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UFMG recebe estudantes de 40 países na Olimpíada Mendeleev
Evento de origem russa foi realizado pela primeira vez fora da Eurásia; competição deve impulsionar colaboração entre IES e países
Esta semana terminou na UFMG a 59a Olimpíada Internacional de Química Mendeleev, uma realização da Lomonosov Moscow State University em conjunto com a UFMG e financiada pela Fundação Melnichenko da Rússia. O evento reuniu, de 5 a 13 de maio, 192 alunos do ensino médio e 70 tutores de 40 países, além de 50 membros do júri da competição.
No total foram distribuídas 20 medalhas de ouro, 38 de prata, e 56 de bronze. O Brasil ficou com oito medalhas de bronze.
É a primeira vez que o evento é realizado fora da Eurásia. A Olimpíada Mendeleev historicamente era um evento da União Soviética. Com o colapso do regime e a dissolução do país, tornou-se um evento internacional, porém circunscrito às repúblicas que faziam parte da URSS. Nos últimos anos a Olimpíada foi expandida. Ano passado foi realizada na China com a presença de 29 países. Agora, o Brasil foi escolhido como sede por ser o atual país presidente do Brics e o número de países participantes foi recorde.
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À partir da esquerda: Profa. Sandra Regina Goulart Almeida, Reitora da UFMG; Profa. Rossimiriam de Freitas, Presidenta da Sociedade Brasileira de Química; Profa. Arilza de Oliveira Porto, Chefe DQ-UFMG, Prof. Jarbas Magalhães Resende, Subchefe DQ-UFMG e Prof. João Paulo Ataíde Martins, Membro do Programa Nacional de Olimpíadas de Química (PNOQ) |
Reuniões entre o Comitê Olímpico Russo e o Brasileiro aconteceram no segundo semestre do ano passado. "A escolha da UFMG para sediar o evento aconteceu em fevereiro de 2025, e tivemos então 60 dias para preparar esse evento em conjunto com a equipe organizadora da Moscow State University que fez sua primeira visita à UFMG no dia 10 de março deste ano", conta a professora Arilza de Oliveira Porto, chefe do Departamento de Química da UFMG, e integrante do comitê organizador local.
O Departamento de Química da UFMG dispõe de um prédio de quatro andares com 29 laboratórios dedicados ao ensino de química. A organização envolveu as equipes do Departamento de Química e das Diretorias de Relações Internacionais (DRI), Cooperação Institucional (COPI), Centro de Comunicação (CEDECOM) e o Gabinete da Reitora. Monitores de diversas unidades acadêmicas da UFMG se candidataram para a recepção das delegações e passeios. No Departamento de Química 220 monitores entre alunos de graduação, pós, docentes e servidores técnico-administrativos trabalharam na preparação das provas práticas e também nas outras equipes de recepção, passeios e cerimônias de abertura e encerramento.
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À partir da esquerda: Jean Catapreta, Presidente da Associação Brasileira de Química (ABQ); Rossimiriam Freitas, Presidenta da Sociedade Brasileira de Química; José de Ribamar Filho, Presidente do Conselho Federal de Química (CFQ), e Professora Arilza de Oliveira Porto, Chefe do DQ -UFMG, juntos na abertura do evento, que reuniu dezenas de autoridades |
Ao Departamento de Química coube, entre outras tarefas, a preparação das provas práticas, com a organização dos laboratórios para os estudantes, disponibilizando todas as vidrarias e equipamentos nas bancadas, além do preparo das soluções utilizadas nos experimentos. Para organizar as vidrarias formou-se um grupo com alunos de graduação e professores. Já os pós-graduandos ficaram responsáveis pelo preparo das soluções, em grupo de trabalho coordenado pelas professoras Letícia Malta Costa e Alessandra Schneider Henn. Para a prova foram preparadas em torno de 15 soluções, sendo algumas em grande volume, como as soluções de ácido sulfúrico, sulfato de cério e hidróxido de sódio - em torno de 20 litros para cada uma delas. E deu tudo certo.
