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Você Pergunta, a SBQ responde: confira a resposta da SBQ para mais uma pergunta
Já recebemos algumas perguntas para a nova coluna e nessa edição iremos responder a pergunta: Minha pergunta é quanto a interdisciplinaridade dos bacharelados de Química e Engenharia Química. É possível uma conexão destes cursos com a Engenharia Mecânica? Há pesquisas e trabalhos que interconectam aquilo que é desenvolvido nos três bacharéis? Veja a resposta do Profº Hélio Anderson Duarte da UFMG e membro do conselho consultivo da SBQ:
A Química é uma ciência central: juntamente com a Matemática, a Física e a Biologia, compõe os pilares do conhecimento que dão origem às ciências aplicadas, como as Engenharias, a Farmácia, a Medicina e outras áreas tecnológicas. Por essa razão, as formações em Engenharia Química, Química e Engenharia Mecânica compartilham uma base sólida em Química, Física e Matemática.
A Engenharia Química dedica-se ao desenvolvimento e à otimização de processos químicos e industriais — desde o projeto de reatores até a produção de materiais, combustíveis, polímeros e fertilizantes. Já a Engenharia Mecânica concentra-se no projeto, fabricação e operação de sistemas e equipamentos, incluindo a seleção e o desenvolvimento de materiais que garantam desempenho e durabilidade em condições específicas de trabalho. A Química, por sua vez, volta-se à síntese de novos compostos, materiais e fármacos, bem como ao controle de qualidade, às análises químicas e ao acompanhamento de reações, purificação, separação e tratamento de resíduos.
Essas áreas se interconectam naturalmente: o engenheiro mecânico aplica princípios da mecânica, bem como fundamentos da química e da ciência dos materiais, para projetar sistemas capazes de suportar reações químicas e condições extremas de processo; o engenheiro químico, por sua vez, utiliza conceitos de termodinâmica, transferência de calor e mecânica dos fluidos para dimensionar e operar esses sistemas de forma eficiente. Já o químico emprega seu conhecimento científico para desenvolver novas rotas sintéticas, realizar análises químicas e criar novos materiais e produtos. Um estudante de qualquer um desses cursos pode, portanto, construir uma trajetória acadêmica interdisciplinar, aproximando-se das demais áreas.
Na pesquisa científica e tecnológica, a interdisciplinaridade é essencial. Projetos complexos costumam reunir químicos, engenheiros químicos e engenheiros mecânicos em redes de colaboração financiadas por agências federais, estaduais ou pela iniciativa privada. Um exemplo é o programa Rota 2030, do Governo Federal, que promove o desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação no setor automotivo, integrando especialistas dessas três áreas para resolver desafios de eficiência, sustentabilidade e novos materiais.
Em síntese, a Química busca compreender as leis fundamentais da matéria e desenvolver novos compostos; as Engenharias Química e Mecânica transformam esse conhecimento em soluções práticas, tecnológicas e sustentáveis. Em conjunto, essas três áreas formam um ecossistema interdisciplinar que impulsiona a inovação industrial e o avanço tecnológico do país.
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