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A arte de organizar o vazio: por que os MOFs mereceram o Nobel
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Como pesquisador em materiais porosos, recebo com entusiasmo a notícia de que o Prêmio Nobel em Química de 2025 foi concedido aos Professores Susumu Kitagawa (Kyoto University), Richard Robson (University of Melbourne) e Omar Yaghi (University of California, Berkeley) pela criação e desenvolvimento dos Metal-Organic Frameworks (MOFs).
Há décadas, a química de coordenação tem buscado arquiteturas capazes de dar forma ao vazio. Os Metal-Organic Frameworks concretizam essa ideia, transformando a porosidade em uma ferramenta de engenharia, em que estrutura e função emergem de um desenho programável. O prêmio não só reconhece a enorme contribuição desses pesquisadores para a ciência moderna como também marca uma virada conceitual e tecnológica que beneficiará a sociedade em áreas como a química, física, engenharia, meio ambiente, saúde e segurança pública.
É importante mencionar que nos dias 24 a 26 de setembro deste ano, na UFMG, foi realizado o Primeiro Encontro Brasileiro de MOFs, marco que consolidou uma comunidade científica nacional dedicada a essa fronteira da química moderna. O próximo encontro, previsto para 2027 na UFPE, em Recife, simboliza não apenas a continuidade, mas também o amadurecimento dessa área no país.
Assim, o avanço dos MOFs no cenário nacional representa mais do que uma tendência científica: é uma oportunidade de soberania tecnológica, que aproxima o Brasil dos grandes centros de pesquisa internacionais e reforça o papel da ciência brasileira na busca por soluções sustentáveis e inteligentes para os desafios do século XXI.
Confira mais em: https://www.nobelprize.org/prizes/chemistry/2025/press-release/
Fonte: Severino Alves Junior (UFPE)
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