A professora Letícia – tesoureira da Divisão de Química Analítica da SBQ – ressalta os benefícios para os alunos de participarem dessa atividade: "Preparar as soluções para os experimentos é uma atividade que contribui para o aprendizado dos alunos e para o processo como um todo, ampliando o sentido de pertencimento. Estar envolvido num evento dessa magnitude, com estudantes de 40 países, é uma responsabilidade enorme. Se alguma solução não for preparada de forma correta, prejudica a realização da prova."
A prova em si é concebida pela organização do evento em Moscou. Docentes do PNOQ que estiveram presentes à Olimpíada Mendeleev como membros do júri consideraram que a prova teve um grau de dificuldade mais alto do que a da tradicional Olimpíada Internacional de Química – da qual estudantes brasileiros têm participado todos os anos. Membro do Departamento de Química UFMG, o Prof. João Paulo Ataíde Martins, coordena a Olimpíada Mineira de Química e é membro do PNOQ sendo responsável por coordenar as seletivas dos alunos para as Olimpíadas Internacionais de Química.
Sediar um evento dessa grandeza traz benefícios para o DQ-UFMG que vão além da participação da comunidade na recepção das equipes, preparação dos laboratórios e realização das provas em si. A professora Alessandra Schneider Henn, integrante do Comitê Jovens Pesquisadores-SBQ trabalhou na organização das palestras convidadas pela Chefia do Departamento: uma Aula Magna em radioquímica com o presidente do Comitê Organizador da Olimpíada, Prof. Stepan N. Kalmykov, Vice-Presidente da Academia Russa de Ciências e chefe do Departamento de Radioquímica da Faculdade de Química da Lomonosov Moscow State University e a Palestra do Sr. Andrey Putyatin, Conselheiro do Diretor da Faculdade de Química e do Vice Presidente da Academia Russa de Ciências, sobre as oportunidades de intercâmbio com a Lomonosov MSU.
"Na esteira dessa Olimpíada vem a realização de vários acordos de cooperação, não só entre as universidades, mas também entre os países diretamente", resume a Professora Arilza.
A presidenta da SBQ, Professora Rossimiriam P. Freitas, destaca o desafio superado pelo DQ e pela própria UFMG para conseguir realizar a Olimpíada com tão pouco tempo de preparação. "O evento foi um sucesso absoluto, graças a um time incrível de professores e voluntários, brasileiros e russos, que trabalharam de forma descomunal nas últimas semanas", declara.
Ela ressalta a parceria entre SBQ, ABQ e CFQ, que estiveram juntos na cerimônia de abertura. "Receber delegações de 40 países e ver o entusiasmo dos estudantes com o evento em si, com o Brasil e com a hospitalidade mineira é uma imagem muito difícil de ser esquecida", afirma.
A SBQ também sai fortalecida depois deste evento. "Tive a oportunidade de conversar sobre a SBQ com diversas autoridades das instituições russas, incluindo a Professora Yulia Gorbunova, vice-presidente da Russian Academy of Sciences, e estreitamos laços importantes", conta a professora Rossimiriam.
A Chefia do Departamento de Química da UFMG agradece a todos os professores envolvidos que trabalharam para a realização deste importante evento:João Paulo Ataíde Martins (PNOQ e OMQ), Hallen Daniel Rezende Calado, Letícia Regina de Souza Teixeira, Amanda Silva de Miranda, Gilson de Freitas Silva (Olimpíada Mineira de Química), Luiz Cláudio de Almeida Barbosa, Jacqueline Aparecida Takahashi (Pró-Reitora Adjunta de Pesquisa), Letícia Malta Costa, Alessandra Schneider Henn.
Saiba mais: https://mendeleevolympiad.org/pt59
Texto: Mario Henrique Viana (Assessoria de Imprensa da SBQ)
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