05508-000 - Cidade Universitária - São Paulo, Brasil | Fone: +55 (11) 3032-2299