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Boletim Eletrônico Nº 1647 - 24/04/2025




DESTAQUE

Fernando Antonio Coelho leva a negritude para a Coordenação Geral da Unicamp


Antigo colaborador da SBQ, ele foi o segundo docente negro do Instituto de Química. Posse será na próxima segunda-feira

O professor Fernando Antonio Coelho, sócio da SBQ desde 1989, foi eleito Coordenador Geral da Unicamp, na chapa que elegeu reitor o professor Paulo Cesar Montagner, da Educação Física. Coelho é professor titular desde 2011, foi Pró-Reitor de Extensão, Esportes e Cultura nos últimos quatro anos, e já havia atuado também como chefe do Departamento de Química Orgânica. A eleição já foi ratificada pelo governador Tarcísio de Freitas, e a cerimônia de posse será na próxima segunda-feira.

Coelho é graduado em farmácia industrial pela UFRJ (1979) e fez seu mestrado no NPPN na mesma universidade sob a orientação do saudoso professor Eliezer de Jesus Barreiro, que presidiu a SBQ de 2000 a 2002, e do professor Paulo Ribeiro Costa. Seu doutorado, Coelho fez na Université Joseph Fourier de Grenoble. Na SBQ, foi diretor da Divisão de Química Orgânica por mais de uma oportunidade.

Coelho: "Barreiras racistas estão sempre presentes. São extremamente escondidas, e muito mais comuns do que se pensa. A coisa nunca é muito escancarada, mas está nos olhares de reprovação quando você entra num determinado ambiente"

Antes de entrar por concurso na Unicamp, Coelho trabalhou na indústria química Salgema, onde chefiou a divisão de Síntese.

"Fui o segundo professor negro da Química da Unicamp. Quando cheguei, em 1995, o único docente preto no Instituto era o professor Oswaldo Luiz Alves (presidente da SBQ de 1998 a 2000). Até 15 anos atrás eu contava nos dedos da mão os alunos e professor negros", recorda o Professor Coelho. Hoje, a Unicamp tem 132 docentes negros autodeclarados.

"Barreiras racistas estão sempre presentes. São extremamente escondidas, e muito mais comuns do que se pensa. A coisa nunca é muito escancarada, mas está nos olhares de reprovação quando você entra num determinado ambiente - eu era muitas vezes o único negro nos lugares e percebia esses olhares de reprovação. Nunca tive nenhum confronto direto, mas essa situação velada muitas vezes é pior, porque é mais difícil denunciar", observa o docente.

A função de Coordenador Geral da Unicamp assemelha-se à vice-reitoria, e o Professor Coelho será responsável pelo dia-a-dia da universidade, e pela interface com áreas de RH, compras, controladoria, administração e gestão, além de auxiliar o reitor em questões estratégicas e políticas.

"Nos próximos quatro anos, vamos investir pesadamente em ensino e extensão para que alcancemos um crescimento mais homogêneo dos nossos três pilares. Tradicionalmente temos uma força maior na pesquisa, e queremos dar o mesmo protagonismo a pesquisa e extensão", afirma o novo Coordenador Geral da Unicamp. "Também vamos direcionar mais recursos para a internacionalização e para a qualificação continuada de nossos docentes e servidores técnicos-administrativos. Hoje somos a segunda melhor universidade do Brasil e da América Latina, mas nossos processos administrativos ainda não estão nesse nível."

O Professor Coelho conta que sempre gostou dos vários aspectos da vida universitária, tanto a pesquisa quanto as atividades de gestão. Pouco tempo depois de ter começado a lecionar e pesquisar na Unicamp, ele passou a exercer também outras funções. Ao longo dos anos, foi coordenador da Comissão de Segurança do IQ, presidente do Grupo de Trabalho de Resíduos Perigosos, Chefe do Departamento de Química Orgânica, assessor do pró-reitor de Extensão e Cultura e Pró-Reitor de Extensão, Esportes e Cultura.

"São atividades às quais me dediquei com muito gosto. Na questão do tratamento de resíduos químicos e biológicos, por exemplo, fizemos algo inovador, que deu origem a artigos acadêmicos, livros e eventos, e o modelo acabou sendo copiado por outras universidades", recorda o Professor. Quando ele assumiu a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura – a dimensão esportiva entrou durante sua gestão – o orçamento para a área era de 600 mil reais por ano. Hoje são 10 milhões de reais.

Nos 30 anos em que está na Unicamp, o Professor Coelho testemunhou outras mudanças importantes, além do aumento do número de docentes negros: a inclusão de pessoas trans, de indígenas e de pessoas com deficiência. "Hoje a Unicamp é muito mais diversa do que foi no passado. Nos últimos anos, criamos e fortalecemos nossa política de permanência estudantil. Hoje investimos em torno de 130 milhões de reais por ano em bolsas, auxílio alimentação e subsídio para transporte. Assim, temos uma das menores taxas de evasão entre as universidades públicas do Brasil", conta o Professor Coelho.


Texto: Mario Henrique Viana (Assessoria de Imprensa da SBQ)



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